Capítulo 14

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Ainda não era noite quando resolvemos voltar para nossas casas. Dylan tinha a consciência de que seu pai e sua irmã estariam preocupados, por mais que soubessem que eu estava com ele.

— O Sr. Noah gosta muito de você – falei enquanto descíamos a montanha.

— E eu sou grato por ele ter me encontrado e me aceitado – Dylan falou e sorri.

— Como foi que o Sr. Noah te achou? – perguntei curiosa.

— Era de manhã. O inverno havia acabado e ele, juntamente com a esposa, Estrella, estavam fazendo uma caminhada. Eu os tinha visto e acabei os seguindo, estava com fome e tinha comida na bandeja que a senhora levava. Estava tão focado nela que acabei tropeçando em uma pedra. Foi assim que eles se deram conta de mim. Na época eu não confiava em ninguém, então demorou um pouco para nos tornarmos a família que somos hoje.

— As pessoas diziam que você não falava nada – digo e ele sorri.

— As pessoas falam demais, mas sim, isso é uma verdade. As outras crianças implicavam demais comigo e isso só fazia eu me esconder mais e mais. Foi somente quando Alice nasceu, que eu comecei a me comunicar mais. Na época, ela chorava muito e o som da minha voz, a fazia parar.

— Que amor – murmurei admirada. – Então foi Alice que conseguiu te tornar sociável?

— Parece que sim.

— Ainda é difícil para você confiar nas pessoas?

— Um pouco – falou em suspiro.

— Sabe que pode confiar em mim, não é? – perguntei e ele me olhou por alguns segundos.

— É claro que sei.

Respondeu me fazendo sorrir. Quando finalmente descemos a montanha, nos separamos. Ele iria dormir na casa do pai e eu estava voltando para a minha. Nos beijamos mais uma vez em despedida.

Cheguei a casa com uma felicidade que não cabia no peito. Ao ver minha tia sentada na mesa com seu notebook aberto, fui em sua direção abraçando-a. Ela rapidamente fechou a tela do notebook e paralisou.

— Lisa?

— Hum? – murmurei mantendo meus braços ao redor de seu pescoço e minha cabeça enfiada nos seus cabelos.

— O que você está fazendo?

— Te abraçando.

— Por quê?

— Porque estou feliz! – falei e me afastei subindo as escadas. – Eu só estou muito feliz!

Ela ainda estava perplexa quando subi. Caí de costas na cama, com o sorriso congelado em meus lábios. Lembrei dos momentos que tive com Dylan e peguei o travesseiro cobrindo meu rosto. Eu parecia uma adolescente boba e apaixonada. Minha risada saiu alta e respirei fundo tentando me conter.

***

Ainda não eram sete da manhã quando cheguei à livraria. Senti o cheiro de café e sorri. Dylan já havia chegado. Entrei na livraria e ele me olhou, seu sorriso pareceu iluminar o ambiente. Aquele sorriso era para mim, era meu. Aproximei-me rodeando seu pescoço com meus braços o puxando para mim.

— Senti sua falta – falou enfiando seu rosto no vão de meu pescoço envergonhado.

— Eu também – respondi e ele depositou um beijo quente em meu pescoço me fazendo arrepiar.

— Quer café?

— Quero, obrigada. — Dylan se afastou me entregando sua xícara.

— Estou indo à cidade agora. Tenho uma reunião com o senhor que fornece os livros para mim.

Até Que O Inverno AcabeOnde histórias criam vida. Descubra agora