Capítulo 4 - Música, por favor

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- Ei, Shouji! Me ajuda aqui! - Kaminari chamou na tarde seguinte.

Shouji tinha acabado de largar o timão, já que Kirishima e Bakugou voltaram de uma soneca pós-almoço, e seguiu o loiro, desconfiado. Kaminari tinha uma expressão arteira, mais que o comum, mas, para o seu alívio, ele apenas queria pegar os instrumentos musicais que estavam entocados numa saleta do barco: um par de violas, gaitas e flautas, um violino e um pequeno conjunto de percussão. Quando reapareceram no convés com toda aquela bagunça, o ânimo da tripulação foi renovado.

- Denki, Mezo! Vocês são demais! - Ashido deu um pequeno gritinho. - Eu vou chamar a Tooru e os outros!

Enquanto a garota de pele e cabelos rosados corria para a cabine para chamar o resto de seus colegas, Kaminari entregou uma gaita para Sero, e gritou Ojiro, que estava no cesto de observação naquele momento. O loiro com uma cauda desceu acrobaticamente e pegou uma das flautas, imediatamente começando algo para se aquecer. Sero não perdeu tempo em acompanhá-lo, e Kaminari protestou, pedindo que eles esperassem até ele afinar uma das violas.

Em pouco tempo, todos tinham se juntado no meio do navio, exceto pelo capitão e o imediato, que cuidavam da direção, mas poderiam aproveitar o som de onde estavam.

- Você toca alguma coisa, Tokoyami? - Aoyama perguntou, pegando para si outra flauta.

Nem todos na tripulação sabiam tocar ou cantar. Mesmo assim, Ashido sempre acompanhava com palmas, ou dando um show de dança, e Kirishima, mesmo sendo um completo desastre, não se segurava quando ficava empolgado. Aoyama, Ojiro, Hagakure e Sero sabiam, em diferentes níveis, tocar flautas, mas o último também sabia tocar gaita - sendo o único do bando - e conhecia bem a viola. Kaminari também dominava o instrumento de corda como ninguém e era o cantor do grupo junto com Hagakure. Shouji e Bakugou apenas arriscavam a percussão, mas o capitão era bem mais empolgado que o gigante. Shouji encarava a música de uma forma mais relaxante, que excitante. Ainda assim, a tripulação sempre fazia questão da sua presença, e ele admitia que era divertido festejar com todos sem nenhum motivo em específico.

- Eu não sou bom com instrumentos de sopro, mas conheço bem os de corda. - O homem-pássaro respondeu com uma postura reservada, mas seus olhos estavam focados nos instrumentos, como uma criança que queria muito algo, mas estava tímida demais para pedir.

- Você toca isso aqui? - Kaminari ergueu o violino de repente e quase liberou eletricidade de tanta felicidade quando o outro concordou. - Ótimo! Sabe alguma música pirata? - Ele esticou o braço o máximo que pôde, oferecendo o objeto.

- Não...

- É claro que não. Olha a cara de riquinho de terra firme dele. - Ashido zoou rindo.

- O que você tem contra os "riquinhos de terra firme", senhorita Ashido? - Aoyama lançou-lhe um rabo de olho de falsa irritação.

- É, senhorita Ashido. O que você tem contra os "riquinhos de terra firme"? - Hagakure imitou o tom de voz do loiro, pondo suas mãos invisíveis nos quadris e inclinando o corpo para mostrar sua suposta indignação.

- Eu? Nada, nada. Vamos começar? - A garota desconversou com um riso divertido, e Sero puxou algo com sua gaita.

Shouji manteve um olho em Tokoyami, enquanto entrava na música que eles já tinham tocado milhares de vezes no pouco tempo em que esteve no navio. O menor tinha a testa franzida, encarando a viola atentamente e batia, discretamente, o pé no chão. A música se tornou um mero som de fundo em sua mente, enquanto ele mirava, vidrado, o homem-pássaro, que, lentamente, levou o violino ao pescoço e deixou o arco de prontidão. No tempo certo, Tokoyami entrou na música, com confiança, precisão e perfeição.

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