ℭ𝔥𝔞𝔭𝔱𝔢𝔯 013| 𝙂ê𝙢𝙚𝙖𝙨 𝙈𝙘𝘾𝙖𝙣𝙣

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-Qual o motivo dessa carinha de cachorro que caiu da mudança? -Indago.

-Aquela mulher me deu banho à força, e eu não gosto que façam isso. Geralmente quem me dá banho é a minha mãe. -Diz Manuella.

-Está tudo bem, já passou. -Eu ponho a cabeça dela sobre meu peito e uma de suas pernas sobre as minhas.

Minha mão acaricia a coxa da garota sem nem uma malícia e logo a mesma vai se acalmando.

-Sua mão é macia. -Ela diz.

-Você consegue sentir a minha mão? -Indago.

-Sinto bem pouco, mas sim.

-Está progredindo bem, fico feliz por isso. -Digo enquanto vejo um sorriso tímido se formar no rosto da garota. -Seu sorriso é lindo.

-Obrigada. -Ela está vermelha como um morango.

-Você fica com vergonha tão facilmente...

-Isso só acontece quando estou perto de você.

-Duvido que só fica corada de vergonha quando está comigo. -Digo.

-Pois pode acreditar, você é a única pessoa que me faz sentir vergonha.

-Fico feliz em saber disso. -Assumo.

-Você fica feliz e eu fico com vergonha. -Nós rimos. -Você consegue fazer com que eu sinta vergonha apenas com o olhar.

-Só como olhar? Tenho um poder maior do que eu imaginava.

-Aposto que tem...O que você mais gosta em mim? -Ela indaga.

-Eu amo tudo em você, mas o que mais me chama a atenção...Essa sua mecha loira no cabelo e seus olhos...Ah! E suas bochechas coradas.

-Nossa, achei que falaria outras coisas, tipo...Minha pele, ou algo assim. Sua resposta realmente me surpreendeu.

-Por quê? -Indaga.

-Não gosto dessa mecha loira, nem dos meus olhos. Mas me diga, porquê gosta dessas minhas características?

-No Brasil não é a coisa mais comum do mundo ver alguém com olhos verdes ou azuis com nos Estados Unidos, por exemplo. A maioria das pessoas aqui têm os olhos castanhos, então uma pessoa de olhos verdes ou azuis chamam a atenção, e também não é comum ver alguém de cabelos escuros com uma só mecha loira, que seja natural, é claro.

-Eu não gosto muito dessa mecha, pois me lembra que não era para eu ser filha única, não que seja ruim, mas ao mesmo tempo eu particularmente eu não gosto.

-Não entendi...

-Eu absorvi minha irmã enquanto estávamos no ventre da minha mãe. -Ela levanta a blusa mostrando uma grande mancha num tom um pouco mais claro do que sua pele.

-Uau...Nunca havia visto um caso desses de perto! Quero dizer... Desculpe, eu não deveria ter dito isso, não é? -Pergunto receoso.

-Não tem problema, Nonô. Eu não cheguei a conhecer minha irmã, então isso não me machuca.

-Que bom. -Suspiro aliviado. -É que eu realmente nunca havia visto um caso desses de perto. -Digo prestes a tocar a grande mancha na barriga de Manuella, mas eu me autocorrijo parando minha mão e abaixando a mesma.

-Pode tocar se quiser. -Ela diz e eu não resisto e passo os dedos sobre a área mais clara de sua barriga arrancando uma risada da garota.

-Isso faz cócegas. -Ela diz enquanto ri e eu tiro minha mão dali.

Por quê eu sorrio ao ver ela sorrir? O que essa garota faz comigo?

-Quer me contar mais sobre isso? -Indago.

-O que você quer saber?

-Só o que você quiser contar. -Dou um sorriso de canto.

-Bom, o nome da minha irmã seria Ella e o meu seria Manuele, mas quando descobriram que eu absorvi a minha irmã, mudaram o meu nome para Manuella, que é a mistura de Manuele com Ella, e desde quando eu nasci, dizem que somos duas gêmeas em uma.

-Conta mais... -Peço.

-Quando eu tinha acabado de fazer quatro anos, minha mãe disse que a Ella seria loira por conta da minha mecha, a eu comecei a ver ela como minha amiga imaginária, e sempre que eu e meus pais comíamos, ou brincávamos, eu insistia que eles incluíssem "a Ella". -Manu ri. -Eu acreditava que ela fazia tudo conosco até um dia em que havíamos acabado de comer, eu fui para o meu quarto, e quando percebi que tinha esquecido um brinquedo na mesa voltei para buscar e vi meu pai comendo a comida "da Ella".

-Espera, você fazia seus pais porem comida para a sua irmã, e quando você saia da mesa seu pai comia para você acreditar que ela havia comido? -Pergunto enquanto nós dois rimos feito hienas.

-É. -Ela confirma. -E depois meu pai ainda disse com a boca lotada de macarronada: "A Ella não quis comer, acredita, filha?"

-Wow! Achei legal da parte do seus pais aceitarem e incentivarem sua imaginação. -Digo recuperando o fôlego.

-Meus pais sempre foram ótimos para mim, e sempre me incentivaram em tudo. Agradeço à Deus por ter eles.

-Sempre que fala do seu pai me vem à mente o fato que eu tenho o cheiro parecido com o do dele.

-Tire isso da cabeça, Noah! -Ela diz rindo.

-Não quero que se lembre do seu pai quando estiver me beijando, Manu! -Digo segurando o riso.

-Quando é seu aniversário? -Ela faz essa pergunta que não tem nada haver com o assunto.

-Dia 07 de setembro. -Digo. -Mas qual o motivo da pergunta? -Indago.

-Nada de mais. Vamos mudar o assunto? Acho que falar sobre o perfume das pessoas não é o ideal agora, principalmente o do pai de uma garota.

-Eu também acho. -Concordo. -Do que vamos falar agora?

-Não sei, já falamos até da minha irmã que não está mais entre nós.

-Não diga assim da da minha cunhadinha. Ela está viva no seu coração.

-Já que se importa tanto com ela, vai beijar ela ao invés de mim! -Diz a garota.

-Agora? -Pergunto deixando ela nervosa e então deixo um selinho na boca dela fazendo-a corar.

-Não adianta nada me beijar pensando na minha irmã, Noah.

-Quem garante que você não é a Ella e eu te beijei pensando na Manu? -Digo.

-Então está insinuando que beijou a minha irmã? -Ela arqueia uma das sobrancelhas.

-Nem um pouco ciumenta...

-Não sou obrigada a dividir você com ninguém. Principalmente com a minha irmã. -Ela diz.

-Então a fama de que todo filho único é egoísta é verdade?! -Indago.

-Depende do ponto de vista. -Diz a garota.

-A vista que eu estou tendo agora é bem bonita por sinal. -Digo olhando ela de cima a baixo e recebendo um tapa no peito.

-Idiota! -Nós rimos.

ManuellaOnde histórias criam vida. Descubra agora