Capítulo 3.
Sentia os raios do sol tocando suavemente meu rosto, meus músculos estavam doloridos e tensionados. Abri meus olhos, minha visão estava cercada por árvores secas, sentia as folhas no chão sem vida me espetarem.
Me levanto aos poucos, me acostumando com a claridade do local, tento me lembrar como cheguei aqui, mas tudo foi em vão. Minha cabeça doía e latejava, com um certo esforço me levantei de vez do chão, sentindo as pernas bambas e sem força. O vento rastejava pelo chão, entrando em contrito com as folhas. Eu estava só, era assim que sentia.
A minha frente havia um pequeno lago, estranhamente apenas as coisas ao seu redor estavam vivas, nunca vi uma grama tão verde como as que estavam ali, as flores de outono nunca estiveram em cores tão vibrantes como as que estava vendo, o perfume que emanava de si me lembrava dos bolos feitos por Faina antes do sol nascer.As águas calmas do lago me convidavam para mais perto, como se fosse alguém sussurrando para que eu estivesse mais próxima para compreender o que queria dizer. As gramas verdejantes agora acariciavam os meus pés, quanto mais passos eu dava mais sentia conforto. Me abaixo, podendo ver então o meu reflexo, eu poderia dizer que esta era a primeira vez me vendo de maneira tão nítida, o lago parecia com um espelho gigante, por mais que não tenha visto um.
Como sempre minhas bochechas estavam levemente avermelhadas, meus olhos eram redondos demais para serem normais, mas ao mesmo tempo que eram estranhos também eram de certa forma bizarra incríveis. Enquanto analisava meu rosto, sou surpreendida por um som distante, como de uma respiração profunda, olho para frente, vendo um homem deitado do outro lado do lago encostado em uma árvore, seu rosto estava coberto por um capuz, me pergunto em qual momento tudo ficou tão silencioso a ponto de ouvir a respiração de um homem e em qual momento eu me distraí tanto a ponto de não perceber sua presença.
Minha intenção de chamar aquele homem é interrompida quando ouço um " silêncio". Alguém segurava meu pulso, a mão era fina e os dedos eram longos. Meu corpo parecia petrificado como se algum tipo de magia me envolvesse. A presença misteriosa se aproximava mais perto de mim, descansando sua cabeça em meu ombro, podia sentir sua respiração próxima ao meu ouvido e uma forte atenção ao homem que se deleitava de um sono profundo.
– Mate ele...– a voz sussurrou – Ele é o motivo de todo o mal.
Uma outra mão surgiu ao meu lado esquerdo segurando uma adaga toda de cristal.
– Vá antes que seja tarde, antes que todos paguem por sua falta de coragem.
– Quem é você!? – pergunto de forma amedrontada como se o medo me possuísse
– Sua redentora, agora vá pequena criança – a pessoa atrás de mim empurra minhas costas, fazendo com que meus pés tocassem as águas geladas daquele lago.
Minhas mãos tremiam com aquela adaga, o lago agora se secava lentamente e meus pés eram forçados a caminhar na lama fria.– Eu não sou uma assassina, pare! – A voz saiu rasgando de minha garganta.
Estava mais perto do homem, com as mãos à frente prontas para o matar – contra minha vontade – qual o sentido de fazer o mal a quem não conheço?
– Vamos – A voz grita – Faça logo.
Minhas pernas trêmulas caíram no chão, ficando ao lado dele, queria ver seu rosto, saber quem era, mas eu não tinha controle sobre meus atos, estava como uma marionete.
– Salve-me – o homem que antes dormia agora pediu ajuda.
Que loucura é essa, uma mulher clamando a morte de alguém para a salvação de todos e um homem inconsciente suplicando a vida.
– Eu não tenho nada a ver com isso, me poupem desse mal! – Grito em desespero.
E então, tudo ao redor se transformou em um cenário branco, tendo dois caminhos à vista, ao lado esquerdo um homem de cabelos dourados com fios que se seguiram como as ondas do mar, do lado direito uma mulher de longos cabelos vermelhos, ambos de costas para mim.
– Existe um caminho e uma verdade – os dois proclamavam – sua escolha determinará o fim para o bem ou para o mal.
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Rei Lua
Fantasy" Existe uma verdade e um caminho verdadeiro, a sua escolha determinará a destruição ou a restauração, a liberdade ou a condenação. Em um mundo onde as pessoas seguem o que ouvem mas estão longe do conhecimento, vivendo em suas ignorâncias e falando...