Capítulo 02: Em Casa.

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Kirishima estava sonhando. Ele percebeu isso quando não sentiu a grama sob os pés, mas sabia que estava correndo por cima delas. Estava frio e escuro, ele logo entendeu que era noite, pois através das árvores, ele viu a imagem da enorme lua de Aurora cortando as barreiras da Terra, ela era tão grande lá, quase parecia que iria colidir com eles. Nunca aconteceu, então ele continuou correndo.

Ele estava tentando sair. Ou estava procurando algo específico. Ele só estava correndo pelo mato, seu coração estava disparado, ele sabia que tinha algo errado. Então, se viu no meio da Floresta, onde um lago cristalino rodeava a mata. Ele olhou ao redor, e encontrou um corpo parado a sombra de uma das árvores. Sua cabeça estava baixa, mas a cabeleira dourada era inconfundível. Kirishima suspirou e foi até ele.

-Quer me matar de susto? -Kirishima sibilou, quando já estava ao lado dele- Já está tarde, temos que voltar.

-Podemos voar de volta depois.

-Mesmo assim, não é para se meter sozinho na floresta!

-Cala a boca um pouco, seu imbecil...

Eijirou ficou em silêncio. Bakugou estava com os olhos entre abertos, respirando pesado; Kirishima, conhecendo aquele rapaz com conhecia a palma de sua mão, correu os olhos por ele. A mão de Katsuki estava em seu estômago, mas de uma forma não comum.

-Você está bem?

Bakugou assentiu, mas seu rosto estava tenso. O ruivo se aproximou mais, sem saber ao certo o que fazer. Um vento frio da noite soprou, e Katsuki engasgou um rosnado.

-Pare de mentir para mim. Você está machucado, me deixe ver...

Transtornado por alguma dor que Kirishima ainda não sabia porquê existia, os olhos do loiro brilharam de forma vívida, no completo escuro. Eijirou havia o procurado por cada canto do Palácio, e até mesmo no Vilarejo, mas não encontrou nada do amigo. Ele sabia que Katsuki dava escapadas para a Floresta, sem dar satisfações para ninguém; era, afinal de contas, um dos privilégios de ser o Futuro Rei de um mundo vívido em magia. Kirishima não gostava dessas suas saídas, não das que Bakugou dava sem o próprio ruivo, eles passavam todo o tempo juntos, e ficar longe de Katsuki parecia errado.

Mas o brilho nos olhos do homem sentado não demostrava medo ou ameaça. Eles apenas brilharam, e Katsuki afastou a mão do próprio estômago, enquanto Kirishima se abaixava ao seu lado. Foi quando o ruivo percebeu que eles não eram crianças, como a maioria de seus sonhos costumavam mostrar, mas ao mesmo tempo, seu amigo parecia extremamente jovial, seu corpo com os iniciais músculos de inúmeros treinamentos de combate.

Quando ele afastou totalmente a mão, a primeira coisa que Kirishima viu foi o sangue nos dedos dele, e depois, mais sangue em seu corpo. Seu coração disparou, e Bakugou percebeu o medo tomar as expressões em seu rosto.

-Pelos Deuses... O que aconteceu?

Bakugou deu de ombros, e Kirishima queria lhe estapear, por ser tão descuidado e relaxado. Mas ele precisava compreender e entender.

-Caí dos galhos. Tá tudo bem, só está doendo um pouco.

Kirishima bufou e estalou seus dedos. Uma chama cresceu na ponta deles, em meio ao quase absoluto escuro, se não fosse pela luz da lua. Ele observou a ferida, que mais parecia um corte profundo... sua mão que não queimava com as labaredas correu fracamente pela mancha roxa em volta, sem nunca tocar na superfície machucada e sangrenta, para que não tivesse chances de uma infecção.

-Você é tão irresponsável! Consegue se levantar?

-Não enche, eu sabia o que estava fazendo. Não é culpa minha se a árvore estava fraca.

NO CORAÇÃO DO REI; KiriBaku-Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora