Prólogo

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PRÓLOGO

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PRÓLOGO

DANTE CASTELLARI

3 Anos Antes 

As luzes vermelhas e azuis permeiam minha casa, o barulho da sirene constante das várias viaturas na frente de casa é aterrorizante e me faz acreditar que seria possível meus ouvidos sangrarem, mas não são meus ouvidos que sangram nesse momento e sim meu coração.

Mordo o meu punho tentando me ater e me manter são neste momento, mas confesso que está difícil, tudo o que desejo agora é poder fechar meus olhos e fingir que nada disso está acontecendo, gostaria que fosse possível apagar a imagem que creio que será capaz de me dar pesadelos até os últimos dos meus dias e peço a Deus que sejam poucos.

Pois tenho plena certeza que não sou capaz de me manter vivendo em um mundo em que não há ela, não posso continuar vivendo quando tudo o que mais amo foi arrancado de mim da forma mais vil e cruel que posso imaginar.

E a culpa disso tudo é minha.

O gosto metálico preenche minha boca e agora são meu punho e coração sangrando, mas um deles é figurativamente. 

一 Senhor Castellari?

Foco no policial à minha frente, ele aparenta uma feição cansada e até um leve receio ao ter que falar comigo.

É, até eu teria medo de falar comigo agora.

一 Sim? 

Ele engole em seco e eu seguro a minha respiração temendo o que ele dirá a seguir.

一 Encontraram ela.

Minhas pernas falham ao ouvir isso e me apoio no trocador de fraldas atrás de mim.

一 Ela está bem? 一 Pergunto mesmo sabendo de cor e salteado que as chances de alguém está bem numa situação como essa são uma em um milhão.

Passei metade da minha vida estudando e me preparando para evitar que esses tipos de atrocidades aconteçam ou ao menos poder amenizar já que nesse país a violência se tornou quase uma rotina nas vidas dos brasileiros, e passo cada dia dos últimos anos trazendo justiça para aqueles que merecem.

O oficial Santos me dirige um olhar de pena e balança a cabeça negativamente.

一 Diga! 一 Eu vocifero.

Preciso ouvir cada palavra.

Eu preciso acabar com a pequena esperança que ainda habita em meu peito.

Há mais de vinte e quatro horas eu espero por essa resposta, há mais de vinte quatro horas eu anseio e barganho com alguma entidade superior para que ela passe pela porta, peço ardentemente que ela me veja e abra o sorriso que me conquistou desde o momento em que vi pela primeira vez.

E foi por isso que cultivei essa maldita esperança, foi por aquele sorriso que recebi ao sair de casa para trabalhar e no qual acreditava que voltaria a ver no fim do dia, foi simplesmente por ele.

一 Diga! 

Digo novamente quando o silêncio dele já dura tempo demais.

一 Não, meritíssimo, ela não está bem.

一 Me leve até ela. 一 Peço e saio cambaleando para o andar de baixo tentando lembrar onde deixei a droga das minhas chaves.

O oficial Santos corre atrás de mim, gritando o meu nome e assim que consegue me alcançar, barra a minha passagem.

Tento chegar às escadas mas o idiota ainda se mantém à minha frente com os braços erguidos, como se isso fosse me impedir de prosseguir.

Darei apenas mais um aviso, e se eu estivesse no lugar dele não hesitaria em cumprir.

一 Saia da merda da minha frente!

一 Espere, senhor, há algo que precisa saber. 一 Ao dizer isso, ele tem minha atenção, pelo menos parte dela. 一 Ela estava sozinha.

Não!

Não!

Não!

Isso não!

Por favor, ela não!

一 O que você disse? 一 Minha voz se torna apenas um sussurro, não tenho forças para falar mais alto que isso.

Me apoio na parede ao lado, na qual diversas fotografias estão emolduradas, muitas delas mostram aquele sorriso.

O oficial me olha com pena novamente e sei que ele não vai dizer nada.

Ele já sabe que tenho a resposta, eu já tenho a porra da resposta.

Minhas pernas falham de vez e em segundos sinto o chão, em desespero soco a parede e os quadros começam a cair.

Um sorriso sádico surge no meu rosto quando a nossa fotografia de noivado cai aos meus pés se estilhaçando em dezenas de pedaços, pedaços aparentemente pequenos, mas que podem causar uma dor extrema aos desavisados.

Cacos de vidros estão ao meu redor, alguns deles perfuram a minha pele, mas me dou conta da dor ou do sangue começando a surgir por entre os meus poros.

Por que meu mundo simplesmente está ruindo ao meu redor.

E gostaria muito de fazer parte dele, gostaria de me estilhaçar e não restar fragmento algum porque talvez isso seria menos doloroso, seria mais rápido, mas me resta apenas a função de observador, me resta apenas ver toda a minha vida ser destruída e sobrar apenas os cacos.

Assim como o meu coração.

Me resta apenas os cacos do que um dia batia apenas por um coração e há oito meses aprendeu a bater pelo segundo. Mas que neste momento não resta motivo nenhum para continuar batendo e sei que nunca haverá motivos novamente, garantirei que isso nunca aconteça.

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