CAPÍTULO 01
Cecília
A primeira coisa que ouço é o barulho da chuva ricocheteando no vidro da janela e inconscientemente me aconchego mais ainda nos meus lençóis, segunda-feira de manhã não combina com chuva porque definitivamente as chances de sair da casa para enfrentar mais um dia trabalho se tornam insignificantes perante a ideia de dormir ouvindo o som mais relaxante e sentindo aquele frio gostoso e natural que só uma tempestade possui.
Sou grata por ter desligado o ar-condicionado durante a madrugada, pois nesse momento estaria congelando. Afofo mais ainda o meu travesseiro que tem como estampa vários bonecos de neve e tento voltar ao sonho no qual Henry Cavill flexionava os músculos e me deixava tocá-los por quanto tempo achasse necessário e a minha pessoa poderia fazer isso por toda a vida e ainda seria insuficiente, talvez eu devesse acrescentar a língua e quem sabe tirar algumas peças de roupas ou talvez… todas.
Sim!
Meu sonho, minhas regras.
Fecho bem os meus olhos e tento lembrar em detalhes o homem e quando consigo imaginá-lo com uma perfeita riqueza de detalhes, posso vê-lo lindo e perfeito na minha frente com aquela covinha no queixo capaz de me deixar ensandecida, Henry Cavill abre a boca e diz com a voz mais fofa e linda:
一 Mamãe, hoje é domingo de novo?
O quê?!
Henry Cavill não deveria me chamar de mãe, esposa é mais aceitável!
一 Mamããããe!
Certo!
Eu tenho uma filha.
É ela que tem o direito de me chamar de mãe, ou como faz agora, gritar a plenos pulmões o termo.
Abro os olhos e olho para o ser humano com um pouco mais de um metro de altura na ponta da minha cama enquanto segura um coelho branco nos braços e me olha como se a criança nesse quarto fosse eu, seus cabelos estão em todas as direções possíveis e a marca do lençol ainda está na sua bochecha e nos lábios um biquinho rosado se faz presente, tornando-a o ser mais perfeito e precioso que já vi.
Nunca levei a sério o fato de minha mãe dizer que crianças crescem num piscar de olhos, a minha nesse momento está parecendo uma adolescente irritada com a irmã mais nova, e para ela eu sou a irmã mais nova.
Alguém avisa que esse pinguinho de gente só tem três anos.
一 Mamãe!
一 Oi, amor! Venha aqui. 一 Sento-me na cama e apoio as costas na cabeceira enquanto abro os braços para o amor da minha vida, que abrindo o sorriso mais lindo do mundo deixa o Algodão na cama e sobe nela com uma velocidade impressionante e em menos de cinco segundos já está pulando no meu colo.
Seus bracinhos rechonchudos ficam em volta do meu pescoço e nós duas suspiramos quando nos aconchegamos uma à outra.
Há um tempo descobri que possuo o privilégio de encontrar a felicidade em um abraço, muitas vezes posso ter um dia difícil no qual desejo apenas deitar em posição fetal e apagar até que o sol nasça novamente assim como a esperança de um dia melhor também e por grande parte da minha vida foi assim, até que ela apareceu na minha vida, agora sempre que tenho um dia ruim, um dia no qual sinto que o mundo está ruindo ao meu redor, basta apenas fechar a porta da minha casa às minhas costas e ouvir um mamãe que meu mundo se torna cor-de-rosa, sim, rosa, pois uma vez perguntei a minha mãe qual a cor da felicidade e ela me disse que era cor-de-rosa. Não entendi muito bem o porquê, mas quando Melissa entrou na minha vida, eu pude ver que sim, a minha felicidade tem cor, e ela é cor-de-rosa, assim como tudo o que o amor da minha vida gosta de ter e usar.
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Entre o Acaso e o Destino
RomansaMuitas pessoas tendem a pensar que existe apenas uma alma gêmea, há apenas uma só pessoa em todo o universo capaz de tornar as batidas de dois corações em uma só. Muitas vezes isso é descrito como destino. Um encontro ao acaso, no qual duas almas em...