Capítulo 01: Alguém Confiável.

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Eram dez para as sete da noite, e Bakugou tinha deixado o carro num estacionamento próximo. Decidira caminhar até a lanchonete, estava muito parado e andar não parecia uma idéia tão ruim. O frio não lhe causava nem arrepios, uma vez acostumado as variáveis temperaturas extremas. Mesmo assim, sabia que seu corpo não reagiria normalmente ao clima que não lhe convinha normalmente, usava a jaqueta escura por cima da blusa social. Voltava do trabalho exausto, após posar com uma mulher que lhe não caía nem um pouco bem, mas não poderia fazer nada a essa questão. Na verdade, nenhuma mulher lhe convinha, em qualquer mundo que poderia imaginar estar.

A vida toda, ninguém mais lhe tomou os pensamentos mais honestos, além de Kirishima.

Ficara do lado de fora, enquanto o atendente tapado se enrolava com outros pedidos, que apenas aos olhos arrogantes do loiro, não pareciam tão complicados. Fumaria se tivesse consigo algum cigarro, mas quase nunca tinha. Não fumava com frequência, mas fazia vez ou outra, apenas para ter com o que se irritar. O maço ficava sempre no carro.

Bakugou responde mensagens pelo celular, superficialmente, sem tocar em nada que precise de muito tempo seu. Sentado na mesa fria de madeira do lado de fora, a rua inteira parecia morta, o que era sim incomum; em cinco anos, nunca vira aquela cidade dormir. Ela estava sempre viva, mesmo que não fosse nem um pouco importante para Katsuki.

Com um sopro forte de vento, seus cabelos não são os únicos que se bagunçam.

Instantâneamente, Katsuki levanta a cabeça, olha para todos os lados que seus primeiros instintos possam lhe ordenar olhar. Cada canto, cada pessoa. Procura algo errado, que ali não deveria estar. Guarda o celular no bolso e se levanta com cautela, como se algo estivesse a espreita, algo que nem sequer sabia se realmente estava ali.

"Do outro lado."

Bakugou dispara, quase sem perceber que as pernas tem o movimento próprio para o guiar para aonde caralhos queria chegar. Cruza a rua, não olha para os lados ou lembra que estava a espera de algo.

Seus pelos se arrepiam. Seu nariz detecta cada cheiro a um raio de todas as direções que consegue. Quase sente a ausência das roupas comuns humanas e atrapalhadas. Por pouco, sua mente não o comenda usar as mãos para se espreitar pelas direções com mais velocidade. Bakugou ofega, e seu coração está tão apertado no peito que sabe que ele poderia sim explodir com aquela agonia matante.

Muitas vezes, se perguntava por quanto tempo as noites continuariam sendo tão comuns. Tão insignificantes, sem um pingo de notícias ou esperança. O Japão se mostrou merecedor da sua curiosidade, mas nada poderia ser mais importante que Kirishima ou continuar acreditando que voltaria com ele para cima do trono. Nada poderia ser como antes, mas tentar fazer parecer também não parecia tão ruim.

Bakugo dispara para a esquerda e pula a cerca que bloqueia a entrada mais rápida para uma rua principal a direita. Não sabe mais se continuava pelo centro. Não poderia ser outra coisa. Aperta a pele coberta do ombro com a marca, implorando aos deuses que protegiam seu mundo para que o ajudassem naquele ali.

Bakugou passa por trás de um prédio escuro e se vê em outra rua principal. Seus olhos faíscam em uma fúria desesperada, correndo cada canto que conseguia.

A buzina é a primeira coisa que lhe chama a atenção. A segunda, é a silhueta de cabelos chamativos, aqueles que Katsuki beijou e sentiu nos próprios dedos tantas e tantas vezes. A terceira, é que seu coração parece parar por todo aquele período de tempo, que corre em velocidade impressionante, e só volta quando consegue colá-lo em si, protegê-lo nos braços, depois de seus sonhos tentarem lhe fazer acreditar ao máximo que aquele momento seria impossível de um dia se concretizar.

NO CORAÇÃO DO REI; KiriBaku-Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora