4º capítulo

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Março 2023

Inferno! Por que fui aceitar essa merda? Agora estou fodido e meu pai numa boa! Quer dizer, ele está morto, mas está melhor do que eu! Ele inventou de fazer um "caixa dois"

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Inferno! Por que fui aceitar essa merda? Agora estou fodido e meu pai numa boa! Quer dizer, ele está morto, mas está melhor do que eu!
Ele inventou de fazer um "caixa dois". Na verdade, ele já tinha há anos isso, mas resolveu me incluir nessa e agora, bem na minha vez, essa merda foi descoberta e para não ficar preso, tenho que fazer trabalho comunitário. Porra!
Enquanto ele está lá deitadinho no caixão em sono profundo, eu estou aqui, sem poder comprar nem uma cerveja para encher a cara e esquecer essa merda toda, já que bloquearam tudo o que eu tenho para averiguação. Nunca passei por uma situação dessa! Sempre pude comprar o que eu quisesse a hora que quisesse.
É humilhante!
E como sempre pode piorar, o babaca que está vendo esse caso veio falar comigo que vou precisar de uma pessoa colada comigo para averiguação do trabalho.
Não fode, né?
Foi o que perguntei a ele e a resposta veio em forma de pergunta:
— Prefere ir para a cadeia então? Posso providenciar. Vai ser mais fácil pra mim.
O encarei com raiva e não respondi. Óbvio que não quero ficar preso! Mas não quero ninguém colado em mim.
— Então? Posso providenciar a sua cela?
— Não.
— Então vai aceitar a vigilância?
— Sim — respondi por entre os dentes.
— Vamos logo então. Não tenho o dia todo.
Entrei no maldito carro dele e fui levado para uma agência de seguranças. Não entendi nada, mas também não perguntei. Não quero ir para a cadeia.
Apenas segui ele até a sala do superior do lugar.
E não fui com a cara dele, mas não quero ficar preso, então vou ter que me controlar.
Vai ser difícil demais tudo isso.
Ao entrar, observei o lugar, uma sala pequena e cheia de fotos de família. Todos sorridentes e felizes.
Porque parece que todo mundo que eu conheço tem uma família feliz e normal? Parece que é para esfregar na minha cara!
Desviei os olhos das malditas fotos e então vi que tinha outra pessoa ali dentro. E apesar de estar muito diferente, aquele olhar de desafio era inesquecível…
Mas pelo amor de Deus! Tanta gente para cuidar do meu caso! Só pode ser sacanagem!
Ela deve ter feito de propósito! Escolheu a dedo para ver minha desgraça. Mas isso não vai ficar assim!
Fiquei mais furioso ainda quando percebi o deboche. Ela vai acabar comigo, estou vendo isso.
Eu posso até não fazer nada ilegal com ela, mas não vou deixar também que ria de mim. De jeito nenhum!
— Bom, estamos combinados então. Amanhã pela manhã, vocês seguirão viagem.
— E as minhas coisas? — perguntei tentando conter a raiva.
— Você não pode mexer em absolutamente nada nos seus bens. Mas não precisa se preocupar, não vai faltar o necessário.
Olhei para a Laura quando percebi que riu. Ia perguntar qual era a graça, mas o homem falou primeiro.
— E lembre-se: comporte-se e tudo passará mais rápido.
Porra! Já que não posso gritar aos quatro ventos um bom palavrão, vocês que leiam a minha fúria!
Mauro, o babaca que está a frente do meu caso, me levou para uma pousada. Porque nem na merda da minha casa eu posso entrar mais.
Se tem como piorar meu dia, já devo estar condenado ao inferno mesmo.
— Não sei pra que pensei que não podia piorar! — reclamei ao ver a Alice atravessar a rua e vir em minha direção.
— O que decidiram?
— Não te interessa!
— Para de ser babaca, Davi! Estou preocupada com você.
— Não te pedi nada.
— Vai pro inferno então, canalha!
Virou as costas e se afastou com bastante pressa.
Finalmente! Não aguentava mais ela colada em mim. Infelizmente ela não pode fazer esses malditos trabalhos comunitários no meu lugar, então não serve para nada.
