Capítulo 1 - Encontro do destino

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Shouji nunca pensou que viajar em um navio pirata poderia ser entediante. Mas ali estava ele, debruçado sobre o cesto de observação do mastro principal do Bakusquad, observando desinteressadamente seus arredores, enquanto o sol ameaçava fritar seus miolos. O resto da tripulação não estava melhor. Seis rapazes e duas moças estavam largados na parte inferior do convés, escondendo-se na sombra da vela, que mal era soprada pelo vento. Sero, Kaminari, Aoyama e Hagakure jogavam preguiçosamente com um baralho de cartas. Ashido e Kirishima roncavam alto, usando o colo de Ojiro e Bakugou como travesseiros, enquanto estes liam alguma coisa, claramente insatisfeitos.

Aquela calmaria estava se tornando comum, e embora Shouji tivesse adorado parar de ser arrastado por todos para tocar, dançar, jogar e lutar, agora ele estava começando a desejar que alguma coisa acontecesse. Encontrar terra firme, por exemplo, seria ótimo.

Usando sua individualidade, que lhe permitia projetar partes do seu corpo nas extremidades de seus quatro braços extras, o rapaz criou olhos em diferentes direções para investigar o horizonte. Era difícil assimilar todas as informações obtidas de uma só vez, principalmente porque ele só tinha começado a praticar a transformação em órgãos sensoriais recentemente - os efeitos colaterais incluíam uma terrível dor de cabeça e tontura.

Felizmente, seu sofrimento foi recompensado.

– CAPITÃO! PESSOAL! TEM UM OUTRO NAVIO A BOMBORDO! – Ele gritou a plenos pulmões, usando bocas projetadas, assim que se recuperou.

Foi como se Kaminari tivesse eletrocutado todo o bando. Os que jogavam baralho largaram as cartas de imediato e se lançaram contra a amurada esquerda do barco; Bakugou levantou-se de supetão, fazendo com que Kirishima acordasse sobressaltado ao bater a cabeça no chão, e correu para o timão; e Ojiro chacoalhou Ashido suavemente para despertá-la, mas sua longa e grossa cauda se agitava freneticamente, denunciando sua ansiedade.

Shouji permaneceu no cesto, com todos os olhos focados na mancha que ganhava contraste à medida que se aproximavam. Se tratava de um outro navio pirata, pouco maior que o Bakusquad, completamente arruinado e flutuando por puro milagre. Pelas marcas deixadas nos destroços, ele deduziu que uma intensa batalha tivesse sido travada; um dos mastros estava caído, as velas, dilaceradas, e havia sangue por toda parte; mas não havia nenhum corpo no convés.

Eles pararam próximo ao outro barco, e todos se reuniram próximo a borda para observarem melhor.

– Ei, polvo, está ouvindo alguma coisa? – Bakugou questionou autoritariamente.

O rapaz fechou os olhos para se concentrar, enquanto transformava seus braços em ouvidos, e tentou escutar sobre o vento. Ele não gostou do que captou.

– Eu ouço água entrando. O navio está começando a afundar.

– Tem alguém lá dentro? – O capitão retorceu o nariz, insatisfeito.

– Eu creio que não. Mas com o barulho do vento e da água, eu posso ter perdido algo – ele respondeu em um tom sério, igualmente descontente por não poder ser mais útil.

– Tch. Me ouçam, então! – Bakugou ergueu a voz ao se dirigir a todos. – Vamos invadir e pilhar esse navio até a última moeda, grão e gota de água e bebida que tiver! Se alguém ficar no nosso caminho, atirem ao mar! Dois de vocês ficarão para vigiarem o Bakusquad e ajudarem a transportar a pilhagem pra cá! Quanto aos outros, – ele sorriu diabolicamente. – Vamos aproveitar ao máximo e matar algum bom tempo!

– SIM, CAPITÃO!!! – O bando bradou animado.

***

Ojiro e Hagakure foram os azarados que ficaram pra trás. Uma tábua forte conectou os dois navios, e os outros sete piratas do bando Dynamight chegaram aos destroços.

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