Capítulo Final

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— Lisa? – Abri meus olhos ao escutar a voz de Dylan que acendeu a luz fazendo doer meus olhos. – Por que estava tudo escuro?

— Você voltou. – Saí do sofá indo abraçá-lo.

— Eu prometi que voltaria – falou me segurando com carinho. Em seguida me afastou me olhando. – Você bebeu? Por quê? — perguntou tirando a garrafa de bebida que ainda estava na minha mão.

— Bebi só um pouco – murmurei piscando meus olhos.

— Aconteceu alguma coisa?

— Descobri que meu pai era um monstro – murmurei e o abracei novamente. – Ele machucava minha mãe e machucou minha tia também.

— Do que está falando?

— Não é irônico, saber que nossas histórias sobre a família são parecidas? – questionei me afastando um pouco para olhá-lo. – Ainda bem que não somos iguais aos nossos pais.

Dylan ergueu sua mão acariciando meu rosto e me levou para seu quarto, me sentando em sua cama. Ele se sentou do meu lado, buscando minha mão.

— Por que está dizendo isso? – perguntou ainda confuso e suspirei.

— Minha tia me contou tudo sobre o acidente que matou meus pais.

— Tudo? – indagou confuso.

— Sim. Ela só estava tentando proteger minha mãe, das atrocidades de meu pai. Mas acabou perdendo o controle do carro e... – Me interrompi lembrando do que eu havia lido.

— Não precisa me contar – ele falou, mas ignorei.

— Minha tia me afastava, porque eu a fazia lembrar da mamãe. – Dylan me abraçou e chorei em seus braços. – Meu pai era um monstro. Meu pai, Dylan! Como ele pôde fazer isso?

Dylan me deitou na cama sem deixar de me abraçar e em algum momento eu dormi. Não foi difícil já que o álcool havia me deixado mais cansada ainda.

Ainda era noite quando despertei de um pesadelo. Olhei ao redor procurando por Dylan, mas ele não estava ali. Saí da cama descendo as escadas. A livraria estava vazia. Só então reparei no que havia feito. A história da minha família me deixou tão perturbada que nem sequer consegui pensar em como foi o breve passeio de Dylan com seu tio.

Aproximei-me no balcão da livraria buscando o telefone. Não demorou muito para que alguém atendesse.

— Alô? – Alice respondeu do outro lado e suspirei.

— Sou eu Alice, a Lisa. Dylan está aí com vocês?

— Ele voltou? – A voz esperançosa dela me dizia que ela não sabia sobre seu paradeiro.

— Voltou, mas ele não está aqui, então pensei que estivesse ido para a casa.

— Não, Dylan não apareceu por aqui. Provavelmente foi para a cabana.

Olhei para o lado de fora. Os flocos de neve caíam pintando as coisas de branco. Suspirei no telefone. Ele havia ido para a cabana outra vez.

— Tudo bem, Alice, obrigada. Me desculpe por ligar tão tarde – falei.

— Lisa? – ela me chamou antes que eu desligasse.

— Sim?

— Você estava certa. Dylan sempre vai voltar para gente – murmurou e pude sentir que sorria. Peguei-me sorrindo de sua felicidade.

Após desligar a chamada, peguei meu casaco e uma lanterna. O lado de fora estava frio. Ao olhar para cima pensei que talvez essa fosse a última neve antes do inverno acabar. Quem podia imaginar que eu não tinha mais planos para ir embora? A montanha ao meu lado não era mais tão assustadora e segui pelas trilhas até chegar à cabana.

Até Que O Inverno AcabeOnde histórias criam vida. Descubra agora