Só me serviu uma vez, mas se eu soubesse que ia grudar no meu pé nos dias que se seguiram, não tinha levado ela para aquele maldito quarto!
Que foi? Eu sei que é minha prima, mas é de terceiro ou quarto grau. Quase nem é parente mais!
Até porque pessoas da família eu nunca tive mesmo.
— Mais alguém vai te visitar? — Mauro perguntou. Obviamente o tom era de deboche e eu odeio que debochem de mim.
— Está vendo mais alguém? — revidei.
— Entra na porra do carro então!
Trinquei os dentes e entrei. Só não dei um belo soco na cara dele porque não quero ir para a cadeia! Se não fosse isso, não sossegaria até arrancar um dos dentes dele…
Fiquei naquele carro fedorento por alguns minutos. Até que finalmente estacionou e falou para eu sair. Observei o hotel por um grande momento em silêncio.
Era uma espelunca! Se bobear o carro desse otário está mais cheiroso do que lá dentro!
— Que merda é essa?
— Olha, você vai ter que maneirar no seu jeito de falar.
— Vocês podem controlar o que quiserem, menos meu jeito de ser!
— Vai ter que maneirar nos palavrões! Em breve estará perto de crianças.
— Diz o homem que xingou a pouco — debochei.
— Você tem quantos anos? Sete? Estou começando a achar que vai se dar muito bem com aquelas crianças. Tem a mesma mentalidade. Se bem que já vi crianças com mais maturidade que você.
Foi por um fio que não acertei a cara dele depois do que disse. E o fio foi uma garota que se aproximou da gente e perguntou se íamos nos hospedar.
— Ele vai, querida. É o Davi Correa. Por favor providencie um aposento a ele.
— Ah… — O olhar dela mudou na mesma hora. Estava praticamente se atirando em cima de mim, mas claro que mudou de ideia ao ouvir meu nome.
Que ótimo! Antes eu conseguia qualquer uma por usar meu nome e agora é sinônimo de filho da puta.
— Já separamos. Me sigam, por favor.
Fomos atrás dela. Olhava o local me sentindo mais irritado do que nunca. Eles estão fazendo de propósito! Escolhem as piores coisas só para me irritar! Esse lugar é horrível! Sujo, fedorento, as paredes estão com manchas pretas, a mesa da recepção está quebrada…
Onde fui amarrar meu cavalo?!
Passamos por um corredor curto que tinha um tapete muito cafona e sujo também. Essas pessoas não sabem o que significa higiene?
— Isso é sacanagem, né?! — falei assim que ela entrou na espelunca que chamou de quarto.
— Prefere a cela da cadeia?
O sangue pareceu borbulhar quando esse desgraçado fez essa maldita pergunta!
— Talvez seja mais confortável pra você — continuou debochando.
— Temos outro que…
— Não. Esse está ótimo! — cortou o que a garota ia dizer e eu trinquei os dentes com muita força.
— Certo. Se precisar de algo é só usar o telefone.
— Obrigado.
A garota saiu do quarto. Pareceu até correr, devia estar louca para sair de perto da gente. Ou de mim, pois no momento, sou uma bomba prestes a explodir.
— Já decidiu? Se fica aqui ou na cela?
— Você não teste a minha paciência! — falei por entre os dentes.
Ele se aproximou e me encarou bem de perto.
— Eu quero muito que você perca ela. Vai ser meu melhor momento.
E foi assim que eu entendi que ele estava fazendo aquilo de propósito. Queria mesmo me ver surtado. Mas por que? Por que caralhos ele quer me ver na merda? Não conheço esse cara!
— Qual o seu problema?
— Meu problema? — Riu de uma forma que me deixou muito desconfiado. — Não sou bem eu que tenho problemas aqui. Não roubei ninguém e muito menos acabei com a vida de alguém…
— Acabou com a vida?
— Bom, é isso! Amanhã viajaremos para o orfanato.
E saiu do quarto, fechando a porta e me deixando totalmente desnorteado e sem entender do que falou. Eu não acabei com a vida de ninguém! Quem será que ele acha que eu acabei com a vida? Era só o que me faltava! Já não basta aquela lá que eu sei que vai querer se vingar, agora mais esse!
Tem como ficar pior?

DEGUSTAÇÃO - Cuidando de um CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora