Sempre me perguntei quanto vale um abraço. Essa dúvida é como aquelas bobas que aparecem durante uma madrugada solitária. Desde então que havia surgido essa dúvida, não paro de procurar a resposta. Será que um abraço vale mais que um beijo? Seria o aperto de mão mais barato que um abraço?
Pode até parecer uma coisa tola da minha parte, mas pra ser sincero, nunca imaginei que encontraria a resposta. Até que... eu conheci ele. Desde o início ele pareceu uma pessoa gentil e sem defeitos. Ele era maravilhoso, seus abraços eram capazes de curar qualquer angústia. E por por isso... Ele sabia exatamente o valor de um abraço. E óbvio, eu queria essa resposta. Eu queria saber, queria sentir o valor de um verdadeiro abraço.
Então, a partir do primeiro contato, eu consegui separar os valores de cada toque, conforme ele me ensinava sobre beijos, apertos de mão e qualquer outro cumprimento. Mas o abraço... Ele ainda não tinha me mostrado o valor do abraço.
Me arrisquei e perguntei.
— Quanto você acha que vale um abraço? — Eu me virei para ele e um silêncio assustador tomou a cena.
— Um abraço? Eu acho que... Você ainda não está preparado para saber isso.— Desviamos o olhar no mesmo momento.
— Sério...? Mas eu me sinto tão pronto. Eu estou esperando há anos por isso, não acha justo me contar?
Então ele foi embora. Sem satisfações, sem desculpas e principalmente... Sem respostas.
Mas tudo bem! Eu sabia, no fundo, que ele iria me dizer. Claro, não tinha outra opção, certo? Eu sou merecedor de ter a resposta pela qual eu sempre busquei.Mas as coisas saíram de controle. Meses se passavam e menos ele alimentava minha esperança de ter uma resposta. Ele ficou distante, quieto. Seus olhos estavam se tornando vazios e seus abraços se tornavam vagos. Eu nunca imaginei que o veria indo para o fundo do poço. E eu nem sabia o porquê daquilo! Será que eu havia feito alguma coisa? Eu me questionava todos os dias. Tentava me agarrar no pensamento de ser somente uma fase, uma das recaídas que a vida nos dá. Mas isso tudo era só disfarce, eu sabia disso. Só não conseguia conviver com o pensamento de que eu estava perdendo ele aos pouquinhos.
Ele não podia ser tão triste no fundo, não é? Não era certo. Não fazia sentido.
Entretanto, não dava pra mudar. Ele estava caindo bem na minha frente e eu não sabia como salva-lo. Então o pensamento de que talvez o motivo da queda fosse eu voltava a tona.— Você não me abraçou hoje. — Falei com um pouco de decepção.
— Eu não queria te deixar desconfortável.
— Seus abraços nunca me deixaram desconfortável.
— Acho que já está na hora de você saber... O verdadeiro valor de um abraço. - Então ao ouvir aquilo, meus olhos brilharam. — Mas isso terá um preço. Fique o resto do dia em casa, sem interagir com ninguém.
Eu não questionei. Claro, achei um tanto estranho, mas se esse era o preço que eu teria de pagar pra saber o valor de um abraço, eu o faria sem pensar duas vezes.
Dito e feito, fiquei o período da tarde e da noite numa quarentena. Senti falta de todos, principalmente de receber carinho. Mas não reclamei. No dia seguinte, eu liguei para ele, afim de que nos encontrassemos e eu finalmente tivesse a minha tão esperada resposta.
Só que ele não atendia.
Fui até a casa dele, estava tudo tão diferente. Foi então que quando eu abri a porta, eu desvendei o mistério. Ele finalmente foi embora, depois de meses de escuridão.
E agora, saber que eu nunca mais poderei sentir seu abraço, me faz perceber o verdadeiro valor dele. E é gigante. Eu daria de tudo apenas para senti-lo novamente.
Hoje, a única coisa que eu posso fazer é desejar que você esteja num lugar muito melhor, recebendo os mais valiosos abraços.
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Quando As Ondas Tocarem O Céu
FanfictionQuando as ondas tocarem o céu, a água salgada encontrará o que um dia se tornará uma neblina que acompanha as estrelas. É quando o céu chora, pelo dia em que esqueceu a essência da espuma das ondas. A neblina leve se mistura com os respingos salgado...