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Eu estava parado na porta, ele me encarava com aqueles olhos, não tinha como não reconhecer aquele olhar gélido e afiado. Mas algo estava diferente, tinha um pequeno fio de preocupação no olhar dele, era estranho de se ver, eu não estava acostumado com isso.

Eram os mesmos olhos que já me fizeram duvidar várias vezes como conseguia roubar a minha atenção mesmo consciente. Eu não podia estar enganado...

Mas como minha mãe era médica, eu sabia ler o olhar dele, era de preocupado e de perdido. O vi indo para o meu quarto e se sentar na minha cama, voltando a me encarar, era óbvio. 

"Ele pode ter perdido a memória temporariamente por causa de algum evento traumático ou algo dano direto a cabeça...". Era as únicas coisas que estava rondando minha mente naquele momento. 

Percebi ele se transformar em cobra novamente, ficando embaixo da minha coberta, apoiei minha mão na minha cama e ouvi ele sibilar forte, pronto pra dar o bote, me fazendo recuar na hora no susto, fazendo cair sentado no chão.

- Tá bom... eu vou sair... - Falo me afastando, ficando com as costas encostada no meu armário. Eu fui expulso da minha própria cama.

Depois de ter limpado a bagunça que ele tinha feito no meu chão e tomado um banho, fiquei sentado no meu sofá segurando a almofada contra meu peito, olhando pro vazio pensando.

Aquilo estava virando uma bagunça na minha cabeça, as pessoas podiam se transformar em cobras ou as cobras podiam se transformar em pessoas? Será que ele estava agressivo pois não consegue se lembrar?

Eu devia me apresentar pra ele se sentir mais seguro, assim ele confiaria mais em mim. Comecei a acertar o sofá pra dormir, tateando meus bolsos da calça moletom e percebendo que meu celular não estava ali. 

Foi naquela hora que eu lembrei que tinha deixado o aparelho cair no chão do quarto quando me assustei, maldito bolso raso da calça social. "Meu despertador vai tocar de manhã, eu acho que ele não vai gostar muito disso...", penso me deitando no sofá e olhando o teto, contando carneirinhos até dormir.

Bom, era o que eu queria que tivesse acontecido.

Em plena 2 da manhã, eu abri a porta do meu quarto, olhando pra dentro furtivamente, vendo ele me encarando.

- Você ainda não dormiu?- Eu recebi um olhar tão assustador que estremeci dos pés até meu último fio de cabelo. - Ah, você... você deveria dormir. 

Do mesmo jeito que abri a porta, eu fechei ela suspirando pesado, voltando pra sala, me sentando no sofá novamente. Quando deu 5 da manhã, eu fiz o mesmo movimento. 

- Ei- ... -Eu recebi um sibilar forte em resposta ao meu chamado.-  Mas- 

Fui cortado novamente com um sibilar e quem ficou puto foi eu, batendo a porta ao fechar e encostando a testa na mesma, me segurando pra não dar um soco nela. "Que merda! Por que ele não dormiu?!".

Voltei pro sofá, fechando os olhos e me obrigando a dormir. Juro, não demorou uma hora e eu  me sentei esfregando a testa, mesmo que eu tenha acordado a tempo, eu não sei quantas horas dormi e quantas eu não dormi.

- Um tempo depois/ Na empresa -  

Sentia meu corpo cansado, meus olhos estavam pesados, eu estava um pouco curvado na mesa enquanto olhava aquele computador cheio de tabelas e aviso grudados no mesmo em papéis post-it coloridos.

- Secretário Jiang, o senhor está bem? Você parece cansado..- Era a estagiária MianMian, ela me entregou um café e eu agradeci com a cabeça, bebendo um pouco.

- Só não dormi direito senhorita MianMian.- Olho ela e a vejo esfregando as mãos nervosa.- Obrigado pelo café. 

Dei um sorrisinho tranquilo pra ela e a vi corar, assentindo e saindo dali. Enquanto bebericava o café, lembrei que eu não tinha deixado comida pro gerente, será que ele iria querer comer aquela sopa de novo?

Só de pensar me dá ânsia de vômito.

Comecei a pesquisar feito um idiota na internet o que as cobras comiam, e então cheguei a conclusão, é melhor dar sopa mesmo.

Quando saí do meu trabalho por volta de duas da tarde, passei na lojinha de conveniência mais perto e pedi uma sopa parecida com a que o crush do Wuxian fazia.

Cheguei em casa e logo fui colocar a sopa em uma tigela, indo pro quarto e vendo o gerente encarando o nada, olhei pra mesma direção que ele e vi não tinha nada de interessante na parede.

- É... eu trouxe sopa pra você, eu sei que te deixei sem comer, mas estava tão cansado que esqueci, me perdoe.- Falo colocando a mesinha de cama por cima das pernas do outro, colocando a tigela e uma colher ali.

Ele parecia desorientado, talvez seja porque ele não dormiu hoje a noite e ficou "vigiando o meu quarto". Do jeito que encarou a sopa que estava em cima da mesinha, parecia não confiar muito em minhas palavras, o único jeito de mostrar que não estava envenenado nem nada era tomando a própria sopa.

Peguei aquela tigela nas mãos e virei um gole na boca, aquele líquido quente desceu rasgando a minha garganta, como se estivesse em chamas, me conti em não fazer careta, porque além de quente, estava insossa.

- Não está envenenada, pode confiar em mim. - Falo colocando a tigela na mesinha novamente vendo o outro me olhar e pegar a tigela do mesmo jeito que peguei e virar na boca. - Espera! Pare! Ainda está quente, use a colher. 

Eu coloquei o talher na mão dele e o mesmo encarou a colher curioso, ele me olhou e depois olhou a sopa e o objeto em mãos. "isso não é uma simples perda de memória!" Concluo entrando em desespero disfarçadamente.

- V-Você entende o que eu tô dizendo né?- Dele só vinha o silêncio, como se os lábios estivessem colados um no outro.- Ou então... você não quer falar? Ou você quer mas não consegue dizer nada?

Eu realmente estava preocupado, assim eu nunca vou saber o que houve com ele para ajudá-lo!

- Se você entende, balance a cabeça.- Falo balançando a cabeça conforme devia ser feito e o vi acompanhar o gesto, me fazendo ter uma pontinha de esperança. - Espera espera, antes de você comer, quero que faça uma coisa por mim.

Abro uma sacola de papel que tinha trago junto com a sopa com a letra da loja gravadas ali, do qual não tive o prazer reler, pegando o conteúdo do interior e esticando a ele.

- Coloque as roupas, por favor.









"no próximo capítulo..."

- Cheng... - Meu nome... ele falou meu nome.









Desculpem a demora. Bjo na bunda de todos e até o próximo cap!

G-Gerente!? - XiChengOnde histórias criam vida. Descubra agora