Quando As Ondas Tocarem O Céu

800 JP¥

Comecei a bufar enquanto afrouxava consideravelmente a minha gravata, meu estômago roncava pela ausência do meu almoço. Porém eu ignorei os chamados do meu corpo por comida.

Eu havia pedido comida por aplicativo, de um restaurante que já era acostumado a pedir quase todo dia.

Cansado, eu sento relaxadamente no escritório, tentando aproveitar ao máximo o horário para descansar. Mesmo que no mesmo lugar de sempre.

Meu nome é Sasuke Uchiha, e nesse momento eu me encontro jogado no sofá, tentando distrair minha mente enquanto mexo no meu celular.

Eu sou chefe de uma das maiores empresas do Japão, porém contra minha vontade.

Mesmo que eu tenha dinheiro e todas essas coisas que muitos poderiam querer ter, nada disso me faz feliz. 

Quando completei vinte anos herdei a matriz da empresa de meu pai, que ignorou meu desejo de tentar medicina ou fazer uma faculdade. Enquanto isso, meu irmão Itachi mesmo sendo mais velho herdou apenas a filial, o que significa que toda a maior responsabilidade veio para mim.

E desde então se passaram cinco anos desde que eu vivo uma rotina vazia e tediosa. Percebo que estou cercado de amizades falsas, já que perdi a conta de quantas vezes me passaram a perna por causa do meu irmão.

"Desculpa, o Itachi é melhor"

Além disso nem meu próprio irmão gosta de mim, já que quando herdei a matriz da empresa, ele ficou com raiva de mim, pois eu "roubei seu lugar". Então eu penso que pior do que está não fica.

Vivendo minha vida a espera de um milagre e tentando encontrar meu êxtase, de alguma forma.

Após uns minutos de reflexão eu me vejo sendo interrompido pelo tocar do interfone do escritório. Quando atendo escuto a voz da recepcionista:

"Senhor Uchiha, entrega de restaurante para você"

"Mande subir"

Respondi a recepcionista e desliguei, indo pegar minha carteira.

Poucos segundos depois escutei um bater na porta e fui atender

"Quanto ficou?"

"800 ienes"

Peguei as notas e percebi na voz doce e calma de um rapaz, e uma sensação de familiaridade me invadiu. Quando subi meus olhos para o entregador notei seus cabelos curtos e dourados, que destacavam seus olhos cor de oceano.

Ao observar seu rosto eu não pude crer no que via, as marcas na bochechas...

"Naruto...?"

Chamei seu nome e ele logo me olhou parecendo surpreso também.

Esse loiro é Naruto Uzumaki, meu amigo de infância e do qual eu sempre fui apaixonado.

Nossa história de amizade começou desde quando éramos pequenos. Vivíamos grudados um no outro o tempo todo, mesmo que ainda bem novos.

Eu ainda me lembro de que, mesmo criança, eu me sentia apaixonado por ele. E a medida que fomos crescendo minha paixão só aumentava cada vez mais

Quando tínhamos sete anos, eu lembro que eu até mesmo fingia estar cansado para brincar com os outros, e o convencia a ficar sozinho comigo a tarde toda. Nós ficávamos no meu quarto jogando vídeo-game, eu sempre escolhia algum complicado para poder ensinar a ele.

Na nossa pré-adolescência, quando ele paquerava alguma garota eu me irritava, indo mais cedo para casa. Mas no dia seguinte sempre acabava ficando de bem com ele.

Naquela época, eu nunca tive facilidade para me socializar, então eu sempre vivia como uma sombra atrás dele o tempo todo.

Porém, quando tínhamos dezoito anos, aconteceu um incêndio em sua casa, e só ele sobreviveu.

Depois daquele dia minha vida começou a desmoronar por completo, já que ele teve que mudar de cidade para morar com outro parente. 

Todos os dias ainda são claros para mim, e infelizmente ainda me lembro da dor de saber que eu nunca mais poderia vê-lo.

Dois anos depois, eu herdei a empresa do meu pai e naquela altura, nunca mais ouvi falar do Naruto. Nós tentávamos manter contato, mas no início ele teve de arranjar empregos para começar a se sustentar, e aos poucos nos afastamos.

Mas isso nunca havia impedido o meu amor e carinho por ele, pelo contrário. Todos os dias eram uma tortura, já que eu nunca havia dito para o loiro como me sentia. 

E assim se iniciou minha vida monótoma e tediosa: Com a ida do Naruto para distante de mim. Eu sempre fui tão apegado a ele que nem me ousava a tentar me lembrar hoje em dia sobre o mesmo, já que era uma história que quis trancar a sete chaves.

Isso porque eu sempre soube que eu ainda o amava de verdade, e se me lembrasse meu arrependimento apenas aumentaria e eu não poderia fazer nada.

Porém, pela primeira vez parece que a vida decidiu sorrir par mim e ter um pouco de piedade depois de tantos anos.

Ele estava bem ali, na minha frente. E quem poderia dizer que agora ele não morava por ali?

Eu finalmente havia o visto de novo, e com isso meu coração acelerou tão deliberadamente que tudo o que eu fiz foi sorrir apaixonadamente, olhando para seu rosto. 

O rosto que ilumina minha vida

"Sasuke? Quanto tempo..."

Ele me disse sorrindo e aquilo fez meu coração aquecer e bater novamente.

Sorri me sentindo mais aliviado do que nunca, e sem pensar duas vezes eu o abracei, sentindo todas as tristezas e mágoas que eu tinha indo embora e naquele momento eu pude afirmar o quanto eu o amava. E que ele era o verdadeiro anjo na minha vida. 

"É bom te ter de novo,  Usuratonkachi"