17 de fevereiro de 72,
Já voltei para o Brasil a um tempo. E nesse tempo percebi que minha tristeza não tem sido falta desse país e sim falta de Caetano. Depois daquela briga com Marieta eu nunca mais o escrevi e, recentemente ouvi por aí que o baiano havia voltado para Santo Amaro.
Me encontrava dentro de um carro vendo as dunas de areia passarem ao meu redor. Tentei pegar um avião mas, nenhum saia naquele dia em direção a Bahia. Estava determinado a reencontra-lo, nada me pararia. Pensava em como eu falaria em ele, se teria coragem de por ventura falar " Senti muito sua falta Caê" enquanto o abraçava. Rapidamente cheguei a uma conclusão, não teria essa coragem, certamente não sou tão corajoso assim. No meu colo se encontrava um pesado violão, o comprei na Grécia e ainda lá gravei suas iniciais no instrumento. Me parecia um presente mais que ideal para alguém tão querido por mim.
Batia o meu pé no chão do carro, nervoso, abria a janela com a intenção de tentar pegar algum ar mas, meus pulmões se negavam. É normal se sentir assim por um amigo? De todo jeito eu não tinha tempo algum para pensar, estávamos chegando e cada metro percorrido pelo carro meu coração apertava. Não me aguentava mais, só queria fugir. Para aonde? Não sei.
Quando soube que Caetano voltara desmarquei tudo. Larguei tudo para vê-lo novamente e, pela primeira vez segui meu coração como um animal irracional. Nunca o fiz antes, eu o amo? Não, não seria possível...
Um turbilhão se passa na minha cabeça, uma tempestade de ideias com olhos castanhos e cheiro de mar.
Olho pela janela tentando apagar essas ideias. A praia, antes meu último conforto, havia sumido, agora só restava a cidade de Santo Amaro:
- Em alguns minutos chegaremos... - o motorista fala com sua voz grossa e bruta.
Abro a capa do violão e o confiro, dedilho corda por corda verificando sua afinação e tentando ocupar meus dedos e minha cabeça. Com um freio abrupto o veículo para, o motorista olha para trás e com a cabeça indica a porta. Uma casinha branca de portas e janelas azuis se porta como um monstro, coloco o instrumento na capa e saio com toda coragem que em mim habita. Escuto o carro ir embora enquanto vou subindo a calçada. Não tinha volta.
Respiro fundo, abraço o violão o apertando junto a mim, e assim bato na porta. De dentro da casa escuto uma resposta quase que de imediato:
- JÁ VAI!!- Deduzo ser Bethânia pelo tom da voz.
Em segundos a porta se abre e então vejo a baiana, sorrio quase morrendo de vergonha enquanto ela me olha chocada:
- Eu não acredito... - ela toca no meu rosto, vendo se não era miragem.
- Também senti tua falta Bethânia. - a dou um abraço envergonhado- Caetano está?
Ela faz uma expressão curiosa, levantando a sobrancelha e sorrindo meio torto:
- Ele tá lá no quintal, vai com cuidado, é possível ele ter um ataque cardíaco quando te ver.
Ela se encosta na porta, me sedendo um espaço para passar. Vou explorando a casa até finalmente encontrar o quintal. Lá, vi Caetano sentado em uma cadeira lendo alguma coisa, em alguns momentos ele faz cara de choro colocando o papel próximo ao seu peito.
Espero o momento certo e depois de alguns minutos parado, o momento finalmente chega. Dando um longo suspiro eu dou um paço a frente, o baiano se encontrava muito destraido e mesmo andando em sua direção ele não me percebe. Tenho que falar algo:
- Sentiu minha falta?
O baiano olha em minha direção completamente desacreditado, seus olhos antes castanhos agora estão quase que opacos por conta das lágrimas, sua mão vai em direção a sua boca em completo choque e jogando os papéis para o alto ele vem correndo em minha direção:
- EU NÃO ACREDITO!!! CHICO!!!
De tempos em tempos ele vai interrompendo os abraços para olhar o meu rosto:
- Eu tava com saudades Caetano. - falo sem jeito, nem parece que eu passei horas planejando como falar essas palavras.
- Eu... também- ele falou soluçando por conta do choro.
Me separo do abraço e pego o violão que a esse ponto já se encontrava no chão:
- Eu... eu trouxe um presente para você...
O entrego e em completo choque ele abre a capa assim, retirando de dentro dela o instrumento de madeira clara e cordas muito bem afinadas. Ele o observa de todos os ângulos possíveis até que finalmente repara que o seu nome se encontra no braço do violão:
- Oh Chico... Não precisava disso tudo.
- Claro que precisava Caê, a tempos que a gente não se vê... não poderia voltar de mãos vazias.
Caetano olha no fundo dos meus olhos e por um instante eu não consigo parar de sorrir, o mundo em minha volta se apaga completamente e no meu universo só existia aquele baiano.
Ele começa a me contar tudo que não me escreveu em Londres, eu logo puxo uma cadeira e me sento ao seu lado, logo depois vem Bethânia fazendo o mesmo. O fim de tarde chegava e as histórias não acabavam mais, eu me acabava de rir ao lado dos dois baianos escutando os causos de Gil na Inglaterra.
A lua de são jorge já se punha cheia e branca no céu de Santo Amaro, até parece que o tempo na Bahia se passa mais rápido. Ao meu lado Caetano dedilhava algumas músicas no violão e eu Bethânia acompanhávamos com voz. O clima agradável embalava a cantoria e os risos puxados:
- Posso pedir uma coisa? - falo envergonhado.
- Pode sim, Chico. - os baianos falam quase em harmonia.
- Eu... Posso ficar aqui por uns dias?
Nota do autor:
OLA AMIGOES!!!!!
Finalmente o tão esperado retorno, já vou pedindo desculpas pq eu e Belle não estamos no melhor estado possível e todo dia, repito, todo dia eu me fodo de tanto estudar. Depois daqui eu tenho 5 redações para produzir e entregar segunda feira 😍😍😍
Espero que tenham gostado.
Bom carnaval a todos e VAI CORINTHIANS!!!
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A gente vai levando
FanfictionChico,um jovem cantor, acaba por ordem do destino ou culpa de Nara conhecendo Caetano, recém chegado da Bahia para acompanhar sua irmã, Betânia, convidada pela própria Nara para substituí-la no espetáculo "Opinião",grande sucesso no Rio de janeiro d...