ℭ𝔥𝔞𝔭𝔱𝔢𝔯 009| 𝙊𝙛𝙞𝙘𝙞𝙖𝙡𝙢𝙚𝙣𝙩𝙚 𝘿𝙧. 𝙈𝙪ñ𝙤𝙯

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-Assim eu espero. Depois teremos que conversar. -Ela diz.

Sabe a sensação de quando sua mãe pede para você passar por ela enquanto a mesma segura uma sandália ou um cinto? Essa é a sensação que estou sentindo agora. A sensação de medo extremo, a sensação da adrenalina e talvez de uma pequena porcentagem de risco de morte.

-Acho melhor irmos à fisioterapia... Vou pedir à algum enfermeiro para que lhe leve até a sala da físio. -Digo pegando meu celular.

-Não! -Manuella diz num tom alto.

-Posso saber o motivo? -Indago.

-Por algum motivo ela não quer que mais nem um enfermeiro encoste nela, não sei o motivo. Foi literalmente do dia para a noite...

-Manu, eu preciso saber, algum enfermeiro fez algo contra você ou contra a sua vontade? -Indago e ela nega. -Então qual o motivo de não querer que nem um deles te ajude?

-Não sei, eu só não quero... -Ela diz.

-Ok...vou ter que lhe ajudar, posso?

-Você pode. -Ela sorri sem graça e então eu a coloco na cadeira de rodas. -Hey, espera! -Ela chama minha atenção antes de sair. -Pode pegar o JJ? -Ela indaga e eu sorrio por impulso.

-Sim senhorita. -Digo pegando o urso que estava em cima do leito cor-de-rosa e o entregando à sua dona. -Agora podemos ir, Senhorita McCann? -indago e ela assente.

Fomos até a sala da fisioterapia, como da última vez os ajudantes estão lá para acompanhar Manuella. Elliot põe a garota no chão de tatame enquanto sua colega vai pegar a bola que usaremos como a última vez, pelo olhar de Manuella quando viu a grande bola azul, é notável que ela já está odiando.

-Ah não! Isso de novo?! -Ela indaga com desgosto.

-Quando ficar expert nesse exercício iremos para o exercício na piscina. -Digo.

-Quero ouvir musica. -Ela diz e então eu tiro meu celular do bolso e o entrego à mesma que logo coloca "Ferrari" do CNCO.

[...]

Após Manu completar a fisioterapia com a força do ódio, levei-a até o quarto e agora ela está aqui assistindo Dance Moms. Eu acho que viciei ela nesse programa...

-Vem Nono, vem assistir comigo. -Ela diz.

-Agora eu não posso, tenho que ir pra casa, mas quando eu não tiver nada marcado poderemos assistir.

É, realmente tenho um compromisso marcado, com a minha cama pois preciso urgentemente dormir.

-E quando você não terá compromisso? -A garota indaga.

-Bom...o dia em que sua mãe for dormir em casa pois só uma pessoa pode ficar aqui com você.

-Ah... ok, Dr. Muñoz. -Ela dá ênfase em "Dr. Muñoz" com um pouco de ironia.

-E então assista e depois me conte o que aconteceu, ok? -Indago.

-Ok. -Ela sorri de canto e então eu me despeço da mesma e de sua mãe.

Hoje no meio da fisioterapia de Manuella, Lucas me mandou uma mensagem propondo ir à uma festa hoje à noite, mas como não estou nem aguentando ficar de pé, recusei. Eu só preciso dormir, até porque fiquei acordado ontem na parte da manhã, tarde e a noite mal dormida, sem contar o dia de hoje, mas quando eu pensei que poderia ir para casa, o diretor-Geral me chama para sua sala.

-Sr. Noah Muñoz? -Ele pergunta arqueando uma das sobrancelhas.

-Sim.

-Não permita que lhe chamem de residente, agora é Doutor Muñoz. -Ele sorri de canto.

-É sério?! -Indago.

-Claro! Sou um homem de palavra, Dr. Muñoz. -Diz ele me entregando uma caixa na qual contém meu diploma. -Agora vá para casa, deve estar cansado, mas não se esqueça de olhar as redes sociais, talvez tenha algo que lhe interessa lá. Está liberado. -Diz o homem e então eu saio de sua sala com meu diploma em mãos.

Ai. Meu. Deus... "Doutor Muñoz"? "Doutor Muñoz"! Eu não sei se fico em choque, se choro, se fico sem reação mesmo, ou se saio gritando feito louco! Meu Deus...

Eu fui o caminho todo escutando Uptown funk do Bruno Mars.

Ele é uma lenda e isso é algo que não se discute.

Eu até iria na tal festa para comemorar, mas minha cara de cansaço já diz por mim que não irei comparecer. Bom, eu esperava chegar em casa e simplesmente me deitar para dormir, mas como eu faria isso morando em um manicômio? Isso mesmo, pelo visto meu momento de sono não vai ser tão em breve.

Pedro, Lucas e Gael, os três bêbados sentados no sofá de couro escuro da sala estão assistindo alguma programação sobre a extinção dos animais enquanto riem atoa.

-Por quê eles estão bêbados à essa hora? São 16:00! -Digo indignado largando minha mochila num canto d cozinha.

-A festa que o Lucas queria ir foi cancelada, e daí que saiu a grande ideia: "Por quê não beber em casa mesmo?" -Diz Jade.

-Nem parece que eles são adultos. -Digo abrindo o armário e vasculhando o mesmo.

-Se não fossemos eu e você nessa casa eles já teriam se matado. -Ela diz e eu apenas assinto.

-Se eles quiserem podem se matar em paz, eu só quero dormir. -Digo.

-Como foi a noite com a Manu? -Ela pergunta.

-Foi...uma experiência nova, eu diria...Ela é bem comportada, mas quando resolve fazer birra! -Jade ri de meu tom. -E também o corpo dela quer ter dezoito anos, mas tem boa parte da mentalidade como se fosse de uma criança, então às vezes é complicado lidar com ela.

-Uh... entendo. Meu namorado também tem uma mentalidade infantil. -Nós rimos.

-Ah, com certeza tem! Mas não é só ele...enfim, eu beijei ela.

-Cara, é sério?! -Ela pergunta num tom eufórico.

-Sim!...Bom, não foi um beijo como você está imaginando, foi só um selinho, na verdade. -Digo.

-Um? -Ela pergunta e eu fico vermelho de vergonha enquanto sorrio de canto.

-Bem, não foi só um... -Confesso.

-A mãe dela já sabe disso? -Jade indaga.

-Sabe, e fico feliz por eu não ter morrido. -Digo aliviado.

-Por qual motivo estaria morto?

-A Manuella é filha única, é óbvio que a mãe dela quis me matar por beijar a única e preciosa filhinha dela. -Esclareço.

-Cara, só não machuque ela. Ela ainda não tem mentalidade para ser ferida por alguém, principalmente por um macho. -Ela arqueia uma das sobrancelhas.

-Eu nunca machucaria ela.

-Tomara que quem esteja falando seja o Noah de hoje e não o três anos atrás, se não essa garota estará encrencada.

ManuellaOnde histórias criam vida. Descubra agora