2. Despertar

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            Big despertou no dia de ano novo. Nove meses depois do Dia D.

           Nas primeiras horas do dia ainda não conseguia abrir os olhos, mas a voz de Kinn foi a primeira que ele ouviu. E, suas palavras não eram as que esperava ouvir.

            -    Porsche, até agora não entendi você querer dar o banho de Big. O hospital tem enfermeiros para isso contratei dois, por sua insistência, para serem exclusivos dele, mas você insiste em cuidar da higiene dele como se fosse seu empregado e não o contrário!

           -    Eu não entendo você. Nossa nudez não é pública. E, Kinn, eu devo minha vida a esse homem. Esse homem se jogou entre uma saraivada de balas e eu. Não há nada que eu possa fazer para celebrar seu ato. E por qual motivo vou deixar estranhos tocarem-no, invadir sua intimidade, sendo que posso eu mesmo fazer isso?

              -    Sabe que ele nunca vai lhe agradecer, não é? Ele odeia você. Ele se jogou na sua frente porque faz parte do trabalho dele. Se ele não lhe protegesse, ele morreria. Ele fez porque sabe que eu o castigaria com as dores do inferno se você morresse!

              -    Kinn, eu olho me pergunto o que vi em você para me apaixonar. Você e burro ou se faz? Big se jogou na minha frente por amor! Idiota! Ele quis evitar que você sofresse, caso eu morresse. Como nunca viu isso? Isso é mais óbvio que o sol, Anakinn Theerapanyakul!

             Big sentiu algo mais além das mãos suaves que cuidava de seu rosto, esfoliando-o com um creme levemente perfumado. Sentiu uma lágrima sair de seus olhos. Kinn, seu chefe, nunca se importou com seus sentimentos. Com os sentimentos de ninguém!

             Mentira. Se importou com Tawan e agora com Porsche. Tawan jamais cuidaria dele no leito de dor. O Porsche cuidaria, afinal, estava ali, cuidando dele, um simples guarda-costas, que por acaso amava o mesmo homem que ele ama e mesmo assim não se sente mal por isso! Infelizmente tem que reconhecer mais uma vez que o ex-colega é muito especial.

            O chefe estava certo. Ele odiava Porsche. Não por ele ter sido um guarda-costas e ter subido à posição de chefe. Até porque Big sabia que como filho da segunda filha do velho e insuportável morto Theerapanyakul pai, Porsche era por direito o líder da segunda família. Então o problema não era sua ascensão, era exatamente o chefe, que sem saber do parentesco e direito do rapaz, o elevou ao cargo que Big desejava desde que foi designado pelo pai a ser treinado como guarda-costas do filho do meio de khun Khorn : amor de sua vida.

           -    Eu não me importo com o ódio dele. Nem mesmo quero que ele saiba que cuidei dele. Quero que ele possa sair daqui de cabeça erguida, sabendo que estranhos não vilipendiaram seu corpo em cuidados comuns, vendo e expondo sua nudez.

            Big ouviu o suspiro resignado do chefe.

            -     Vou atender essa ligação, já volto, Che.

           A porta fechou-se suavemente à passagem do homem estúpido que Big e Porsche amam.

           -     Senhor Porsche, quando ele despertar vai estranhar essa pele de seda que tem agora. Vai saber que não a adquiriu com nossos cuidados. Não que maltratemos nossos clientes!

           Big ouviu o Porsche sorrir e sentiu que ele abraçou o enfermeiro. Mais uma vez tentou falar, mas sentiu-se imóvel.

            -    Fong, eu sei que vocês atendem muita gente ao mesmo tempo. Não o estou acusando de nada. Mas Big é um homem orgulhoso. Não se sentiria bem sabendo que toda Bangcoc o viu nu e sem controle sobre si.

Missão  de Ano Novo    #BigNopOnde histórias criam vida. Descubra agora