Capítulo 3

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Anos mais tarde

Lyn

Dor.

Vazio.

Tormento.

Esses foram os sentimentos que eu senti quando cheguei ao inferno, onde ninguém ouvia, ninguém ajudava ou socorria. Suplicar, implorar para não matar crianças e não ser fodido por homens da pior espécie não resolvia. Nunca.

Aprendi que a dor era minha companheira, então conheci Stefano e Jet. Eles me deram esperança naquele maldito lugar. O desejo de sair de lá e ir ver minha irmã se enraizou em meu peito como uma chama crescente.

No entanto, as coisas não saíram como esperado. Stefano foi embora, Jet, morto e eu, trazido para o pior lugar do mundo. Se eu achava que a Arena da Morte era ruim, a carnificina na Prometheus era mil vezes pior.

Aquela chama de esperança morreu, não restando nada, só um abismo profundo. Em alguns momentos, eu não dava a mínima se morresse; se acontecesse, que assim fosse. Porém, não daria esse prazer aos dirigentes daquele lugar, não mesmo. Eles mataram a minha alma, não restando nada em meu peito além de um vácuo, uma escuridão em que só havia sangue, gritos, desespero e morte.

Matar se tornou minha vida de merda. Eu não me importava com nada, só uma coisa me mantinha vivo: vingança. Então me apeguei a isso. Era o meu farol naquele lugar, a única coisa que me fazia ter forças para não empunhar uma faca em meu peito e acabar com minha miséria.

Raiva, ódio, asco, desespero, esses sentimentos abasteciam minha alma negra, faziam-me viver tempo suficiente para me vingar.

Usando cada grama de força que eu tinha, coloquei-me de pé, encarando meu adversário no ringue. Era o melhor com que eu já havia lutado até então, mas eu também era bom e não iria morrer ali, não após todos aqueles anos sobrevivendo naquele inferno.

Eu não acreditava que existisse alguma divindade. Por anos gritei e supliquei que Deus me ajudasse, mas não o fez. Por anos sangue foi derramado naquelas arenas, assim como uma porção da minha alma era tirada quando eu era estuprado por sádicos fodidos uma vez atrás da outra.

Meu sangue queimava sempre que eu estava ali, naquele ringue, fazendo o que eles queriam, alegrando a noite daqueles malditos filhos da puta.

Com promessas de fazer todos pagarem caro, eu lutava mais uma vez à procura da vitória, embora não me sentisse vitorioso, mesmo sempre tendo vencido todas as disputas desde que fui trazido ao inferno chamado Prometheus.

Gritos rasgavam a escuridão da minha mente nebulosa enquanto eu atacava meu adversário com meus punhos enrolados com arame farpado. Cada soco rasgava meu oponente, que também fazia um grande estrago em mim

De repente, um estrondo soou e a arena onde nós dois estávamos foi sacudida. A redoma de vidro que nos mantinha contidos em seu interior se estilhaçou. A explosão me fez cair e ficar desorientado com o barulho ensurdecedor.

Logo em seguida ouvi tiros. Sentei-me, olhando ao meu redor. Homens e mulheres gritavam nas arquibancadas, desesperados para sair dali. Isso me fez sorrir. Tinha chegado a hora de eu me vingar de todos. O ódio e a satisfação ardiam como bílis na minha garganta por ser capaz de dilacerar os vermes malditos.

Saltei da arena, não me importando com meu adversário. Naquele momento, eu só tinha um objetivo: matar quantos pudesse daquela plateia de merda.

Assistir à vida daqueles insetos escorrer de seus corpos me dava um prazer imenso, que nunca havia tido. Cada soco que eu dava, cada osso que eu quebrava, em minha mente, era de um dos demônios que tinham me tocado. Um dia seriam realmente eles. Podia não ser agora, mas eu iria dizimar um por um.

Lyn, Série Dark Revenge 1Onde histórias criam vida. Descubra agora