Capítulo 7 - A hora de dizer adeus

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Com a escuridão da noite protegendo o Bakusquad de olhares curiosos, ele foi deixado à própria sorte enquanto a tripulação se reunia em um bar, perto do porto, para encherem a cara. Shouji e Tokoyami, porém, escapuliram da festa na primeira oportunidade e se enveredaram pela cidade, até encontrarem um lugar tranquilo para sentarem e conversarem.

- Desculpa. Sei que você gostaria de ver mais do lugar, mas não penso que consigo andar por muito mais tempo. - Tokoyami comentou com um suspiro cansado, parando no banco de uma praça mal cuidada, com uma igrejinha decadente. No escuro meramente enfraquecido pela luz da lua, o homem-pássaro buscou o abraço do maior para protegê-lo do vento frio.

Shouji o envolveu contente, e usou suas outras mãos para abaixar sua bandana e comer o espetinho de peixe que tinham acabado de comprar.

- Está tudo bem. Você ficou fora o dia inteiro com o capitão e com os outros para comprarem suprimentos. Imagino que tenham andado a cidade inteira.

- Eu pensei que nunca fôssemos parar. - Tokoyami murmurou, comendo seu próprio espetinho. Então chutou seus sapatos para fora dos pés e os descansou no chão frio, com uma expressão de alívio. - É só por um minuto. Vou pô-los de volta logo.

Shouji riu silenciosamente. Era tão adorável e divertido como Tokoyami se preocupava com coisas tão bobas. Ele olhou para os lados por um segundo, então sentou-se no chão, diante do banco e tomou os pés do menor, carinhosamente.

- O-o que você está fazendo? - O rapaz se surpreendeu, mas não conseguiu puxar suas pernas.

- Te ajudando a relaxar um pouco. Eu sei o que estou fazendo. - Shouji iniciou uma leve massagem, coisa que tinha aprendido há muito tempo, em seus piores dias.

- Você não precisa fazer isso. - Tokoyami insistiu, com as penas estufadas.

- Eu quero fazer isso. Mas se você quiser, eu posso parar. - O gigante o encarou com um sorriso provocativo. O homem-pássaro o olhou de volta com falso aborrecimento e se rendeu.

- Certo. Se é o que você quer.

- Sim, é.

Shouji tinha mãos o suficiente para terminar seu espetinho e mimar seu amante. Ver o sorriso de contentamento no rosto do outro fez valer a pena não estar ao seu lado, abraçando-o.

- Eu gosto tanto de você. - Ele falou sem pensar, mas isso não era novidade. Às vezes suas palavras de adoração escapavam de seu coração e, embora ele ainda ficasse embaraçado, ele também tinha descoberto que isso funcionava como um convite. Então não foi surpresa quando Tokoyami se dobrou em sua direção e puxou seu rosto, gentilmente, para um beijo.

- Eu também gosto de você, Mezo. Muito.

Shouji tinha certeza de que tinha um sorriso estúpido naquele momento, mas ele não podia se importar menos. Em pouco tempo, ele voltou para o lado de Tokoyami e o encobriu com seus braços, roubando tantos beijos quanto possível.

- Eu gosto tanto de você. - Tokoyami foi o primeiro a dizer dessa vez, quebrando o beijo para enlaçar seu pescoço apertado.

- Eu também gosto de você, Fumi. Eu amo você. - O maior disse nervosamente, mas com toda a certeza de seu coração.

O aperto foi intensificado, e Shouji se sentiu estrangulado.

- Fumi? - Ele questionou, com a respiração difícil. - O que houve?

O apertou suavizou, mas Tokoyami permaneceu em silêncio por algum tempo com o rosto ainda escondido. Shouji acariciou suas penas escuras, tentando tranquilizá-lo pacientemente. Levou algum tempo, mas o homem-pássaro respirou fundo, vacilante e fungando levemente, então recuou e voltou a se sentar para frente, com a cabeça tão afundada em seus ombros que era difícil ver sua expressão.

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