•POV S/N•
Acordo sentindo dois braços envoltos em minha cintura. Abro os olhos e vejo a Paula dormindo serenamente, viro a cabeça e vejo Carmen em um sono pesado, não muito diferente da morena.
Me remexo com cuidado na cama tentando sair da posição em que eu estava para me levantar, mas a platinada acabou acordando com meu movimento.
Carmen- Bom dia...- Disse com voz de sono ainda se acostumando com a leve claridade que entrava no quarto.
S/N- Ah... Bom dia- Me virei para o seu lado- Não queria ter te acordado, desculpa.
Carmen- Tudo bem- Tirou o seu braço de cima de mim- Você capotou lá no sofá ontem a noite, a Paulinha disse para eu te trazer para cá e acabamos dormindo com você... Tem algum problema?
S/N- É... Não, problema nenhum.
Carmen- Que horas são?- Olhei a tela do celular.
S/N- 7 horas, ainda está cedo.
Carmen- Ótimo, assim temos tempo para isso. S/N, eu acho que está na hora de a gente conversar.
S/N- Conversar?- falei meio apreensiva- Conversar sobre o que?
Carmen- Sobre você, sobre o que aconteceu e sobre nós.
S/N- A Paula ainda está dormindo, é melhor esperar ela acordar...
Carmen- Essa é uma conversa que eu quero ter só com você.
S/N- Ah... Bom, tudo bem.
Ela se levantou da cama e saiu em direção à sala. Tirei o braço da Paula de minha cintura e coloquei um travesseiro no lugar pra ela não sentir que eu não estava lá. Beijei sua testa, levantei, fechei a porta do quarto e fui para a sala.
A loira estava sentada no sofá, então me juntei a ela.
S/N- Pronto, agora estamos a sós, pode começar.
Carmen- S/N eu preciso que você seja completamente sincera comigo, sobre tudo que passou, sentiu e ouviu, certo?
S/N- Certo.
Carmen- Ótimo. A Paula me disse que mesmo tendo confiança na gente você ainda não está totalmente confortável conosco como estava antes, e eu quero saber o porquê disso. Vou te dar o tempo que precisar, pode ficar tranquila quanto a isso, mas eu quero uma resposta.
S/N- Bom... E-Eu... Eu só...- Suspiro- eu só não me sinto limpa. Tudo o que aconteceu naquela semana ainda roda pela minha cabeça todo santo dia! Tudo o que Daniel fez comigo... Tudo ainda está preso a mim. A Paula te contou que veio aqui anteontem?
Carmen- Sim.
S/N- Quando ela chegou ela foi me cumprimentar com um beijo, mas eu desviei e fui para a cozinha. Eu não rejeitei o ato dela porque não queria, eu rejeitei porque eu não podia... Eu não queria ficar com ela... Eu não quero ficar com vocês pensando e sentindo as coisas que outra pessoa fez comigo.
Carmen- O que exatamente ele fez com você S/N?
Meus olhos já estavam cheios d'água nesse momento. E lá estava eu, prestes a falar sobre o assunto que tanto relutei para apagar de minha memória.
Carmen- Ei- Colocou dois dedos em meu queixo e o levantou- Você está conosco agora, não precisa temer a mais nada- Apenas assenti com a cabeça.
S/N- Aqueles sete dias foram os piores da minha vida... Eu sofri abusos psicológicos, físicos. Ele... Ele realmente me usava. Me batia quando queria, me beijava quando queria, e... Fazia sexo comigo quando queria- A partir daí não consegui mais segurar o choro- Entende agora por que eu não consigo? Por que não me sinto limpa? Ao receber os seus toques eu lembro dos toques dele, e do quanto eu não os queria. Sei que vocês nunca fariam nada que eu não queira, nada sem a minha permissão, mas é como se meu cérebro ligasse uma coisa a outra automaticamente. Mesmo vocês sendo pessoas completamente diferentes do Daniel, meu corpo reage da mesma forma que reagia com ele, simplesmente rejeita o toque. Eu ainda não superei tudo o que aconteceu. Eu ficava por horas algemada, amarrada, amordaçada, sendo feita de brinquedo... Então, se eu rejeitar algo simples, não pense que é culpa sua, ou culpa da Paula, eu só não estou pronta o suficiente ainda. Eu quero voltar para vocês, quero que volte a ser nós- Apontei para nós duas- Mas eu quero fazer isso por completo. Não quero não me entregar por completa para esse relacionamento, mas para isso eu preciso que vocês tenham paciência. Se não puderem me esperar tudo bem, ficarei magoada, não vou mentir, mas vou entender. Eu cheguei de repente na vida de vocês e- ela me cortou.
