07

373 41 5
                                    



Julia Gambatto Kudiess

O som do despertador me tirou do sono, e quando tentei me levantar, percebi que algo me segurava pela cintura. Olhei para o lado e lá estava a Agatha, ainda dormindo profundamente.— Aghi... Agatha! — sussurrei, tentando acordá-la. Ela resmungou baixinho, os olhos ainda fechados. — Hum...— Vamos descer para jantar.— Tá...Ela abriu os olhos devagar, com uma expressão de puro cansaço. Parecia que não tinha dormido nada. Coitada. Descemos juntas para o refeitório, onde já estavam quase todas as meninas. O ambiente estava animado, com sorrisos direcionados à Kisy, como se ela tivesse acabado de contar algo hilário. Só a Carolana, a Carol e a Rosa não estavam por lá.Kisy se levantou com um sorriso travesso. — É sério, gente, elas estavam agarradinhas dormindo!Agatha, visivelmente irritada, lançou um olhar de morte. — Que palhaçada é essa, Kisy? Já não me deixa dormir e ainda fica me expondo?Kisy riu. — Julia, controla sua mulher aí.Antes que eu pudesse responder, Agatha cortou: — Ela não é minha mulher!— Tá, tá, já entendi, chata.Agatha bufou e ameaçou avançar. — Eu vou te esganar, sua trator!Segurei seu braço para acalmá-la. — Não vai não. Vamos comer. Temos que sair para o aeroporto daqui a pouco. — Falei baixo, apenas para ela ouvir.Ela fez um biquinho. — Só um pouquinho?— Não, Agatha.— Pra que tanto ódio? — Gabi comentou, observando a cena com diversão.Agatha cruzou os braços. — Esse projeto de trator humano que não deixa ninguém dormir, é isso.— Me respeita, ridícula.Ela foi se sentar perto da irmã, mantendo distância de Kisy, enquanto eu me acomodei entre a Rosa e Kisy. Notei que Agatha comia em silêncio, lançando olhares de desgosto para a "causadora" da situação.Tainara, curiosa como sempre, aproveitou a deixa. — Aghi, você não dormiu desde aquela hora?— Não me deixaram. E, quando finalmente consegui dormir, a Ju me acordou.— E você não morreu por isso? — Tainara riu. — Da minha vez, você quase me jogou sacada abaixo.— É que a Julia não me acordou batendo duas panelas, Gabriela.Rimos juntas, aliviando a tensão. Quando terminamos de comer, subimos para o quarto.— Leva roupas de sair e suas maquiagens. Se precisar, usa alguma coisa minha para dormir — sugeriu Agatha, enquanto organizava a própria mala.— Certo. — Peguei uma pequena mala e coloquei o essencial.— Vamos? — perguntei, pronta para sair.— Vamos. Já pedi o Uber.Cerca de uma hora depois, chegamos ao aeroporto. Passamos rapidamente pelo check-in, deixamos as malas na esteira e fomos direto para o portão de embarque. O voo decolou e, uma hora e meia depois, pousamos em Uberlândia.— Vamos para o estacionamento pegar meu carro.Ela abriu a porta do carro para que eu entrasse, colocou a mala no banco de trás e assumiu o volante.— Daqui até minha casa são uns 30 minutos. Se quiser, pode colocar alguma música.Conectei meu celular e coloquei algo aleatório, preenchendo o silêncio. Quando chegamos, ela estacionou em um condomínio, abriu a porta para mim e pegou minha mala.— Vamos? — perguntou com um sorriso.— Vamos.Subimos no elevador e, ao abrir a porta do apartamento, ela anunciou com uma voz divertida: — Mi casa es su casa.— Obrigada.Ela me guiou até o quarto. — Você vai dormir aqui. Ali é o banheiro. Toma. — Me entregou um short do Bob Esponja.— Ok, obrigada.Tomei banho e, quando saí, encontrei Agatha usando um short do Patrick. Foi impossível não rir.— Tá com fome? — perguntou.— Um pouco.— Vou pedir pizza. A de frango com catupiry dessa pizzaria é a melhor.Pouco tempo depois, a pizza chegou. Comemos assistindo Bob Esponja, como se o desenho fosse a escolha mais natural do mundo. Quando terminamos, ela levou as coisas para a cozinha e voltou para o quarto.— Você vai dormir aqui no quarto, e eu fico na sala — disse.— Nem pensar. Você vai dormir aqui comigo.Ela hesitou. — Tem certeza? Não quero te deixar desconfortável.— Pode ficar tranquila, Aghi.Ela sorriu e se deitou ao meu lado. — Boa noite, Ju.— Boa noite, Aghi.

Amor entre quadrasOnde histórias criam vida. Descubra agora