Capítulo 5 - Um tempo a sós

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Logo ficou claro que Shouji não era o único que realmente gostava de ter Tokoyami e Dark Shadow a bordo.

Ojiro e Hagakure apresentaram para o homem-pássaro os diversos livros que mantinham guardados a sete chaves em um baú. A maioria deles foi trazida pelos próprios tripulantes quando deixaram suas casas e famílias para trás, mas outros foram conquistados em apostas com outros piratas, ou pilhados de navios comerciais. Obviamente, Tokoyami ficou encantado e passava horas e horas lendo sem parar.

Quando não estava com os livros, ele estava tocando com Kaminari e Sero. Os piratas ensinaram para ele todas as músicas que conheciam, e Tokoyami não decepcionou ao pegar uma a uma no violino, além de ensinar o instrumento ao loiro elétrico também. Shouji nunca ouviu tanta música desde que chegou, mas a melhor parte era sempre quando Tokoyami começava a cantar. Toda vez que o homem-pássaro soltava a voz, Shouji se sentia enfeitiçado, seu coração dançava com seu estômago e, ao mesmo tempo que parecia que ele estava passando mal, ele nunca tinha se sentido tão bem em toda a vida.

Tokoyami também encontrou assuntos em comum com Aoyama e Ashido. Com o primeiro, ele falava sobre economia, política e a vida na cidade, embora nenhum dos dois entrassem em detalhes profundos que denunciassem suas verdadeiras condições e famílias. E com a mulher, o assunto eram as estrelas e todo conhecimento em torno delas, místico e científico.

Suas interações com o capitão e com o imediato eram mais comedidas, mas Dark Shadow chegou a ter uma competição de queda de braço com Kirishima, e Bakugou não explorava o rapaz com a rigidez que tinha ameaçado. Por isso ele tinha todo aquele tempo livre para curtir e distrair a tripulação - o que já era um grande favor.

- Eles são incrivelmente receptivos. - Tokoyami comentou no cesto, certa noite.

- Sim, eles são. É fácil gostar deles. E eles realmente gostaram de você. - Shouji concordou, um pouco feliz demais.

Desde aquela primeira noite, Tokoyami não tinha voltado ao cesto, e com todo mundo rodeando o rapaz constantemente, Shouji começou a se sentir desconfortavelmente distante dele. Então estar a sós com ele de novo parecia um grande evento - bem, tão a sós quanto possível quando se tinha uma individualidade viva que gostava de se manifestar à noite. Ambos estavam sentados com as costas apoiadas no mastro e observando o horizonte, apesar de Shouji olhar de relance para o outro a cada minuto.

- É impossível não gostar do Fumi. - Dark Shadow garantiu, com a cabeça deitada entre eles.

Shouji acenou inconscientemente, com um sorriso bobo. O homem-pássaro, entretanto, virou o rosto, envergonhado.

- Não seja prepotente, Dark Shadow. Mas eu fico feliz que minha presença seja agradável. Eu não esperava que estar em um navio pirata pudesse ser tão divertido.

- Uhum! Aqui é bem mais legal que lá em casa! - A sombra concordou animadamente, fazendo Shouji rir baixinho.

- Parte disso é graças a vocês. O pessoal é bastante animado, mas foram vocês quem renovaram a alegria deles. - O gigante comentou casualmente.

Sua mão roçou na sombra, e Shouji automaticamente olhou para ela. Dark Shadow tinha uma expressão de contentamento enquanto era acarinhado por Tokoyami. A mão do menor era tão pálida em contraste com a individualidade, e tão pequena e delicada em comparação com a sua própria. Ele quis segurá-la, mas se conteve, e ao afastar sua mão, Dark Shadow choramingou como uma criança birrenta.

- Não! Fica aqui. - Ele ordenou, agarrando a mão do rapaz e levando-a para sua cabeça de pássaro.

- Dark Shadow! - Tokoyami protestou com as penas estufadas.

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