A americana abrasileirada, Lawrence Jones, jornalista da MTV, se vê em um empecilho implacável quando Guns N' Roses faz sua histórica passagem pelo Rock in Rio II, no Brasil.
Isto porque seu chefe rigorosamente meticuloso quer, a todo custo, a imag...
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𝙱𝚛𝚊𝚜𝚒𝚕, 𝚓𝚊𝚗𝚎𝚒𝚛𝚘 𝚍𝚎 1991 𝙻𝚊𝚠𝚛𝚎𝚗𝚌𝚎 𝙹𝚘𝚗𝚎𝚜
Chego com a minha equipe no hotel Othon Palace com uma hora de antecedência.
Sem querer abusar da sorte, visto que essa é a primeira noite de apresentação do Guns N’ Roses no Rock in Rio e o tráfego da cidade está irritantemente lento.
Eu não sou a única querendo uma chance com eles hoje.
Faltando poucos minutos para a coletiva e tomando alguns drinks no saguão com Ed, recebo a informação de que Axl Rose ainda não chegou. Jurava que os americanos fossem pontuais, – penso, mas continuo tomando meu martini como se não houvesse amanhã. Repenso tranquilamente nas perguntas que farei para ele, de braços dados com Ed enquanto passamos pela catraca em direção ao elevador.
Ficamos pouco mais de 40 min aguardando liberação para montar o equipamento no camarim do astro e isso me deixa suficientemente apreensiva, mas não menos determinada. Afinal, é ele quem está me fazendo um favor. As horas correm e, com alguma empatia por nossa equipe que acampa nos corredores, a assessoria do Guns N’ Roses nos concede dividir o camarim com eles, sem a presença dos integrantes. Eles, também, aproveitam para esclarecer que apenas Axl dará a entrevista, e que os outros rapazes já estão a caminho do Maracanã.
Que seja.
Comprimentamos rapidamente o pessoal do staff, sem perder muito tempo para montar os rodapés. Eu vou para o canto com Ed, elaborando uma sabatina de perguntas aleatoriamente para ele como se ele fosse o convidado especial da noite. Não faço muito isso, já que tenho todo o preparo das técnicas jornalísticas.
Penso em Richard, na sua indiferença comigo nos últimos dias… Decido que há coisa melhor para fazer e afasto ele dos meus pensamentos impacientemente, me conduzindo até Mark, nosso cameraman.
— Quanto tempo até o entrevistado chegar? Nosso tempo está contado...
— Mas ele já chegou — Diz Mark agachado, conectando um cabo na extensão elétrica.
Faço uma careta de incompreensão.
Chegou?
Retorno para meu lugar ao lado de Ed, me atentando à movimentação do gabinete e, confusa, verifico cuidadosamente entre o meu pessoal e o dele.
Me deparo com uma personalidade de cabelos longos que está de costas perto da mesa de comida exposta que só pode ser ele, o que me deixa mais desorientada ainda. Eu olho de novo para ter certeza e, como se pegasse meus pensamentos no ar, Ed me acotovela, entusiasmado.
— O queridinho da nação te aguarda. Bonitão hein?
Ah, não está falando sério…
O possível frontman morde um croissant como quem morre de fome, escolhendo mais aperitivos do buffet, enrolado em uma toalha branca de algodão que cobre o corpo da sua cintura para baixo.
