Capítulo III

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- Me diz onde ele foi?

- Oh... Eu não posso, querida...

Tenebroso era testemunhar aquela mulher se aprumando e selando seus lábios. Ela não parecia com alguém que soltaria qualquer tipo de frase, por mais angustiada que a pessoa estivesse a sua frente. A jovem se apartou e assim olhou desgostosa nos olhos da mais velha que estava trêmula.

- Não... Não, você não vai fazer isso comigo, vai...? Você vai?- Um milhão de vezes foi o que desejou de ruim para sí própria. Seu interno se fadou a reprimir qualquer sentimento que extrapolasse para fora, ou seu pesar seria triplicado com mil toques de amarguras.- Por favor...- Todavia, nada se tem como o planejado. Seus olhos pareciam ser banhados no mar da água mais puramente salgada que existisse para descrever o choro que transbordava de suas pálpebras sensíveis e avolumadas.

- Olha...- Ela reunia forças, algo a sufocava e seu senso a obrigava. Sua respiração foi puxada a fundo e sua palma descansou na cabeça do ser desamparado em seu colo, sendo atenciosa com o próximo movimento que daria neste cruel tabuleiro em que fora cercada pelo cruel destino.- Ele me pediu para não te contar, caso procurasse por ele...

- Mas...- Não, você tinha que se firmar e ser forte. Mas como? Se seu interior explanava o oposto e sentia como perfurações naquele sentimento casto e desconhecido que ainda estava dentro do seu corpo.

S/n ergueu sua cabeça, que mais uma vez estava baixa, e mostrou sua face melindrosa, que, por concepção da senhora, se comoveu e abraçou com prontidão aquela criatura sujeita de qualquer ação prejudicial.

- Ele...- Estava se odiando. Não era mais apenas por estar chorando como uma criança irritante e sobrecarregando o tempo alheio com seus problemas íntimos. Na verdade, era pura picuinha, estava querendo se trocar com ela, mas ela era a mãe, ela quem deveria estar sentindo as dores. Naquela hora se perguntou, quem era você para se comparar.- Eu entendi...

Sutileza teve de ser usada para recusar aquele abraço que lhe fora dado. Estava chocha, a mercê de tudo que é insípido nessa vida.

- Muito obrigada, a senhora foi tão gentil comigo...- Seus pulsos escorregavam na porção molhada de seu rosto, o secando e permitindo uma tristonha feição sorridente desabrochar em sua fisionomia.- Me desculpa...- Seus pés recuaram e locomoveram a todo vapor para a porta enquanto era chamada aos gritos pela dona da casa que aparentava um excesso de preocupação por ver o estado em que saía toda desvairada.

- Não vá! Se acalme!- Seu braço tentou alcançá-la, mas já era tarde e estava finalmente na presença da solidão. A orbe ocular rolou de encontro com a porta do quarto do filho que se foi. Seus lábios deixaram soltar um sopro sem graça e de pesar.- Esses jovens... Meu pequeno Hyung Suk, acho que ela gosta de você de verdade...- Parecia algo ponderativo de se exprimir em uma frase tão simples, mas tão intensa de alguém escutar.- Espero que ainda possam se encontrar e resolver o que está pendente.

A senhora tratou de esquecer provisoriamente e sua postura se desfez do assento e dirigiu-se a porta com o propósito de trancá-la. Ao lado de fora, e já distante, a garota levava raciocínios desconexos em sua bagagem mental. "Eu fui longe?", "Fui arrogante?", "Ele me odeia de verdade agora?", "Como posso pedir perdão?", todos os pensamentos paranóicos se alinhavan em um tênue discernimento de suas ações.

- Por que eu me importo!?- Uma cara feia se concebeu, e agora, ao invés de tristeza, você exalava indignação.- Ele quem devia pedir desculpas!- Estava só numa pequena escala razoável daquele perímetro, então se pôs a berrar aos gritos e choro.- Não eu!- Seus joelhos cederam ao chão e seu rosto foi tampado por ambas as mãos. Estava soluçando como louca e agradecia por não haver ninguém naquele momento para presenciar sua lamentável circunstância.- Imbecil...

Sempre Foi Você  - Imagine Lookism - Park Hyung Suk Onde histórias criam vida. Descubra agora