Depois de um tempo, a espera por Mizane se tornou entediante. Encostado próximo aos atracadouros, conseguia ter uma visão abundante do mar, até a entrada da cidade, mas nada além disso. Com seu novo colar de cristal vermelho no pescoço, se debruçou no parapeito de proteção do porto enquanto brincava com a pedra em uma de suas mãos.
Observando da enseada, conseguia ver um mar tranquilo e cristalino, que conforme se aprofundava, tomava um tom azul marinho. Na orla composta de um pequeno braço de areia, menor do que a largura de um passo, pedras, areia escura e conchas eram cobertas com uma leve quebra de ondas de águas engorduradas que acontecia apenas ali, pelo óleo e sujeira da embarcação que era trazido pelo movimento da maré. Seguindo a lateral do paredão de pedra, construído para dar distância entre o cais e a cidade, ele conseguia ver além dos limites um pequeno litoral, onde aves voavam e faziam mergulhos na água, capturando peixes. Navi também conseguia ver algumas embarcações ancoradas próximo a costa, nos diversos atracadouros de madeira grossa, que enfeitavam parte da paisagem, todos a vela, e em diversas cores. Troncos que sustentavam os atracadouros, possuíam cracas e conchas presas, na altura em que a maré batia. Nem tudo é surreal naquele mundo, mesmo assim ele sentia certa ansiedade por embarcar em tanto lugar desconhecido. Possivelmente sua mente já estava aceitando que nada daquilo era um sonho.
De repente, vindo da taberna, murmúrios, gritos e tilintares começaram a ecoar para fora. Todos que peregrinavam pela calçada começaram a se atentar com o que poderia estar acontecendo ali. O garoto atravessou a rua, e foi em direção à grande porta da taberna, e antes mesmo de ele se aproximar dela para abri-la, ela estalou em baque, sendo arrombada para fora, retorcendo ferrolhos e rachando suas madeiras. Com o susto, Navi caiu sentado no chão.
De costas para ele, Mizane saiu da taberna, segurando sua espada em uma mão e a adaga em outra, acompanhada por dois novos seres. O primeiro parecia um humano comum na primeira impressão, mas olhando seus detalhes percebia-se diferenças distintas em seu corpo. Sua pele era incrivelmente branca e pálida, com linhas em um tom de azul que desenhavam-se por todo o corpo, criando desenhos e padrões que se encontravam no centro de seu tórax e das costas. Suas unhas, negras e pontudas se destacavam em seus dedos longos e grossos. A mesma coisa acontecia em sua face. Sua longa barba parecia humana, ressecada e grisalha, com mechas azuis e tranças decorativas. Seu nariz era fino e curvado, seus lábios finos e orelhas longas e pontudas. Era desprovido de esclera, e no lugar, uma imensa íris amarela e uma pupila pequena, preta e redonda compunham os olhos, Da pele em volta dos olhos, subiam manchas azuis até a raiz de seu couro cabeludo, que também não trazia fios em seus cabelos, mas sim longas penas azuis. Ele não usava camisa, mas vestia uma bermuda azul rasgada e um colete sem mangas vermelho e aberto, exibindo seu peitoral definido. Possuía braços fortes e veias protuberantes, com duas mãos grossas e calejadas, que seguravam duas cimitarras longas. Era musculoso, porém parecia ser muito hábil.
O segundo, um homem alto e cabeludo, também parecia muito com um ser humano comum, de pele marrom, dreadlocks e lábios vermelhos, mas com diferenças bem características. Seus olhos possuíam a coloração amarelada e reluzente, além de unhas compridas como garras saindo de seus dedos. Em certo momento ele virou para trás, e Navi pode ver seus dentes perfeitamente brancos e alinhados, porém, finos como serra, além de dois caninos longos e de pontas arredondadas nos dentes superiores, iguais aos de um cachorro. Suas feições eram de raiva, e as rugas de seu "rosnado" formavam um "W" sobre o nariz. Suas vestimentas eram típicas de um pirata: camisa branca com suas mangas enroladas acima do cotovelo, presa por um cinto marrom grosso de couro em sua cintura. Uma calça de sarja preta, com suas pernas enfiadas nas botas marrons composta por pequenas fivelas douradas que prendiam o cano alto com cintas de couro, o mesmo material do restante do sapato. Por cima da camisa, um colete de couro preto com vários bolsos e fivelas enegrecidas. Além disso, também usava um pano de cor amarela amarrando os cabelos. Portava uma cimitarra na mão direita e uma espécie de pistola na mão esquerda.
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Perseidas
AventuraZorath, um mundo abandonado por seus deuses há muito tempo, está imerso em guerras que obscurecem sua história verdadeira. Fragmentos de conhecimento sobrevivem em poesias, pergaminhos incompletos, lendas e suposições. Navi, um humano comum de outra...