-HISTÓRIA PAUSADA-
-Estava farta desta vida, toda a minha vida iria se resumir em trabalhar no mercado joja até a minha morte? Mas então eu lembrei da carta de meu querido avô...
Me mudo para sua fazenda, mas não pensei que iria mudar tanto assim.
P...
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Enfim o verão acabou. Lá se vai todos os meus mirtilos, hoje é dia 28 do verão e posso lhe dizer com tamanha certeza que este verão foi estressante de mais.
Posso listar as coisas estressantes que aconteceram, mas nenhuma ultrapassa a preocupação que tive com Shane neste verão.
Óbvio que eu e ele nos aproximamos muito em um mês, o que por muitas pessoas pode se parecer estranho e até meio forçado, mas eu nem ligo mais, acabei focando todas as minhas atenções em Shane e me esqueci do resto dos moradores.
Ontem dia 27 tive que ir a Robin, iria comprar a expansão para meu celeiro para colocar algumas cabras lá dentro, acabei trombando com Sebastian no caminho e puxei assunto com o mesmo.
Poderia dizer que foi mais um monólogo do que uma conversa, mas mesmo assim ele parecia interessado em minhas histórias de fazendeira, sempre fazendo perguntas como: "Qual é a época das abóboras mesmo? Vou marcar em meu calendário" ou "Em seu galinheiro tem uma galinha cinza?" e muitas outras perguntas.
Combinamos no mesmo dia ir para o Cais conversar mais um pouco, ele havia me dito que só ia ao cais em dias chuvosos, mas gostaria de conversar lá, pois haveria um pouco mais de paz, concordei sem nenhum questionamento, finais de estação podem ser bem entediantes às vezes.
No mesmo dia eu fui ao cais as 16:00 e encontrei Sebastian sentado na beira.
-Retrospectiva-
O dia havia sido bem monótono comparado aos outros dias, me sinto menos produtiva a cada dia de uma estação.
O clima estava ficando mais fresco e as folhas das árvores já estavam se alaranjando, Shane estava saindo mais e quase não o via durante a semana, nossas conversas estavam ficando cada vez menos frequentes e parecia que só eu puxava o assunto, pode ser minha paranoia, mas já desisti de me entender.
Quando escutei o som das ondas minha mente imediatamente se acalmou, pelo menos uma parte de meus pensamentos invasivos se dissiparam igual às ondas que quebravam na areia.
Dou um aceno para Elliott que era uma pessoa que eu não conversava frequentemente, mas já o vi algumas vezes na biblioteca, já passei uma noite com Leah e ele no Saloon.
Vou em direção ao cais onde combinei de conversar com Sebastian, ele é legal. até descobri algumas coisas sobre este Emo, como: ele joga um dos meus RPG's de mesa favoritos, lê quadrinhos e livros de ficção cientifica.
— Ah! Violet.
Sebastian se assusta um pouco quando me sento ao seu lado, ele parecia perdido no vasto azul em nossa frente, reparei um pouco mais e vi que ele estava fumando, não falei nada e também não iria falar, o cheiro não me incomoda e é problema dele.
— Já falei que pode me chamar apenas de Vi.
Ele acena com a cabeça em forma de concordância, e depois um silêncio se faz presente, nem ele e nem eu sabia como continuar o assunto que estávamos logo de manhã, comecei a ficar desesperada para começar qualquer assunto apenas para que aquele silencio se evanescer.
— A quanto tempo você é amigo de Sam e Abigail?
Ele solta a fumaça e direciona seu olhar ao horizonte, estava pensativo com sua resposta, ele realmente não sabia o que falar ou o que responder para uma pergunta tão simples.
— Sam é um bom amigo, o conheço desde de quando éramos crianças, já Abigail é mais uma colega do que amiga...
Concordo com a cabeça e mudo de assunto, não era íntima o suficiente para perguntar sobre a vida pessoal de um Jovem-Adulto.
O assunto continuou de forma harmônica, ligávamos assuntos e continuamos a conversa até escurecer, olhei em meu relógio e eram 18:00 ver o por do sol no cais refletindo no mar foi uma sensação agradável.
Ficamos em silêncio por um tempo até eu escutar um som de isqueiro e presumo que Sebastian tenha pegado outro maço.
— Sabe... nem eu sei o que a Abigail é para mim...
Ele começa a falar, foi um pulo de assunto muito grande, ajeito minha coluna e começo a prestar mais atenção nas palavras que Sebastian proferia.
— Ela é uma boa amiga, entende tudo que eu falo, escuta meus problemas, me dá conselhos, é gentil com todos e mesmo quando eu sou grosso ela continua a vir me visitar.
