Capítulo 6.
Mal havia amanhecido e eu já estava de pé, sai da tenda antes mesmo do primeiro raio de sol. Não dormi a noite inteira, meus olhos estavam extremamente cansados além de ter espirrado a cada dois minutos, talvez eu esteja resfriada, odeio ficar doente.
Já fazia mais de uma hora que estava no mesmo lugar, desferindo vários e vários golpes com Fúria da Noite em um tronco de árvore.
– O sol ainda não raiou Lótus. – Lucian disse assim que saiu de sua tenda com os cabelos um pouco bagunçados e uma caneca em mãos.
– Eu sei, mas como não consegui dormir, preferi ficar do lado de fora – guardei minha espada e notei que minha voz estava anasalada pelo nariz congestionado.
– Tome esse chá, fiz assim que saiu da tenda, você se sentirá melhor ao decorrer do dia – Lucian me estendeu a caneca e também me ofereceu um lenço. – Se quiser recusar eu não ficarei chateado, é um chá que gosto de tomar mesmo quando não estou doente.
– Primeiro me de seu juramento de que não há nada além de um chá nesta caneca – olhei a caneca meio por cima.
– Como quiser Lótus – Lucian ajeitou sua postura e estendeu sua mão direita. Esse era o gesto que se faziam juramentos. – Eu Lucian Prity, juro que não há mal algum neste mero chá, e enquanto eu estiver vivo não farei mal algum a senhorita Lótus. Meu juramento é este e uma vez feito não pode ser quebrado.
Juramentos não podem ser quebrados, são mais fortes que a magia, seja qual for, até mesmo do rei mais poderoso, as palavras possuem muito mais poder.
Peguei a caneca e o lenço das mãos de Lucian, o chá estava quentinho e tinha um leve gosto da fruta que mais amo.
– Tem gosto de laranja – disse dando um outro gole.
– Percebi seu apreço pelas laranjas de Polone, achei que apreciaria mais o chá com algumas gotas, extrai o melhor que pude – Lucian coçou a nuca, e demonstrou um grande sorriso.
– Porque demonstra ser tão gentil? Isso me assusta, as pessoas costumam ser gentis quando querem algo em troca. O que você deseja? – Disse um pouco constrangida – talvez eu possa lhe pagar algum dia...
– Não desejo nada de você – Lucian pendurava alguns cestos vazios em seu cavalo – Estou fazendo o mínimo, seu povo sumiu, onde estaria agora se não estivesse aqui? Creio que dois consigam ser mais fortes que um, eu não saberia o que fazer sozinho, mas creio que você pode me ajudar a pensar em alguma hipótese. Outra coisa pequena Lótus, não faço gestos gentis para conseguir algo em troca, eu simplesmente faço porque tento ser bom, aliás, já estamos muito rodeados por pessoas más.
– Você sabe que os sem magias são desprezados e por muitas vezes torturados, esse é o motivo que me faz temer a vocês – disse e logo após Lucian me ofereceu mais chá. É claro que aceitei.
– Eu não desprezo os sem magias, aliás aprendi uma história bem interessante com um professor sem magia, alguns dias depois ele foi exonerado do seu cargo, fiz a mesma pergunta que você, ele era tão gentil e às pessoas o desprezava.
– Qual é a história? – Perguntei à Lucian.
– Vamos indo ao porto, te conto no meio do caminho. – Lucian soltou seu cavalo e me convidou para subir nele – ele é um pouco bipolar, mas respeita as damas.
Lucian havia colocado um pequeno banco perto de seu cavalo para que eu subisse, estava com medo de subir, sempre estive montada em Kristal com Kalany.
Lucian estendeu sua mão para que eu pudesse me equilibrar. Um pouco relutante peguei em suas mãos, que eram muito macias por sinal.
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Rei Lua
Fantasy" Existe uma verdade e um caminho verdadeiro, a sua escolha determinará a destruição ou a restauração, a liberdade ou a condenação. Em um mundo onde as pessoas seguem o que ouvem mas estão longe do conhecimento, vivendo em suas ignorâncias e falando...