Carmen- E mudou nossas vidas para melhor. Se não fosse por você a Paulinha provavelmente ainda estaria com aquele jogadorzinho de 5ª- Revirou os olhos e eu sorri- Você entrou em nossas vidas e as mudou completamente. Sentimentos foram descobertos, tiveram aflições, dúvidas, medos... Você foi totalmente honesta sobre tudo o que sentiu e sente não é S/N?
S/N- Sim, fui.
Carmen- Preciso que haja essa confiança entre a gente, entre nós três. É importante sempre sermos honestas umas com as outras em relação ao que sentimos e ao que queremos ou não queremos. Quero que você nos conte quando algo que fizermos não te deixar confortável, você confia na gente?
S/N- Confio, claro que eu confio. Vou ser o mais honesta possível sobre o que sinto com vocês- Limpei as lágrimas restantes que estavam em meu rosto.
Carmen- Ótimo- Sorriu e eu sorri de volta- Eu sei que você se sente mais confortável com a Paula do que comigo, afinal vocês conviveram juntas por mais tempo do que nós convivemos, mas quero que saiba que você pode encontrar esse porto seguro em mim também.
S/N- Eu sei, obrigada- Sorri.
Nesse momento Paula apareceu com o cabelo todo bagunçando, coçando os olhos mostrando que tinha acabado de acordar.
Carmen- Bom dia Paulinha!
S/N- Bom dia Pah!
Paula- Bom dia- Respondeu com a voz rouca.
Ela se sentou no meio de nós duas e apoiou a cabeça em meu ombro.
S/N- Ainda com sono?
Paula- Uhum- Disse fazendo bico.
S/N- Vocês tem tempo ainda, se quiser pode voltar a dormir.
Paula- Vocês vem comigo?
Carmen- Pode ir com a S/N. Eu vou na padaria comprar algumas coisas para tomarmos café aqui antes de irmos para casa.
Paula- Ok- Levantou a cabeça de meu ombro e deu um selinho na platinada- Até depois amor.
S/N- Tchau Carmen- Pensei um pouco antes mas beijei sua bochecha e ela retribuiu o ato no mesmo local.
Carmen- Tchau S/A, tchau Paulinha!- E saiu porta afora.
Paula pegou na minha mão e me levou para o quarto, assim nos deitamos novamente.
Paula- Ei- A olhei, estávamos uma virada para a outra- Posso?- Disse deitando a cabeça em meu peito.
S/N- Pode.
Paula- Eu ouvi um pouco da sua conversa com a Carmen. Fico feliz que você tenha se aberto com ela, já é um grande passo- Levantou a cabeça para me olhar e sorriu.
S/N- Também fico- Sorri- Tudo aconteceu muito recentemente mas eu preciso superar isso, não posso deixar de viver a minha vida pelo o que aquele traste fez.
Paula- Essa é a minha menina!- Me abraçou fortemente.
E assim ficamos nesse gesto de carinho, ela me abraçando e eu fazendo cafuné em sua cabeça, até ambas pegarmos no sono...
•NOTAS DA AUTORA•
Eai povin! Fazia tempo que a Carmen e a S/N não conversavam a sós ent decidi fazer esse capítulo ai. Não esqueçam de votar e comentar.
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Uma boa furada- Carrare & S/N
Fiksi PenggemarMarcelo e os coisinhas já não aguentavam mais ver a deusa platinada sofrendo pelo amor não correspondido da Terrare, então o pastel de vento decidiu chamar sua prima S/N para ajudá-los a juntar as empresárias.