— Eu não entendo meus sentimentos, Sam disse que eu tenho uma queda por Abigail e provavelmente eu tenha mesmo, mas nossa amizade está boa assim e eu não quero a perder por algo que eu deveria ter guardado a mim mesmo.
Ele solta um longo suspiro de cansaço, suponho que está sendo difícil tirar toda essa emoção para fora.
— Tenho medo de falar o que eu sinto a ela, e perder mais alguém, porque todas as pessoas que eu me abri foram embora em algum momento.
Eu coloco uma mão no ombro de Sebastian em forma de conforto, parecemos dois perdidos em um vasto oceano de sentimentos, e então quando percebo que Sebastian não iria dizer mais nada eu começo a falar.
— Eu gosto de pensar que eu as pessoas são um museu Seb.
Ele vira a cabeça em minha direção e seu semblante de dúvida é bem perceptível.
— Museu? O quer dizer com isso?
Não me seguro e solto uma risada anasalada com a sua confusão.
— É, um museu, algumas pessoas vão ficar longe, porque não estão interessadas, e tá tudo bem. Outros vão explorar só o primeiro andar, porque elas têm medo de explorar todo resto...
Ele me interrompe, mas parece estar bem interessado com a minha analogia.
— Medo?
Eu concordo com a cabeça e continuo a falar:
— Tem pessoas que vivem de uma maneira tão livre e leve, e outras que se fecham para o mundo a sua volta, muitas outras pessoas se sente intimidadas. Algumas pessoas vão participar da exibição temporária, outros vão explorar mais andares...mas não vão entender o contexto.
— Poucas são as pessoas que vão passar horas explorando o museu. Buscando a entender cada uma das histórias de cada uma das suas artes. E essas pessoas... São as pessoas certas para você.
Sebastian estava estático, parecia encontrar as palavras certas, mas cada vez que pensava sua mente vagava mais ainda em pensamentos.
Para fechar o meu pensamento eu bato minhas mãos dando um susto de leve no Jovem, dou meu melhor sorriso de conforto.
— Resumindo, o não você já tem Sebastian, do pouco que eu conheço da Abi ela não iria querer perder sua amizade apenas por um sentimento não reciproco, se fosse para dar um conselho eu diria: viva sua vida como se cada segundo fosse seu último.
-Fim da retrospectiva-
Com esses pensamentos em minha mente eu começo o meu dia, Marnie achou um cachorro no começo do verão e ele está sendo um motivo para continuar a cuidar desta fazenda e não largar tudo.
O nome dele é Bobba e ele vive pulando de um lado para o outro em minha fazenda, tive a ideia de Bobba me acompanhar pela cidade hoje e assim eu fiz.
No caminho para a loja do Pierre encontro Abigail com um buquê de flores na mão, suas bochechas estavam mais rosadas do que as tulipas que eu havia plantado na primavera.
Chego mais perto da de cabelos roxos e ela se assusta rapidamente escondendo uma pequena cartinha em suas costas, eu rio com a atitude da mesma.
— Posso ser a tia nos natais de família e perguntar e os namoradinhos?
Abigail solta um sorriso irônico e depois pega a carta novamente passando os dedos na pequena folha de papel.
— Essa foi a carta mais clichê que eu já recebi.
Ela estava com um sorriso bobo nos lábios, eu já sabia quem havia enviado a carta e estava muito satisfeita com isso.
— "Obrigado pela paciência de explorar meu museu" é o que está escrito.
Tenho um surto interno depois de Abigail me proferir tais palavras, estava orgulhosa de Sebastian e ainda mais de mim por fazer este Emo Jovem-Adulto aproveitar os resquícios de uma felicidade;
Depois de surtar com Abigail meu relógio apita e eu me lembro de meu compromisso.
— Abi depois eu quero mais detalhes! Tenho que ir conversar com Emily sobre alguns tecidos que ela estava vendendo Beijo!
Saio correndo nem dando oportunidade de Abi me responder, Bobba me acompanhava correndo também, sua felicidade era visível, mas infelizmente não estava prestando atenção em minha frente e esbarro em alguém.
— Me desculpe estava com muita pressa!
Levanto meu olhar e vejo Shane em minha frente, meu sangue congela e eu realmente não sabia o que dizer, não conversávamos desde o dia em que ele me visitou e eu literalmente desabei em cima dele.
— Vi! Que surpresa!
Ele também estava nervoso, conseguia ver as gotas de suor se formando em seu rosto tudo isso por que não nos falávamos mais, nossa intimidade decaiu um pouco depois que eu parei de mandar as cartas esperando que ele me mandasse uma.
