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O dia seguinte ao velório foi pesado. O clima ainda estava denso, e todos estavam tentando entender como as coisas iam se desenrolar com a partida repentina de André. A Agatha estava com a cabeça cheia, mas havia uma decisão que precisava ser tomada: quem ficaria com os filhos dele? Alice, com seus quatro anos, e o pequeno Eduardo, recém-nascido.A dona Terezinha, com seu jeito acolhedor, logo começou a sugerir que as crianças deveriam ficar com alguém da família, mas quem? Com tantas coisas acontecendo, Agatha sabia que não podia deixar essa responsabilidade nas mãos de outra pessoa. Ela sempre foi muito próxima de André, e o vínculo com os filhos dele era forte. Além disso, ela era madrinha do Eduardo, e, mesmo com a dor no peito, sabia que era seu dever cuidar deles.— Eu fico com eles — disse Agatha, com firmeza na voz, apesar de seu coração apertado.Carol, que estava ao lado dela, colocou a mão no ombro da irmã, tentando oferecer apoio, mesmo que a tristeza ainda fosse grande demais para as palavras.— Você tem certeza? — Carol perguntou com um tom suave, tentando entender se Agatha realmente queria assumir essa responsabilidade nesse momento tão doloroso.— Sim, eu sou a madrinha do Eduardo e a tia da Alice... É o que ele teria querido. E eu... Eu vou dar o melhor para os dois. Não posso deixá-los sozinhos.A dor de Agatha era visível, mas ela sabia que, agora mais do que nunca, precisava ser forte para as crianças. Ela nunca imaginou que assumiria esse papel tão cedo, mas não tinha dúvida de que daria a elas o mesmo carinho e amor que sempre teve para oferecer. Alice, com sua energia e inocência, precisaria de uma figura forte e protetora ao seu lado, enquanto o pequeno Eduardo, que mal conheceu seu pai, precisaria de toda a atenção e cuidado de Agatha.Durante o dia, a Agatha foi se adaptando ao novo papel de cuidadora, passando o tempo com as crianças e tentando manter tudo o mais normal possível. Alice, curiosa e um pouco confusa, fez várias perguntas sobre o que aconteceria com ela e com o irmão. Agatha a abraçou, tentando ser firme, mas também compreensiva com as incertezas da menina.— Tia Aghi, onde vai ser o meu quarto? E o do Dudu? — Alice perguntou, com uma inocência que tocou profundamente o coração de Agatha.— Vai ser tudo como antes, Alice — respondeu Agatha, sorrindo suavemente. — Você e o Dudu vão ficar comigo. Vamos fazer um novo lar, juntas.A dor não se dissipava, mas havia algo de reconfortante em poder oferecer um pouco de estabilidade para as crianças. À medida que a noite caía, Agatha preparou o jantar, com Alice ajudando a pôr a mesa, como sempre fez. Era estranho como a vida parecia continuar apesar de tudo, mas ela sabia que, agora, seu foco seria cuidar daquelas duas vidas que dependiam dela.Enquanto isso, Julia, que esteve ao lado de Agatha o dia todo, sabia o quanto a situação estava sendo difícil. Ela tinha acompanhado de perto o luto da Agatha, e embora sua dor também fosse grande, estava ali para dar o apoio que Agatha tanto precisava. A presença de Julia na casa parecia ser um alicerce, tanto para Agatha quanto para as crianças. A ligação delas ficava cada vez mais forte, e Julia estava decidida a estar ao lado de Agatha em cada passo desse novo começo.A casa estava diferente, mais silenciosa do que nunca, mas o que não faltava era amor e a certeza de que, juntos, eles enfrentariam o que viesse.

Amor entre quadrasOnde histórias criam vida. Descubra agora