Capítulo 03: Onde Você Estiver.

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Era um grande dia, em Aurora.

Boatos correram por todo o castelo como ventanias e brisa fresca, e logo chegaram ao Rei. Óbvio que estariam comentando, mas ele não achou que a notícia chegaria tão rápido aos ouvidos de seu povo. Agora, teria que correr para que notícias falsas não corressem, e o mais importante, que nada do passado deles chegasse em Kirishima. De alguma forma, Bakugou acreditava que tudo se complicaria se ele tivesse que se preocupar com esse peso.

Não, a história deles não era um peso. Katsuki estava confuso, mas de certa forma, sentiu que aquele peso enorme e devastador havia desaparecido de suas costas. Ele queria acreditar que tudo ficaria bem, entretanto, sua mente estava em turbilhão, pensando em como, como diabos, Kirishima havia saído de seu reino? Seus Feiticeiros eram de extrema confiança, além de terem alianças sanguíneas e longínquas com o trono. Tudo era interligado e controlado, nada poderia sair de controle, muito menos naquele dia.

Ainda nos aposentos do ruivo -seu antigo quarto, que nunca deixou de ser dele- o Rei o deixou a par do suficiente, por enquanto. Não haviam regras e protocolos a serem cumpridos, nesses momentos; aquilo nunca havia acontecido antes. Então, mascarando seu medo e a insegurança de Eijirou desaprovar e se apavorar com seu reino, Katsuki deixou Kaminari, o Mensageiro Oficial da Coroa, passar sua mensagem ao resto do Conselho e dos serviçais do Castelo. Qualquer um que passasse por aqueles enormes portões mágicos.

Kirishima Eijirou havia retornado, depois de tanto tempo, e ninguém, exceto o Rei, o Conselho e a Guarda Real, tinham a permissão de comentar sobre quaisquer assuntos do passado, ou do ocorrido trágico que foi seu desaparecimento.

Ele sabia que seria obedecido, sabia que tudo ocorreria bem. Bakugou tinha orgulho de seu Reino, de longe o mais poderoso entre as fronteiras; no entanto, manter isso não era fácil. Seus antepassados lutaram até a morte por tempos de paz, tempos que já haviam chegado, e que ele não deixaria caírem por terra. Sob seu comando, o desaparecimento de seu amado fora a maior e única tragédia a acontecer.

-Você parece estar lidando bem, com tudo isso. -Comentou o Rei, alguns minutos depois. Kirishima ergueu os olhos das paredes pintadas e os voltou para o loiro de pé na porta-

-Acredite, estou me controlando para não surtar. -Kirishima riu de forma amarga e sem humor, penteando os cabelos ruivos com os próprios dedos- Você disse que algumas pessoas querem me ver.

Katsuki assentiu e apontou para a mesa de mármore, no meio do quarto. Eles se dirigiram até lá e Eijirou se sentou, mas Bakugou ficou parado ao seu lado, encostado no móvel. Sabia que ele ainda tinha inúmeras perguntas, mas algumas ainda não mereciam resposta. Era estranho e inconveniente ter que distinguir e separar o que era importante e o que era até então inútil, para explicar a alguém que nunca deveria ter saído do seu lado.

-Você já entendeu aonde está, e que eu sou o Rei, certo?

Kirishima assentiu, ignorando o arrepio no estômago ao escutá-lo usar a nomenclatura com tanta confiança.

-Não posso governar um Reino inteiro sozinho. O Conselho Real gostaria de sua presença, em uma reunião oficial.

-Mas por quê? Eu... não sou alguém de tanta importância.

Bakugou poderia rir histericamente daquilo. Ah, quanta mentira, quanta falta de memórias, sabedoria. Katsuki apenas negou, ignorando o aperto que sentiu no coração.

-Muito pelo contrário. Você, Kirishima, era o Representante Oficial da Coroa de Aurora. Meu melhor amigo, meu braço direito.

"Meu grande, e único amor."

NO CORAÇÃO DO REI; KiriBaku-Livro 1.Onde histórias criam vida. Descubra agora