Um amigo

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Dick parou em minha frente. Estava sério, parecia irritado, como se não fosse o mesmo homem que estava rindo comigo e Kory minutos antes.

Ele cruzou os braços e olhou em meus olhos.

- Sei que você nos viu – disse ele – Sei que saiu e não foi apenas ao mercado, sei que meu uniforme de Robin está na lavanderia onde você escondeu e sei que ele provavelmente está sujo de sangue.
- O que você esperava de mim? – Gritei me aproximando de Dick – Voce diz que me entende, mas é mentira. Eu perdi tudo e perdi todo mundo. Isso não é por Gotham ou pelo Batman, é por mim. Eu não tenho mais ninguém Dick, consegue entender isso? Meu próprio pai me afastou e agora estou aqui. Eu não sei mais o que fazer.

Nem eu acreditei, mas senti meu rosto ficando molhado e logo notei as lágrimas escorrendo por ele. Dick se aproximou ainda mais e me cobriu com um abraço.

- Eu entendo sim – Dick disse – Você não tem que se destruir para recuperar tudo. Você tem a mim e enquanto eu estiver vivo você nunca estará sozinho. Vamos dormir, amanhã vamos recomeçar.
- Eu te amo, irmão.
- Também te amo, Damian.

Quando deitamos, pude sentir o cheiro de Kory. Estava bem forte. Fiquei imaginando ela deitada ali comigo, talvez abraçada em mim.

- Damian – disse Dick, já com olhos fechados.
- O que?
- Pare de imaginar minha namorada nua e vai dormir.

No dia seguinte, Dick me acompanhou até a escola. Ele falaria com a diretora outra vez.

Enquanto caminhávamos pelos corredores, senti todos aqueles olhos em cima de mim. Parecia que iriam me atacar a qualquer momento. Fizeram eu me sentir culpado.

Dick passou um braço ao meu redor e isso fez eu me sentir um pouco mais calmo. Passamos pela garota de cabelos roxos, Rachel. Ela não me viu, mas fiquei a encarando com tanta curiosidade que tropecei em Dick e quase o derrubei.

Ela parou bruscamente e me olhou irritado.

- Está envergonhado? – Ele perguntou
- Sim
- Vai ficar mais.

Ele me pegou e me colocou em seus ombros, arrancando risos de todos os colegas. Eu não me senti envergonhado, me senti seguro.

Após um novo sermão, pude ir para a aula e Dick para o trabalho. Ninguém sentou perto de mim, ninguém falou nada, mas muitos me olhavam com pavor. Eu gostava disso, mas não gostava do motivo que causava esses olhares.

No almoço, peguei um hambúrguer gorduroso e um pouco de água com tinta guache que chamam de suco de fruta.

Vi Conner sentado sozinho onde nos conhecemos. Senti a necessidade de falar com ele para me reconciliar pelo menos.

- Oi – falei –Se importa se eu...
- Vai se fuder – disse ele – Agora senta aí essa sua bunda magra. Queria conversar mesmo.

Segurei um sorriso e o acompanhei no almoço.

- Você é maluco – disse ele – E descontrolado. Você viu não é?
- Os olhos semelhantes aos do Superman? Acho que vi.
- Então sabe que eu sou diferente não é? Não sou humano. Na verdade sou um híbrido entre um humano e um Kryptoniano.
- Você é o Superboy – eu disse
- É você é o Robin – ele disse, rindo – Meu pai me disse algumas coisas. Acredito que o seu também.
- O meu tem um enorme banco de dados e eu tenho certas habilidades como hacker.

Ele riu, desta vez não me senti irritado por ver ele rir. Agora via apenas um amigo se divertindo comigo.

- Tem um boliche perto do centro da cidade – disse Conner – Tá a fim de ir? Parece que um pessoal da escola vai também.
- E por que acha que eu quero me misturar com essa gente?
- Não com eles. Comigo, cara. Você é o Robin e eu sou a porra de um Super. Os melhores do mundo.
- Com certeza. – Apertei sua mão.

Apenas Damian WayneOnde histórias criam vida. Descubra agora