-Certeza que eu ficaria. -Sorrio de canto. -O que acha melhor? Irmos dormir ou ficarmos acordados por mais um tempo? -Pergunto.
-Com certeza a segunda opção. - Ela sorri e pisca com um só olho para mim.
Essa piscadela definitivamente me desmontou e arrancou o restinho de juízo que eu tinha.
Eu beijo o pescoço dela enquanto a mesma se arrepia e ri por sentir cócegas, mas eu não ligo, Manuella tem cheiro de morangos e sua pele é macia e clara, tão clara ao ponto de que qualquer coisa que encoste nela deixe um hematoma facilmente, vou trilhando um caminho até sua boca e deixo selinhos ali enquanto a garota dos olhos verdes sorri sem mostrar os dentes. Sua boca é macia e bem hidratada, o tom rosado de seus lábios logo fica vermelho pelo atrito de nossas bocas, minha pele se arrepia junto a dela enquanto um memorável e inesquecível frio na barriga me atinge, eu enterro minha cabeça entre o ombro e pescoço da garota enquanto a mesma acaricia meu cabelo com calma.
Nesse momento o silêncio é tão confortante que poderia ouvir nossos sangues correndo pelas veias.
O cheiro dela me acalma, faz com que eu me sinta seguro ali e na real, eu não quero dormir pois sei que se eu pegar no sono a noite passará rapidamente e terei que ir embora pela manhã.
-Durma, eu sei que você vai ter um dia cansativo amanhã, então precisa descansar, é isso que a mamãe sempre fala para mim antes de dormir. -As palavras doces da garota de cabelos escuros ecoam por minha cabeça enquanto os dedos da mesma passeiam por meus cabelos me deixando mais sonolento ainda.
-Se eu dormir a noite passará rápido e eu terei que ir embora... -Lamento.
-Não vai se livrar de mim tão cedo, Muñoz.
-Promete? -Indago.
-Sim. -Ela diz e então eu fecho os olhos e espero o sono vir.
[...]
O despertador toca e eu estico o braço para alcançá-lo na cômoda ao lado da cama. Eu o desligo rapidamente para não acordar a garota que dormira ao meu lado essa noite e me levanto para escovar os dentes e trocar de roupa. Vesti o Jaleco que deixei para cobrir Manu, escovei os dentes, ajeitei o cabelo e fui até minha mochila para pegar o moletom preto já que hoje está frio e Manuella está toda encolhida e trêmula.
-Manu... -Eu a chamo e a mesma abre os olhos. -Bom dia. -Desejo à ela mas sem resposta alguma.
Não a julgo. Eu também fico lerdo que nem um zumbi quando acordo.
-Vista esse moletom, está frio. -Digo vestindo ela com o moletom que cabem quatro dela dentro e a entrego o seu urso de pelúcia.
-Noah... -Ela me chama com uma voz arrastada.
-Oi. -Respondo.
-Fica aqui? -Ela pede.
-Fico, mas só até sua mãe chegar. -Digo me deitando na poltrona e esticando minha mão à garota que agarra a mesma enquanto eu uso minha outra mão para mexer no celular.
Um tempo depois a porta do quarto se abriu e tive a visão da loira que entrava pela porta, diferentemente de Manu que deve estar tendo a visão de seu décimo oitavo sonho.
-Bom dia, Noah! Pelo visto cuidou bem dela, obrigada. -Kate agradece tirando duas notas da bolsa.
São duas notas de 100,00?...Pelo visto sim.
-Não posso aceitar, Kate, mas obrigado mesmo assim.
-Aceite, por favor, Noah. -Ela implora.
-Não, Kate, obrigado mas não posso aceitar.
-Ok... mas eu te agradeço do fundo do coração por tomar conta dela para mim. -Ela agradece.
-Por nada, foi um prazer cuidar dela.
É...Realmente foi.
-Muñoz...Não vai, por favor... -A garota resmunga ao me ver indo em direção à porta.
-Manu, tenho que ir. Daqui a pouco eu estarei aqui novamente para a fisioterapia. -Digo.
-Ah não! -Ela se vira para o outro lado ficando de costas para mim.
-Bom, Quédate bien, princesa! -Me despeço e saio do quarto.
Provavelmente Manuella irá contar à sua mãe sobre ontem, e agora? O que eu faço? Correr disso não é uma opção, ou pelo menos isso que me foi ensinado.
Nunca corra de seus problemas...Essa frase que me foi dita algumas me marcou bastante, mas a questão é: Não estou correndo de meus problemas, estou correndo da barreira que tem entre mim e a solução dos meus problemas!
Manuella.
Ela é a solução e Kate é a barreira... Mas é uma pena que não poderei correr da mesma por muito tempo pois adivinhe? Hoje Manuella tem fisioterapia...Ai meu Deus, eu estou na merda agora!
[...]
-Você pegou ela?! -Gael pergunta empolgado.
-Não peguei, foram só selinhos.
-Isso já é um começo! Agora vai fazer o quê?
-Além de morrer de vergonha na frente da mãe dela...Eu tenho que comandar a fisioterapia da Manuella.
-Cara... Você está ferrado, mano. -Diz o loiro.
-Sim, estou.
-Uh! 14:00, cara. Boa sorte! -Ele diz em tom de deboche.
Bom, depois dessa chupeta de baleia debochar da minha cara...
Vai, não leve a forma na qual eu chamo meu amigo como Bullyng, ele entende que é brincadeira e me zoa também.
Mas enfim, chegou a hora. Talvez a hora da minha morte, mas de um jeito ou de outra minha hora chegou...Eu ponho meu estetoscópio em torno do pescoço e meu oxímetro no bolso do jaleco enquanto anto até a recepção para pegar uma cadeira de rodas, e em seguida, vou até o elevador e entro no mesmo que me leva até o terceiro andar. E lá vou eu...
Quarto 62.
Nunca gostei tanto de um número quanto esse que de um tempo para cá vem sendo meu favorito...Chegou o momento, eu entro no quarto após bater na porta. Lá estão elas, conversando, mas param de falar ao me ver.
-Bom dia! -Desejo receoso.
-Bom dia Nono! -Diz a garota.
-Bom dia. -Diz Kate num tom frio. -Algo a me contar? -Ela indaga.
-Só se prometer não me matar... -Abaixo a cabeça.
Já estou até ouvindo a música... a que vai tocar no meu velório amanhã às 8:30 da manhã.
-Não posso prometer nada. -Ela diz.
-Mamãe! Não deixe ele com medo. -Manuella diz.
-Ele beijou a minha filha! -Kate diz.
-E eu peço desculpas por isso, mas eu lhe prometi que não vou machucar a Manu.
Eu nunca seria capaz de fazer algo assim com ela.
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Manuella
Storie d'amoreApós a perda de uma aposta com seu melhor amigo, Noah Muñoz não tem outra escolha a não ser ir para um novo plantão, onde ele irá cuidar de uma garota que à 14 anos sofreu um acidente que a levou à um coma, e após conquistar a confiança da mãe da ga...