Os garotos

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Meu primeiro "amor", se é que posso chamar assim, foi Henry Blackburn, da pré escola. Antes de irmos para Hogwarts, nossos pais nos colocam em pré escolas para aprender a controlar magia espontânea e pequenos feitiços.

Henry era, sem dúvidas, o garoto mais descolado da turma.

Ele andava com alguns dos meus primos, James e Fred, e era o crush de todas as meninas da sala.

Foi minha mãe que me deu a ideia de escrever um bilhete, para guardar no futuro e lembrar desse romance não correspondido.

"Henry, você é o único garoto que é legal com as meninas e eu espero que você seja assim pra sempre. Com amor, Dominique Delacour"

Aos 10 anos, um ano antes de ir para Hogwarts, tive minha segunda vítima:

Dean Bolden, do Acampamento Trouxa na França.

Nessa época eu já havia me acostumado com a ideia de não ver mais minha mãe, mas meu pai achava importante que os filhos ficassem em contato com as origens francesas.

Todo ano, eu, Vic e Louis vamos passar as férias de Janeiro na casa de Apolline Delacour, minha avó materna. Foi ela que teve a ideia de nos matricular em um acampamento trouxa na França para aprender mais sobre o país. Lá, conheci um garoto trouxa inglês, cuja família também era francesa.

Pensando bem, hoje eu tenho quase certeza que Dean estava muito mais interessado em Louis do que em mim, mas fazer o que? Os romances que eu assistia me faziam acreditar que tudo era possível.

No final das férias de inverno, Dean e eu trocamos cartas por mais alguns meses até o contato desaparecer.

Foi com essas cartas que o bilhete da pré escola evoluiu.

Aos 11 anos entrei na famosa escola de magia e bruxaria inglesa. Para a surpresa (de ninguém), fui selecionada para a Grifinória junto com meus primos e minha irmã.

Foi nesse ano também que entendi que apesar de gostar de romance, eu era o tipo de pessoa que amava ficar sozinha e tinha medo de me aproximar dos outros.

Foi bem difícil ser assim com a sombra da minha família sobre mim, já que todos esperavam que os sobrinhos de Harry Potter fossem como seu primogênito, o autoconfiante James Sirius Potter.

Foram dois anos seguidos sendo a "excluída" da casa, que sempre fazia par com os primos e que passava mais tempo enfurnada na biblioteca do que em qualquer outro lugar.

No começo do meu terceiro ano, Albus Potter estava no segundo ano na Sonserina. Sua ida para a casa das cobras não foi uma surpresa muito grande, mas sua amizade com Scorpius Malfoy sim.

Albus e Scorpius eram o tipo de garotos que se metiam em muitas confusões sem querer. Em uma delas, foram pegos e enviados para a detenção na biblioteca da escola, onde eu pude finalmente me identificar com alguma pessoa naquele lugar.

Os dois eram um ano mais novos do que eu, mas como eu tinha um total de 0 amigos até então, não fez muita diferença.

Junto com Scorp e Al, fiquei amiga também de Alice Longbottom, uma lufana engraçada que era amiga dos dois.

No final daquele ano passei o primeiro natal na casa dos Malfoy, junto com meu primo mais novo e nossos amigos.

Eu considero que Scorpius foi, na realidade, o primeiro garoto que eu amei. Antes eu era muito nova para entender o que era, mas naquele dia, vendo ele cuidar com tanto carinho da mãe acamada durante a noite de natal, senti algo que nunca tinha sentido antes.

A carta de Scorpius é, até hoje, a segunda mais longa das cinco que escrevi.

Mas, como a vida não é feita de contos de fada, ele não descobriu magicamente que eu gostava dele e se declarou para mim, como nos filmes de amor.

Muito pelo contrário: no final do terceiro ano, para desespero de Rony Weasley e Draco Malfoy, ele estava namorando sua colega de classe e também minha prima, Rose.

Eu já disse que gosto de ficar sozinha?

No quarto ano descobri que isso não é verdade. Ver o garoto que eu gostava namorando minha prima foi uma das piores coisas que aconteceram comigo, ou como gosto de dizer, uma das coisas mais importantes para construir quem eu sou hoje.

Naquela época eu já tinha desistido do amor, das amizades e até mesmo da minha família. Eu sempre soube que não conseguiria me comparar a eles e decidi parar de tentar.

Aquele foi, sem dúvida, o período mais escuro que passei em toda a minha vida até agora.

Até que, como uma tentativa de vida de me fazer voltar a acreditar em finais felizes, surgiram os cavaleiros do apocalipse: James Sirius e Teddy Lupin.

Não sei dizer por qual dos dois eu me apaixonei primeiro. Talvez James já estivesse no meu radar há tempos e eu que não dava muita bola, mas ficar amiga dos dois me trouxe sentimentos muito fortes.

James Sirius era o popular do colégio: já havia namorado várias meninas de várias casas, mas mesmo assim era um ótimo amigo. Era divertido, cuidadoso e preocupado comigo e com todas as nossas primas.

Já Teddy... Teddy era tudo aquilo que eu sempre sonhei: o garoto alto, bonito, simpático, mais velho, carinhoso e que podia conversar com qualquer um sobre qualquer coisa por horas. Nunca pensei que ficaria tão próxima de alguém tão rápido como fiquei de Theodore Lupin.

As cartas de James Sirius e Teddy foram escritas no mesmo ano, mas em intensidades diferentes.

Mas, como eu disse antes, nem tudo é um conto de fadas e eu deveria ter usado minhas experiências anteriores como um aviso para o que aconteceria.

Meu coração nunca vai se recuperar da experiência de ver Ted e Victoire juntos.

Como sempre, Vic nem lembrava da existência dele até nos ver andando juntos pelo jardim da casa dos Potter. Não demorou muito para que eles assumissem um namoro, mesmo com ela morando na França.

Eu não a culpo: ela não tinha como saber que eu gostava dele, e também, eu nunca ficaria com um garoto como Teddy.

Mas eu, como a pessoa sensível que virei, não aguentava ver o garoto dos meus sonhos namorando Victoire, que eu considerava ser a versão perfeita de mim.

Com o tempo, voltei a me afastar dos dois. Eles brigavam tanto que nem repararam quando eu parei de ir com eles para o cinema, festas de família e jantares na minha casa.

E foi então que eu reparei: eu perdi tanto tempo fingindo que tudo estava bem entre eu, Victoire e Teddy que me afastei aos poucos de James Sirius.

E tive que voltar a gostar de ficar sozinha.

To all the boys i've loved before Where stories live. Discover now