Capítulo 8

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Liz

Sai do jardim meio que cambaleando, não enxerguei quase nada todo o percurso, já que minha visão estava bastante lenta para falar a verdade, entrei naquele banheiro nojento de final de festa, me equilibrei para não mijar em mim mesma e me limpei quase batendo com a cabeça na porta do banheiro. Sai da cabine rindo de absolutamente nada, lavei minhas mãos, porque mesmo bêbada, eu sou limpa... Sai banheiro a fora, fazendo o mesmo caminho de ida, passando por todas aquelas pessoas meio destorcidas. Eu estava alegre, felicíssima, achando graça de tudo que via passar por mim, fui me aproximando do jardim quase saltitando e ao longe avistei as meninas. Quase corri até elas procurando apenas com os olhos por Sophia, que não achei de primeira como seria ao certo, já que pedi que me esperasse por ali. Cheguei perto delas e também senti falta de Helen, a menina louca. Não entendi o porquê, mas assim que Paola, Judy e Annabel me viram elas se entreolharam estranhamente sem ao menos pararem de dançar. Eu me aproximei de Paola que rebolava olhando fixamente para mim, viajei por pelo menos uns cinco segundo olhando a linda ruiva dançar, mas não se passou disso, já que Sophia veio em minha cabeça novamente. Aproximei minha boca de seu ouvido e perguntei.

Liz: Cadê a minha namorada? – Eu fiz questão de frisar a ultima palavra.

Paola: Ela foi lá dentro rapidinho pegar uma bebida com a Helen. – Ela se aproximou ainda mais de mim.

Liz: Então eu vou lá procurar ela!

Paola: Não precisa linda – Eu já dançava junto a ela, rebolando junto ao seu corpo que estava praticamente me hipnotizando.

Liz: É... – Mais uma vez Sophia me veio à cabeça. – Não é serio eu vou lá.

Paola: Relaxa Liz, daqui a pouco ela aparece assim você sufoca a menina! – Ela me segurou pela cintura ainda rebolando junto ao meu corpo.

Liz: Ta... – Eu rebolava junto a ela, sentindo meu corpo esquentar aos poucos, mas mais uma vez me veio Sophia na cabeça. - Não, eu vou! – Sai de perto dela quase a empurrando.

Praticamente corri em direção à parte interna da casa, sem duvidas elas devem ter me achado uma doida, ou não acharam nada, esta todo mundo bêbado nesse lugar mesmo. Entrei procurando por Sophia, tentando achar uma única pessoa naquela multidão. Fui diretamente ao bar onde Paola disse que ela estava, olhei em volta e a única pessoa que parecia com ela estava quase beijando uma menina... Olhei mais uma vez e a menina não parecia com ela, era ela. Sabe quando você acha que estar vendo coisa? Que tudo não se passa apenas de sua imaginação que se você esfregar com muita força os seus olhos tudo vai sumir como num passe de mágica? Então, eu fiz exatamente tudo isso, e ainda bate duas vezes na minha cara para não ver se estava em um desses pesadelos. E nada aconteceu eu continuei imóvel, olhando Sophia e Helen se esfregarem, que pareciam se mexer em câmera lenta. O odiou subiu pelo meu sangue de tal maneira que eu queria pisar na cara daquela piranha que estava agarrando a minha namora. Tive vontade de bater em Sophia também, não só bater como torturar... Respirei fundo duas vezes tentando fazer meu odio diminuir pelo menos um pouco, mas a cada vez que eu me aproximava mais delas o ódio ficava ainda maior... Helen falava o tempo todo no ouvido de Sophia, que sorria ao ouvi-la. Aquela cena estava me dando nojo, e vontade de vomitar em cima delas. Aproximei-me o suficiente para que Sophia me visse. E não deu outra, ela empurrou Helen com força e veio em minha direção com uma aparência de desespero.

Sophia: Não não não não! – Ela repetiu o 'não' milhares de vezes. – Não é nada disso que você esta pensando! – Ela tentou pegar em meu braço.

