Nosso fim

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Escrito por: RedWidowB 

Notas Iniciais: Último capítulo. Espero que gostem. Boa leitura!


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Park Jimin odiava sua vida na Terra, até conhecer Min Yoongi. Caso lhe fosse oferecida a morte, mesmo enquanto ainda tinha um lar, ela a aceitaria de bom grado.

Porém, Yoongi havia lhe dado motivos para acreditar que, ainda que nenhum outro lugar no mundo fosse melhor que Autumnrise, ele poderia viver feliz ao lado do rapaz que o salvou. E ele sabia muito bem que, apesar de nunca dito, a recíproca era verdadeira.

Jimin sabia que sentia todos os amores que poderia sentir por Yoongi, desde o mais puro e amigável ao mais desejoso, pois era simplesmente assim que se sentia. Se era tocado pelo outro, se o via sorrir, se o via simplesmente existir ao seu redor. Ele queria cuidar do Min na mesma intensidade que queria ser cuidado, e amá-lo até que nada mais fizesse sentido além dos dois juntos.

Justamente por isso, o Park temia que Maré não fosse capaz de cumprir sua promessa, apesar de, até aquele momento, nenhuma vez ter sido morto.

Enquanto esquartejava o Deus do sol, Maré explicou as regras daquela competição tenebrosa.

— A cada vez que eu morrer, perderei uma vida que tirei — comentou o Deus, sem qualquer demonstração do esforço que estava fazendo para arrancar a cabeça de seu irmão. — Temos até o final do dia para sobreviver o máximo de tempo.

Dessa forma, Jimin passou a contar cada morte, tentando pensar o mínimo possível no que estava vendo e associar à sua necessidade de viver.

Yoongi, por outro lado, apesar de saber que não sentiria enjoo ou qualquer outro efeito negativo, evitou olhar as atrocidades que o Deus das águas cometia. No fundo de seu consciente, sabia que aquela cena destruía todos os seus conceitos e crenças, assim como toda a experiência que estavam vivendo. Como poderiam os deuses serem tão... humanos?

Como poderiam justificar aquela loucura com a palavra tédio?

Sua cabeça dava voltas e voltas, sempre voltando ao mesmo pensamento de que aquilo tudo não fazia sentido. Como poderiam ser aqueles deuses os mesmos que criaram a Terra?

Talvez fosse por isso que, por tanto tempo, antes de seus familiares se tornarem o que não deveriam, as pessoas não tinham tal fé. Talvez fosse culpa de sua família que, no fim das contas, ele realmente tivesse parado ali.

Mas como culpar os mortos? Reencontrando-os no além túmulo? Aquele era seu futuro?

— Está tudo bem, Yoon — Jimin disse a ele, como se conseguisse ler seus pensamentos.

Sem alternativas, pois seu corpo inteiro parecia ainda mais sensível a tudo o que condizia ao loiro, Yoongi se deixou encostar no ombro dele, buscando acalento. Não tinham muitas formas de se aproximarem, uma vez que estavam agarrados aos fios de cabelo azuis próximos à orelha direita de Maré, mas faziam o que podiam.

Dando suporte um ao outro, os dois se agarraram com mais força aos cabelos do Deus, quando este bradou altíssimo e correu em direção à deusa que os humanos reconheciam como a que o matou pela primeira vez.

Nada tinha muita forma à vista dos dois mortais, já que seus olhos não eram capazes de captar completamente as dimensões enormes do coliseu onde estavam, além das lutas se sucederem em velocidade inumana. Tudo o que enxergavam propriamente era o final, o sangue divino se espalhando em gotas douradas no instante em que Maré ria como louco e destruía os corpos que logo se recomporiam.

Logo, apenas fechavam os olhos, agarravam-se com o máximo de força que tinham aos fios e esperavam pelo momento que teriam um resultado, sempre temendo que o mutilado da vez fosse o deus que os protegia naquele momento.

O som dos urros, tintilares de armas e dos golpes desferidos eram altos e inconfundíveis. Jimin já havia aprendido a como identificar o final das batalhas, pois Maré sempre desferia o último golpe comemorando a plenos pulmões.

