A Final e a Força de AgathaEra o dia da final. O ginásio estava lotado, a energia pulsando por cada canto, e o time estava pronto para dar tudo de si. Mas, para Agatha, o que deveria ser o momento de maior concentração e foco se transformava em um desafio emocional e pessoal.O celular de Agatha vibrou no bolso, e eu sabia imediatamente que algo não estava certo. Ela olhou para a tela, sua expressão se fechando imediatamente. Um silêncio pesado tomou conta do vestiário, e todos nós sentíamos que alguma coisa havia acontecido.— O André... — Agatha sussurrou, a voz falhando, enquanto a notícia se espalhava como uma bomba silenciosa. Seu irmão, o André, o mais velho, aquele que sempre foi o pilar em sua vida, havia falecido. Um golpe tão inesperado quanto devastador.Eu a vi congelar, os olhos se enchendo de lágrimas, a respiração acelerando. Ela tentou disfarçar, mas o abalo era visível. Ela olhou para Carol, que a observou com o olhar de quem compreendia sem precisar de palavras. Eu podia ver a luta interna de Agatha, a dor tomando conta de seu corpo, enquanto todos ao redor tentavam compreender o que fazer, o que dizer.— Não... eu não posso jogar — Agatha disse, sua voz quase inaudível, tomada pela dor e pelo lamento. Ela estava quebrada, a notícia a consumia de uma forma que eu não conseguia descrever. Eu sabia que a perda de André era mais do que um golpe para ela. Ele era mais que um irmão, ele era o guardião, o amigo, o apoio constante.Carol olhou para Agatha com um olhar perdido. Ela estava visivelmente abalada, mas não só pela dor de ver sua irmã sofrer. Carol, com a perda do irmão mais velho, também estava em pedaços. Eu podia ver o conflito em seus olhos — ela queria ser forte por Agatha, queria dar a ela a força necessária para enfrentar a partida, mas, ao mesmo tempo, a dor de perder um irmão tão amado a deixava fragilizada.— Eu não posso... — Carol murmurou, com a voz quebrando. Ela lutava contra as lágrimas, mas elas eram inevitáveis. A perda de André, o luto que a consumia, parecia se entrelaçar com o sofrimento de Agatha, tornando tudo mais doloroso. — Não posso ver você assim, Aghi... Eu... eu entendo o que você está passando, mas... meu Deus, você tem que jogar! Eu... eu preciso que você jogue! Eu preciso que você se lembre de quem você é... de quem nós somos!As palavras de Carol saíram em um turbilhão de emoções, como se ela estivesse tentando se convencer de que a partida ainda fazia sentido. Ela olhou para Agatha, esperando que ela sentisse o mesmo. As lágrimas que antes estavam contidas, agora fluíam livremente, e Carol a abraçou com força, como se ela estivesse tentando transferir toda a sua energia, toda a sua força, para a irmã.Agatha a olhou, e, por um momento, parecia que ela ia ceder. Mas então, ela se endireitou, respirou fundo, e, com uma força que ninguém imaginaria que ela ainda tivesse, olhou para Carol e disse:— Eu vou jogar. Não posso deixar isso acabar assim, não agora... por ele, por nós.Eu olhei para Carol, que, apesar do sofrimento, sorriu com um misto de orgulho e dor. Ela segurava firme a mão de Agatha, como se fosse a última coisa que pudesse fazer para ajudar a irmã a seguir em frente.Quando entramos em quadra, o ginásio inteiro parecia ter se tornado um palco de emoções intensas. A torcida estava frenética, gritando pelo time, mas eu sabia que, para Agatha, havia um duelo muito maior acontecendo dentro dela. Cada bola que ela levantava parecia mais pesada do que o normal, como se cada ação fosse uma forma de lidar com a dor, de tentar preencher o vazio que André havia deixado.Eu podia ver a luta em seus olhos. Ela estava jogando com o coração, mas, ao mesmo tempo, estava jogando para preencher um vazio que nunca seria totalmente preenchido. Cada ponto conquistado era uma homenagem silenciosa, uma reverência à memória de seu irmão.E nós estávamos com ela. O time, os familiares, a torcida. Não importa o quanto a dor tentasse consumi-la, nós não a deixaríamos sozinha. Eu me concentrei no jogo, mas nunca deixei de observar Agatha. Ela não estava apenas jogando vôlei, ela estava colocando toda sua alma, sua força e sua dor em cada jogada.O jogo foi intenso, as adversárias estavam afiadas, mas havia algo de diferente no time. A cada ponto conquistado, parecia que Agatha estava mais perto de vencer não apenas a partida, mas a dor que a ameaçava engolir.Quando o último ponto foi marcado e a vitória foi nossa, o ginásio explodiu em comemoração. Mas, para Agatha, aquela vitória não era só sobre o troféu. Era sobre seguir em frente, sobre encontrar uma forma de, mesmo na dor, continuar. O time todo a abraçou, e, no meio da comemoração, Agatha se afastou por um momento, os olhos cheios de lágrimas.Eu fui até ela, colocando a mão em seu ombro. Ela sorriu, mas era um sorriso triste, de quem acabara de vencer uma batalha interna que ninguém mais poderia compreender.— Eu fiz isso por ele — Agatha sussurrou, como se estivesse se convencendo disso, como se aquele fosse o seu jeito de lidar com a perda.— E ele estaria orgulhoso — eu disse, minha voz suave. — Ele sempre vai estar com você.Carol se aproximou, com os olhos ainda marejados, e abraçou as duas. Ela não falou nada. Ela simplesmente estava ali, sentindo a dor da irmã e de si mesma, mas também sentindo a vitória, o peso do momento. Agatha havia jogado por André, mas, naquele momento, Carol também sentia que a vitória era de todos eles — uma vitória carregada de lágrimas, de memórias, e de um amor imortal.O time se reuniu em um abraço coletivo, e, naquele momento, nada mais parecia importar. Agatha havia jogado pelo André, e nós, como suas irmãs e companheiras, havíamos jogado por ela. A dor ainda estava ali, mas também estava a força, a coragem, e o amor. Não havia mais palavras, apenas o apoio incondicional que só uma verdadeira equipe poderia oferecer.A vitória foi nossa, mas a maior vitória de Agatha foi continuar, mesmo quando tudo parecia perdido. Ela havia mostrado ao mundo que a força de uma mulher não é medida apenas pelas vitórias, mas pela coragem de seguir em frente, mesmo quando o coração está partido.
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Amor entre quadras
FanficJogadora do Praia Clube, vive em meio a dramas familiares e desafios no vôlei enquanto descobre o amor, luta para proteger sua privacidade e equilibra sua vida pessoal e profissional. Agatha, uma oposta talentosa e irmã de Carolana, encara as respo...