ℭ𝔥𝔞𝔭𝔱𝔢𝔯 002| 𝙌𝙪𝙚𝙙𝙖𝙩𝙚 𝙗𝙞𝙚𝙣, 𝙈𝙖𝙣𝙪

15 1 0
                                    

Eu simplesmente escolho não dizer nada e seguir até meu quarto. Não rendi uma discussão por conta do meu cansaço. Eu vou até meu quarto, tiro minha roupa, e enrolo uma toalha na cintura em seguida, sigo até o corredor onde dou de cara com Pedro.

-Cuidado que eu pego, hein! -Ele zoa com a minha cara.

-Pode vir, bebê. -Zoo com a cara dele também.

Eu sei que é brincadeira, até porque somos só amigos, pois eu o considero da minha família. Sabe como é, né? Brincadeira de amigos.

Eu vou até o banheiro e tiro a toalha, e ligo o chuveiro na água quente para ver se eu relaxo um pouco, estou morto de cansaço. Fico me perguntando como será o dia de trabalho amanhã, por ser residente, vou atender somente um paciente ao dia, e o resto do tempo eu fico estudando. Vou ver que horário está vago para eu visitar Manu e dar início ao teste de reflexo. Confesso que estou animada por isso.

Quando acabo de tomar banho, enrolo a toalha em minha cintura, pego outra, seco meus cabelos e a ponho sobre meu pescoço. Quando eu saio do banheiro, sigo o caminho até o quarto e visto apenas a calça do pijama porque está calor, e depois eu vou para a sala, onde todos estão reunidos assistindo um filme qualquer, essa é uma ótima oportunidade para propor à eles algumas coisas.

Eu pego o controle que se encontra em do sofá, para ser mais exato, no braço do mesmo e aperto o pequeno botão vermelho que faz com que a tela desligue e todos me olhem com uma expressão de dar medo.

-O quê você quer agora? -Pergunta Jade enquanto eu me assento entre ela e Lucas.

-Quero um favor. -Digo fazendo com que quase todos revirem os olhos. -Eu peguei o caso da garota que está em coma à 14 anos e queria pedir à vocês que fossem comigo para realizar um exame com ela.

-Quer que sejamos suas cobaias? -Gael pergunta.

-Talvez.

-O que nós ganharemos com isso? - Lucas indaga.

-Eu. -Digo tentando não rir.

-Ah, deu uma de Christian Grey, agora. -Lucas revira os olhos.

-Ele revira os olhos assim quando está fodendo com você? -Pergunto à Jade que segura o riso.

-Definitivamente não. Não desse jeito. -Diz ela. -Fala logo, o que vamos ganhar com isso?

-Eu lavo a louça por um mês. -Proponho.

-Trato feito. -Diz Gael com um sorriso de orelha a orelha.

-Ok, então às 5:00 eu quero todos de pé. -Digo dando as costas à eles enquanto ouço as reclamações.

[...]

E aqui estamos, no hospital. São 10:00 da manhã e enfim chegou a hora mais esperada por mim.

Eu me dirijo ao quarto cujo a porta contém um arco-íris e o número 62 colado na parede ao seu lado, apesar do bando atrás de mim, eu não me sinto diferente. Me sinto da mesma forma que ontem, um residente indo ver sua paciente.

Definitivamente sua paciente favorita.

Da mesma forma de ontem, eu respiro fundo, giro a maçaneta e adentro no quarto colorido da não tão pequena Manuella.

Hoje ela está apenas com a parte de cima do cabelo preso por um laço que dessa vez é lilás e como ontem, duas mechas finas caindo sobre sua testa.

Definitivamente isso torna sua aparência mais delicada

-Bom dia, Katie! -Desejo à loira senhora que se encontra assentada na cadeira.

-Bom dia, Dr. Muñoz. -Ela retribui.

-Por favor, me chame somente de Noah. Ainda sou residente. -Digo sorrindo de canto. -Bom dia Manu! Consegue me ouvir? -Pergunto segurando sua mão e logo sinto ela aperta-la duas vezes.

-Ela deu sinal de melhoras esta noite, Doutor...Quero dizer, Noah. -Diz a mulher constrangida por quase me chamar de Doutor Muñoz.

-Posso saber que melhoras foram essas? -Indago.

-Ela sorriu noite passada. Foi um pequeno sorriso de canto mas acho que conta, não é? -Ela pergunta receosa.

-Claro! É um bom avanço, Manu! Parabéns! -Digo acariciando sua mão com meu polegar. -Bom, eu trouxe o que disse que iria trazer ontem. -Peço para que os patetas com cara de tacho que se encontram ao lado de fora da porta entrem e por incrível que pareça, só foi necessário chama-los uma vez. -Estes são Pedro, Jade, Lucas e Gael.

Confesso que fiquei impressionado com a educação dos 4, eles cumprimentaram Kate, perguntaram como ela está, e isso realmente me impressionou.

-Vamos começar. Kate, eu preciso que segure a mão dela e me diga caso ela faça qualquer movimento possível, ok? Já sabe como funciona o sistema de comunicação. Duas vezes sim, e uma vez não. -A senhora me olha enquanto assente com um movimento de sua cabeça. -Primeiro...Lucas! -Digo e ele se aproxima da garota e se assenta ao seu lado sobre o leito.

-Manuella Lima McCann...É um bom nome...Um nome forte eu diria. -Diz o garoto de pele negra ao ler o prontuário da garota que está na parede acima do leito. -Minha família tinha esse sobrenome, sabia...? -O garoto de pele negra indaga, mas a garota continua se reação.

-Ok... agora...Pedro!

[...]

A garota não esboçou nem uma reação com ao ouvir a voz dos meus amigos, ela nem se quer mexeu os dedos, o que me deixou intrigado...

Eu liberei os quatro para que fossem para casa, e fiquei lá com Katie e Manu. Estamos conversando sobre outros estímulos para Manu. Pensamos em muitas coisas e chegamos à conclusão que poderíamos tentar por meio da Música mas isso é assunto para amanhã.

-Então eu volto amanhã, Kate. -Me despeço dela e vou em direção ao leito cor-de-rosa, onde eu pego a pequena mão da garota da mecha loira. -Quédate bien, Manu. -Sussurro próximo de sua orelha vendo-a sorrir de canto e mexer os dedos.

-Não sabia que fala espanhol... -Kate diz surpresa.

Acho que sussurrei alto demais.

-Não sou 100% fluente...

-Sabia que essa pequena é colombiana? -A mulher de cabelos loiros indaga.

-Se dissesse que não estaria mentindo. -Dou uma breve risada. -Bom, tchau meninas, eu preciso ir. Tenho muito tempo de estudo pela frente antes de me tornar realmente um médico.

-Ah, claro, querido! Vá estudar, por incrível que pareça faz bem. -Ela diz arrancando um sorriso de mim e logo eu saio dali, mas como ontem, continuo escutando por trás da porta.

ManuellaOnde histórias criam vida. Descubra agora