Capítulo 2

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Passado

Lyn

O plano deu certo. Jet e eu fomos mandados para a solitária também, ele com o pretexto de que não iria lutar, e eu por ter revelado que era o dono da faca.

Entretanto, arranjar problemas trazia consequências. Voltamos a lutar como sempre, mas dessa vez foi diferente. Não fiquei só nas lutas. Um dos clientes importantes pagou para ficar comigo, mas eu não facilitaria para o desgraçado. Iria conseguir o que eu queria.

Fui levado a um quarto que me trazia lembranças enojantes. O fedor recendia em minhas narinas. A raiva pulsava em meu corpo como o sangue que bombeava em minhas veias.

O guarda que nos dava remédios estava lá. Conversávamos algumas vezes, mas ele não podia fazer mais nada por nós além de suavizar as agruras que passávamos.

― Tem certeza de que quer fazer isso? ― sondou em um sussurro. ― Vai ser castigado.

― Eu sei, por isso não posso pegar seu celular agora. Terá que colocá-lo em mim quando eu estiver voltando para a cela ― falei, confiante.

― Se pudesse, eu mesmo ligaria, mas não posso colocar minha família em perigo ― disse o guarda. ― Se descobrirem sobre o celular...

― Não vão. De qualquer forma, se descobrirem, direi que fui eu que o peguei ― avisei.

Ele assentiu e saiu quando um velho entrou. Certamente tinha filhos e talvez netos, mas estava ali para abusar de garotos. O asco me dominou. A bile subiu por meu esôfago, e tive que me controlar para não vomitar.

― Vai ser bom. Sou carinhoso. ― Tirou suas roupas, depois segurou uma das minhas mãos. Fulminei-o. ― Assim que o vi, quis você.

Tentou me beijar, mas lancei minha testa na dele, o que o fez cair no chão. Peguei o canivete que vi em sua cintura e tampei sua boca para abafar o grito enquanto eu decepava o seu pau. Eu o teria matado se a porta não fosse aberta. Felizmente consegui machucá-lo e ainda matei os dois guardas dele.

Kanon gritou comigo, depois me açoitou até perder as suas forças e eu ficar mole, mas não gritei. Nunca gritava ou gemia, não importava quanta dor sentisse. Pelo menos o maldito não me violentou, possivelmente incomodado demais com a repercussão da notícia do homem que teve o pau arrancado.

Eu estava sangrando quando fui levado para as masmorras, quase ao mesmo tempo em que Jet. Ele estava pior que eu, nu e muito machucado. Jet ser levado também não fazia parte do plano, era só o normal em nossa vida fodida naquele lugar.

Eu piscava, pois intermitentemente perdia a consciência e voltava a ela. As feridas em minhas costas eram profundas, mas, se o meu plano desse certo, valeria a pena.

― Jet! Por favor, não morra! ― implorou Stefano. ― Fique comigo!

O meu coração martelava só em imaginar o que fizeram com ele para ficar naquele estado. Tentei controlar meus nervos, pois precisava ajudá-los.

Minha mente nebulosa só queria ir para a escuridão, mas eu lutava para tentar focar nas conversas à minha volta.

― Stefano... ― Era a voz de Jet. Parecia tão alquebrada. ― Preciso que faça algo por mim.

― O que é, Jet? Que eu me vingue de todos? Vou fazer isso, prometo!

― Sim, eu sei que fará, mas agora quero que me mate.

Tentei lutar contra a inconsciência. Não podia apagar agora, precisava forçar Jet a lutar, dar esperanças a ele, algo que consegui graças a Stefano.

Lyn, Série Dark Revenge 1Onde histórias criam vida. Descubra agora