3º capítulo

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Março 2023

Acertei os últimos papéis com o senhor Luciano e fui para casa contar a novidade para minha mãe

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Acertei os últimos papéis com o senhor Luciano e fui para casa contar a novidade para minha mãe.
Eu estava tão feliz! Por que estou tão feliz assim? Claro que ver esse babaca na merda vai ser maravilhoso, mas é motivo para tanta felicidade?
— Então, o que ele queria? — minha mãe perguntou assim que entrei em casa.
— Você não vai acreditar!
— Fala logo, garota!
— Vou ter que cuidar do Davi Correa.
— Como assim? Ele contratou segurança?
— Ele sempre teve vários, mas não dá nossa empresa. Talvez soubesse que eu e o Luiz trabalhamos lá, não sei.
— Não estou entendendo então.
— Vou explicar com o que posso dizer.
— Ihh isso está me cheirando a confusão!
— Pra mim está cheirando a diversão e aumento de salário!
— Aumento de salário?
— Ele me ofereceu o triplo do salário.
— Uau! O que esse cara fez?
Soltei uma risada. Fazia tempo que não ria com tanta vontade.
— Não posso dizer, mas é coisa feia e eu preciso cuidar dele.
— Tipo ser babá dele? — Riu animada.
— Talvez…
— Estou com um mau pressentimento.
— Deixa de besteira! Eu vou ver ele se ferrar e nós vamos ter mais dinheiro. Tem coisa melhor?
— Você me sai com cada uma! Toma cuidado, esse cara não é flor que se cheire.
— E eu não sei?
— Se ele era ruim quando criança, pense no diabo que deve ser agora adulto!?
Não duvido que seja bem pior agora, mas ele não tem mais o poder que achava que tinha antes. Muito menos o papai dele para protegê-lo. A raiva que me dava quando ele chamava o papai para resolver seus problemas vive em mim até hoje. Só de lembrar, fico indignada.
Como será que ele resolve as coisas agora sem o papai?
Confesso que estou ansiosa para ver isso!

***

No dia seguinte, segui até o senhor Luciano, que me chamou para conversar sobre a mudança.
E ao chegar, encontrei o Luiz. Ele também estudou comigo e passou maus bocados na mão do Davi na época, por também ser bolsista.
— Sério que aceitou ficar perto daquele cara?
— Por que não?
— Não vai me dizer que esqueceu como ele é?
— Claro que não esqueci. Apenas acho uma ótima oportunidade de promoção.
Ele me encarou com uma sobrancelha levantada.
— Jura? Não vai me dizer que caiu na dele também?
Caí na gargalhada com essa pergunta.
— Que pergunta mais besta, Luiz! Você não sabe que eu e minha mãe estamos precisando de dinheiro?
— Eu sei, mas será que vale a pena?
— Ah vale — falei com um grande sorriso só de imaginar aquele otário tendo que limpar o chão ou trocar frauda de criança. Ainda não sei o que ele tem que fazer, mas já me dá uma grande satisfação mesmo assim.
— Não gosto desse sorriso…
— Relaxa, Luiz! O que pode dar errado?
— Tudo! Tudo pode dar errado. Esse cara não vale nada, Laura.
— Eu sei me cuidar.
— Espero que saiba mesmo…
Ignorei o que ele disse e segui até a sala do senhor Luciano. Estava feliz demais para ouvir o Luiz agora. Bati na porta e ele pediu para entrar.
— Bom dia!
— Bom dia, Laura. Estou vendo que está de ótimo humor.
— Acordei feliz hoje.
— Que bom. Vamos à parte chata então?
— Vamos.
Ele então me explicou como era o orfanato, quantas crianças viviam lá e como era a rotina. Fiquei com tanta dó! E minha mãe reclamando da vida. Essas crianças estão praticamente jogas fora naquele lugar! E ainda querem que o Davi vá resolver os problemas. Isso parece castigo!
Pobres crianças!
— Tem certeza que isso é seguro?
— Ele não vai fazer nada com as crianças. Já sabe para onde vai e o que tem que fazer.
— Ah, sabe?
— Sim. Só não sabe quem vai cuidar para que faça mesmo
— Não contou por quê?
— Ele vai vir aqui e vamos conversar.
— Vamos?
— Sim. Preciso falar com ele sobre você e o que pode acontecer caso ele tente alguma gracinha.
— Ele pelo menos perde a chance de ser pai se fizer qualquer gracinha comigo.
O senhor Luciano riu muito alto quando falei isso. Mas é verdade, se o Davi tentar qualquer coisa eu juro que amasso as bolas dele.
A risada dele foi cortada quando bateram na porta, pedindo permissão para entrar. O senhor Luciano falou para entrar e foi nesse momento que coloquei meus olhos nele.
Tudo bem… apesar de babaca, ele sempre foi muito bonito, mesmo na pior fase do ser humano, que é a puberdade, o desgraçado conseguia ser lindo.
Mas agora estava completamente diferente. Se a puberdade às vezes faz milagre, nesse filho da mãe ela fez foi endeusar.
Que desgraçado!
Entrou parecendo a verdadeira majestade suprema. Olhando o senhor Luciano de cima, não por ser mais alto e sim daquela forma que tanto me irrita. Como se fosse melhor do que todo mundo. Nojo disso!
Então olhou ao redor com olhar de desdém e finalmente os malditos olhos azuis pararam em mim.
Franziu a testa e eu queria ler os pensamentos dele nesse momento.
— Essa é a Laura, ela que ficará encarregada do seu caso.
E ele ficou quieto me encarando, o que achei estranho. Mas não demorou muito a abrir a boca e falar merda.
— Por que ela?
— A conhece?
— Perguntei primeiro.
Ele tem cinco anos? Revirei os olhos, sem me controlar.
— Porque é assim que vai ser.
— Não quero ela.
— Por que? Prefere alguém que você compre? — perguntei e percebi a tensão na mandíbula.
Ah… isso vai ser muito bom!
— Desculpe, senhor Davi, mas isso não está em discussão. Não é o senhor quem escolhe quem ficará encarregado.
— Inferno! — reclamou.
— Não se preocupe, seu trabalho ficará impecável! Vou cuidar para que fique.
Ele me encarou. Pude ver a raiva brilhando nos olhos. Eu não podia me sentir mais satisfeita do que nesse momento tão glorioso.
O momento da minha vingança.
— Eu não preciso de uma babá! — falou alto.
— Mas precisa que verifiquem se o trabalho está sendo feito. Fora que o senhor não está livre. Só está pagando sua pena de forma mais branda.
O senhor Luciano era a calma em pessoa. Falou de forma lenta e bem baixo, o que quase me fez rir, porque o Davi queria brigar e desse jeito não tinha como.
— E para que o tempo não fique ainda maior, aconselho a tratar melhor a Laura. E principalmente as crianças.
Ele me olhou depois dessa fala do Luciano e eu sorri com deboche.
Esse dia ainda pode melhorar?

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