Liz: Não encosta, estou com nojo de você! – Todo meu corpo fervia de ódio.

Sophia: Serio Liz, não aconteceu nada!

Liz: Eu vi Sophia, eu vi! – Gritei com raiva.

Sophia: Você não viu nada, porque nada aconteceu!

Liz: Não quero saber, não quero mais ficar aqui, não quero mais falar com você. – Sai à procura da porta de saída.

Eu sai correndo daquele pesadelo, e além de tudo a minha volta esta meio lento, agora também estava embaçado pelas lagrimas que caiam sem nenhum esforço. Encontrei a porta de saída com um pouco de dificuldade e corri para a rua, querendo o primeiro taxi que aparecesse na minha frente... Eu estava tão cega de raiva que cai na calçada e não tive forças para levantar, não sei se fiquei apenas alguns segundos, minutos ou horas ali deitada... Imóvel... Só me mexi quando alguém pegou em meu braço me puxando para cima, fazendo-me levantar. Levantei com dificuldade e ao ver que era Sophia quem estava ali eu quis voltar ao chão e nunca mais levantar... Parece banal a maneira como estou reagindo a isso, mas não é, nunca senti uma dor assim, e olha que eu não as vi se beijando... E só de imaginar uma cena dessas, eu voltei a ter vontade de vomitar.

Sophia: Para com isso Liz, vamos conversar, não aconteceu nada! – Ela segurava

em meu braço.

Liz: Não Sophia, eu vi você se esfregar nela, eu vi você rindo das coisas que ela dizia em seu ouvido. – Eu soltei sua mão de meu braço.

Sophia: Claro que ri, era engraçado, mas isso não significa que eu fosse ficar com ela Liz!

Liz: Não tem explicação para o que eu vi Sophia! – Eu a encarei querendo esganá-la

Sophia: É claro que tem! Eu não fiquei com ela, e não ficaria! Nunca na minha vida! Você que é minha namorada!

Liz: Eu não parecia sua namorada quando você estava se agarrando com ela.

Sophia: Agente só estava conversando!

Liz: Não quero saber, o que estavam fazendo! – Eu gritei mais uma vez. – Só quero ir para casa! – Fiz sinal para um taxi que parou rapidamente.

Sophia: Não Liz, por favor, você tem que entender! – Ela segurou em meu braço mais uma vez.

Liz: Já disse para não encostar e mim! – Me soltei com agressividade. – Adeus.

Eu entrei no banco de trás do taxi e ela entrou atrás de mim, fechando a porta e dizendo o endereço da minha casa em seguida.

Liz: Sai do taxi agora! – Ela ficou em silêncio por um tempo até dizer algo novamente.

Sophia: Não, agente tem que conversar!

Liz: Não temos nada que conversa! – Eu estava irritadíssima.

Sophia: Deixa de ser cabeça dura cara!

Eu quase rir com a piada que ela fez... Só poderia ser piada mesmo. Ironia de mais para falar a verdade. Eu olhei pela janela do taxi que andava pelas ruas que estavam começando a clarear e voltei a olhar para ela com toda a raiva que eu já senti.

Liz: Cabeça dura? Eu pego a minha namorada se agarrando com outra enquanto eu me ausento por dois minutos e eu sou cabeça dura?

Sophia: Por favor, apenas me escuta, se quiser terminar comigo depois, eu não posso fazer nada, mas pelo menos me escuta!

Liz: Não quero! Não tenho nada a falar com você!

Sophia: Não estou pedindo para você falar comigo Liz, apenas para me escutar!

Eu estava me sentindo fraca, não queria nem mesmo ouvir o que ela tinha a dizer, então simplesmente dei as costas para ela e fiquei olhando o céu, que ainda estava escuro de um lado e clareando do outro. Meu coração batia forte e doía a cada palpitação... A todo o momento a cena de Sophia e Helen abraçadas me vinha na cabeça e me dava nojo e fazia meu ódio crescer ainda mais.

Um passado no presente (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora