AVISO: Essa one-shot é bem melancólica e baseada quase totalmente na subjetividade, por isso, pode não ser o tipo de leitura ideal para todos. Ela não apresenta um enredo propriamente completo (com diálogos, personagens e uma passagem de tempo coesa), é inteiramente do ponto de vista de uma narradora onisciente intrusa, portanto, é ela quem guia e induz a um ponto de vista durante toda a história.
Sintam-se livres para pular esta leitura.
Não prometo final feliz para Race and Fall, portanto, leia por sua própria conta e risco.
Se quer um final feliz, essa one-shot pode não ser ideal.__________________
Corrida e queda. De fato, são as únicas possibilidades presentes quando já se está à beira de um penhasco, ou você corre e cai, ou cai de qualquer maneira.
Duas almas destinadas a se encontrarem, destinadas a compartilharem uma pequena fração de tempo juntas diante da vasta imensidão do espaço, do tempo, do universo; destinadas a terem seus caminhos marcados pela presença uma da outra - nem que seja com sangue - e destinadas a terem que lidar com esse cruzamento, às vezes, indesejado? Lidar com aquilo que você nunca desejou, mas que o destino teve de reserva-lo seria justo?
Os sentimentos que florescem não têm muita explicação, eles surgem do nada, sem pedir licença e sem se perguntar se a presença deles é bem-vinda. Eles te cercam e te afogam sem ao menos te tocarem. Tiram-te o juízo, a razão, o motivo. Apenas eles importam e, fácil assim, passam a controlar tudo. Você não tem mais controle sobre como se sente, e nem sobre como se comporta diante daquilo que sente. É justo?
Porém, ser roubado, perdê-los tão abruptamente da mesma forma com os quais foi concebido também não é certo. Aprende-se a viver com emoções intrusas, mas e para aprender a viver sem elas? Não é justo, não é fácil, não é prático. Não em um mundo onde a ganância sempre soberana sobre aqueles que apenas querem viver; não em um mundo em que luta pela sua sobrevivência e daqueles ao seu redor; não em um mundo em que aquela alma que antes lhe fazia companhia, é arrancada da sua sem nenhum tipo de aviso ou consentimento. Não em Solaria. Não em guerra.
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As coisas estavam melhorando - realmente estavam -, após diversas lutas vivenciadas pelos estudantes de Alfea, a escola voltava a ser reconstruída. Suas paredes eram reerguidas novamente; as janelas quebradas, substituídas; as plantas sempre voltavam a nascer e, a paz, a surgir. Até que houvesse outra guerra, é claro.
O fim do legado de Rosalind não foi marcado por novas conquistas, foi marcado por sangue, sangue de alunos, professores, sangue de pessoas de fora de Solaria, sangue de todos, menos do dela. Antes de tal ação acontecer, muitos viam sua morte como um símbolo de paz e esperança, mas sua morte só trouxe medo e angústia novamente e, dessa vez, tão densas quanto a atmosfera de Vênus. Densas o suficiente a ponto de esmagar qualquer um que tente ultrapassar os limites demarcados, e foi assim que guerra após guerra eclodiu em cada perímetro do território que um dia já foi Solaria.Ver este ciclo se repetindo era mórbido e desgastante, não havia nada que ninguém pudesse fazer. Alfea não tinha uma diretora para garantir uma orientação correta e coesa, e Luna certamente não se importava o bastante. Todo o sacrifício de não deixar Alfea nos escombros provinha fiel e unicamente dos alunos. E foi por esse motivo que Riven passou a odiar ainda mais aquele lugar e, ao mesmo tempo, nunca mais poderia deixá-lo.
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E lá estava Riven novamente, vagando pelo cemitério que se antes vazio, agora era praticamente impossível de se locomover sem pisar no túmulo de alguém. Ele vira - muitas vezes - os corpos sendo sendo trazidos e depositados em algum canto vazio, mas dificilmente se importava. Ele não tinha com quem se importar além de Sky e... Musa. Droga, ele se importava com Musa, apesar de não admitir isso nem para ela e nem para si mesmo.
Ele não sabe como aconteceu, realmente não sabe, só se lembra de em um segundo ela estar o avisando sobre um grupo de estudantes desaparecidos e de como ela podia - ou melhor, tinha que - tentar usar seus poderes para achá-los e no outro ela estar completamente desacordada nos braços de um cara qualquer que agora carregava seu corpo sem vida em direção ao amontoado de outros corpos que se formava ali - aquele que eles prometiam que cuidariam mais tarde e o qual não queriam que nenhum aluno se aproximasse.
Mas ele era Riven, ele não deixaria as coisas dessa forma. Ele novamente não se lembra - algo como aqueles bloqueios do cérebro em momentos traumáticos -, mas conseguiu chegar até Sky e o grupo das Winx a tempo de pedir uma explicação. O grupo chorava enquanto Sky tentava manter todas ali, física e mentalmente. Sky forneceu uma breve explicação sobre como tudo se desenrolou nos momentos que prosseguiram a missão de Musa. A forma como ela estava confiante de que encontrariam os alunos, a forma como ela confiou cegamente em seus poderes para arrastá-la pelas ruínas de Solaria, a forma como eles a levaram até uma armadilha. A forma como ela morreu.A única coisa que Riven realmente se lembra é de desabar de joelhos sobre o chão, como se suas pernas, de repente, parassem de funcionar. Sky havia se ajoelhado com ele, segurando seus ombros e o chacoalhando, tentando chamá-lo de volta para o presente, mas Riven não conseguia voltar. Àquela altura, ele já estava completamente submerso em lágrimas e pensamentos, ele pensava em todas as vezes que a olhou de soslaio, com medo de engolir seu orgulho e ir falar com ela, todas as vezes que a viu sorrindo com suas amigas, todas as vezes que acreditou ser um garoto novamente que sabia que a magia existia apenas porque viu o modo como o Sol refletia em sua pele, cílios e cabelo, todas as vezes que pensou na sensação de enrolar a mão em seu cabelo só para sentir a textura dele, todas as vezes que imaginou nadando sobre sua pele, sentindo seu cheiro, ansiando pelo seu toque. Todas as vezes que pensou em dizer "eu te amo", mas não disse.
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Agora, nada disso importava. Ele cambaleava pelos túmulos ainda incerto do que dizer para ela. Ele sentou-se no chão, em frente a uma das centenas de lápides recentes ali colocadas, ela dizia "Musa, Fada da Mente, Estudante de Alfea. Muito amada pelas suas amigas."
Agora, Riven sabia. Sabia que por mais que quisesse, nunca poderia deixar totalmente aquele lugar que tanto odiava. Não deixaria Musa sozinha mais uma vez. Era uma promessa. Para ela. E para ele mesmo.
Corrida ou queda? Queda.
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One-shots | Rivusa - Fate: The Winx Saga
عاطفيةCada capítulo, uma one-shot diferente :)