Daquela vez, a deusa terminou aos pés de Maré, após ter arrancado o braço esquerdo do Deus. Ela proferia algo em idioma que os dois humanos não compreendiam, todavia era fácil perceber que xingava ao oponente.

— Seu poder será meu, amor — afirmou Maré, e com a lança que o matou antes, desferiu golpe similar ao que recebeu da deusa, vendo-a rir pela similaridade das situações.

E de Deus em Deus jogado ao submundo por instantes, a contagem mental de Jimin subia aos poucos. É claro que não poderia dizer com certeza se, ao final do dia, Maré seria o vencedor, porém a contagem espantava o medo que o cercava.

Quando o Deus do sol retornou à vida, também se ocupou a levar consigo a luz do local, mostrando que o dia estava prestes a acabar. Apenas o brilho dourado dos corpos divinos poderia ser visto, entretanto Jimin e Yoongi permaneciam de olhos fechados.

Maré passou a lutar empunhando a lança da deusa do amor, nunca deixando de repetir que, mais uma vez, ele se tornaria o Deus do amor.

E o que eram horas para os deuses, pareciam dias para os dois humanos, que apenas desejavam retornar às suas vidas. Diversos pensamentos passavam pela mente de Yoongi, principalmente aqueles que, após analisar propriamente, decidiam que os deuses haviam feito os humanos à sua imagem e semelhança realmente, no entanto, sem a possibilidade de se entediar de viver.

Toda a violência que presenciou era muito parecida com o que via em Autumnrise, diferindo apenas que, no caso de sua terra natal, as mortes não tinham volta. Os machucados de Jimin não se regeneravam ao passo de segundos e ele tinha certeza que, caso Maré não os tivesse apanhado do sacrifício, a morte seria certa para eles também.

Seus pensamentos foram cortados, entretanto, em tempo que o sol novamente surgiu e ele pôde enxergar a Jimin e a si cobertos de líquido dourado viscoso. Maré tinha os braços erguidos e gritava como vitorioso sobre os diversos corpos empilhados sob seus pés.

Jimin encarou Yoongi somente o suficiente para ver o espanto em seus olhos e seus corpos, junto ao do gigante, sumirem no ar e reaparecerem no local onde tudo começou: a capela em Autumnrise.

Os dois caíram no chão de pedra da construção em ruínas, rolando pela superfície áspera que arranhou suas peles, como se tivessem sido jogados ali. Yoongi abraçou o Park, parando o movimento de seus corpos.

Eles se encararam novamente, aos poucos entendendo o que havia acontecido. Finalmente capazes, Jimin e ele começaram a chorar, agarrados ao corpo um do outro, sem acreditar que havia dado certo.

Maré fora vencedor e cumpriu com sua palavra.

Enquanto soluçavam e deixavam as lágrimas limparem seus rostos sujos de poeira, sem nenhum momento soltarem um ao outro, Yoongi sibilava todas as declarações de amor que pensou que não poderia direcionar ao loiro, recebendo em resposta beijos por todo o seu rosto, nunca alcançando seus lábios, para não o calar.

— Eu te amo — Jimin disse, finalmente beijando os lábios do príncipe.

Perdidos um no outro, ali, no chão frio da capela, permaneceram até não haver mais luz e eles poderem sair pelas ruas sem serem vistos. De mãos dadas e queixos erguidos, invadiram o apartamento que pertencia ao Min e de lá retiraram todos os pertences de valor.

Somente ao verem as máscaras respiratórias jogadas no chão, perceberam que a poluição não os machucava mais, mas resolveram que não se preocupariam em entender o porquê.

Com bagagens nas costas e lado a lado, Yoongi eJimin deixaram Autumnrise para trás, em busca da vida que aquele lugar nunca ospermitiu ter. 

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Notas Finais: Agradeço muito a quem acompanhou essa fic até o fim. Havia muito tempo que gostaria de desenvolver esse plot e o 2min me deu essa oportunidade :) muito obrigada a toda a equipe e qualquer pessoa que tenha lido até aqui!

Até a próxima! 

The King's promise | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora