ℭ𝔥𝔞𝔭𝔱𝔢𝔯 008| 𝘽𝙚𝙞𝙟𝙤

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-Certeza que eu ficaria. -Sorrio de canto. -O que acha melhor? Irmos dormir ou ficarmos acordados por mais um tempo? -Pergunto.

-Com certeza a segunda opção. - Ela sorri e pisca com um só olho para mim.

Essa piscadela definitivamente me desmontou e arrancou o restinho de juízo que eu tinha.

Eu beijo o pescoço dela enquanto a mesma se arrepia e ri por sentir cócegas, mas eu não ligo, Manuella tem cheiro de morangos e sua pele é macia e clara, tão clara ao ponto de que qualquer coisa que encoste nela deixe um hematoma facilmente, vou trilhando um caminho até sua boca e deixo selinhos ali enquanto a garota dos olhos verdes sorri sem mostrar os dentes. Sua boca é macia e bem hidratada, o tom rosado de seus lábios logo fica vermelho pelo atrito de nossas bocas, minha pele se arrepia junto a dela enquanto um memorável e inesquecível frio na barriga me atinge, eu enterro minha cabeça entre o ombro e pescoço da garota enquanto a mesma acaricia meu cabelo com calma.

Nesse momento o silêncio é tão confortante que poderia ouvir nossos sangues correndo pelas veias.

O cheiro dela me acalma, faz com que eu me sinta seguro ali e na real, eu não quero dormir pois sei que se eu pegar no sono a noite passará rapidamente e terei que ir embora pela manhã.

-Durma, eu sei que você vai ter um dia cansativo amanhã, então precisa descansar, é isso que a mamãe sempre fala para mim antes de dormir. -As palavras doces da garota de cabelos escuros ecoam por minha cabeça enquanto os dedos da mesma passeiam por meus cabelos me deixando mais sonolento ainda.

-Se eu dormir a noite passará rápido e eu terei que ir embora... -Lamento.

-Não vai se livrar de mim tão cedo, Muñoz.

-Promete? -Indago.

-Sim. -Ela diz e então eu fecho os olhos e espero o sono vir.

[...]

O despertador toca e eu estico o braço para alcançá-lo na cômoda ao lado da cama. Eu o desligo rapidamente para não acordar a garota que dormira ao meu lado essa noite e me levanto para escovar os dentes e trocar de roupa. Vesti o Jaleco que deixei para cobrir Manu, escovei os dentes, ajeitei o cabelo e fui até minha mochila para pegar o moletom preto já que hoje está frio e Manuella está toda encolhida e trêmula.

-Manu... -Eu a chamo e a mesma abre os olhos. -Bom dia. -Desejo à ela mas sem resposta alguma.

Não a julgo. Eu também fico lerdo que nem um zumbi quando acordo.

-Vista esse moletom, está frio. -Digo vestindo ela com o moletom que cabem quatro dela dentro e a entrego o seu urso de pelúcia.

-Noah... -Ela me chama com uma voz arrastada.

-Oi. -Respondo.

-Fica aqui? -Ela pede.

-Fico, mas só até sua mãe chegar. -Digo me deitando na poltrona e esticando minha mão à garota que agarra a mesma enquanto eu uso minha outra mão para mexer no celular.

Um tempo depois a porta do quarto se abriu e tive a visão da loira que entrava pela porta, diferentemente de Manu que deve estar tendo a visão de seu décimo oitavo sonho.

-Bom dia, Noah! Pelo visto cuidou bem dela, obrigada. -Kate agradece tirando duas notas da bolsa.

São duas notas de 100,00?...Pelo visto sim.

-Não posso aceitar, Kate, mas obrigado mesmo assim.

-Aceite, por favor, Noah. -Ela implora.

-Não, Kate, obrigado mas não posso aceitar.

-Ok... mas eu te agradeço do fundo do coração por tomar conta dela para mim. -Ela agradece.

-Por nada, foi um prazer cuidar dela.

É...Realmente foi.

-Muñoz...Não vai, por favor... -A garota resmunga ao me ver indo em direção à porta.

-Manu, tenho que ir. Daqui a pouco eu estarei aqui novamente para a fisioterapia. -Digo.

-Ah não! -Ela se vira para o outro lado ficando de costas para mim.

-Bom, Quédate bien, princesa! -Me despeço e saio do quarto.

Provavelmente Manuella irá contar à sua mãe sobre ontem, e agora? O que eu faço? Correr disso não é uma opção, ou pelo menos isso que me foi ensinado.

Nunca corra de seus problemas...Essa frase que me foi dita algumas me marcou bastante, mas a questão é: Não estou correndo de meus problemas, estou correndo da barreira que tem entre mim e a solução dos meus problemas!

Manuella.

Ela é a solução e Kate é a barreira... Mas é uma pena que não poderei correr da mesma por muito tempo pois adivinhe? Hoje Manuella tem fisioterapia...Ai meu Deus, eu estou na merda agora!

[...]

-Você pegou ela?! -Gael pergunta empolgado.

-Não peguei, foram só selinhos.

-Isso já é um começo! Agora vai fazer o quê?

-Além de morrer de vergonha na frente da mãe dela...Eu tenho que comandar a fisioterapia da Manuella.

-Cara... Você está ferrado, mano. -Diz o loiro.

-Sim, estou.

-Uh! 14:00, cara. Boa sorte! -Ele diz em tom de deboche.

Bom, depois dessa chupeta de baleia debochar da minha cara...

Vai, não leve a forma na qual eu chamo meu amigo como Bullyng, ele entende que é brincadeira e me zoa também.

Mas enfim, chegou a hora. Talvez a hora da minha morte, mas de um jeito ou de outra minha hora chegou...Eu ponho meu estetoscópio em torno do pescoço e meu oxímetro no bolso do jaleco enquanto anto até a recepção para pegar uma cadeira de rodas, e em seguida, vou até o elevador e entro no mesmo que me leva até o terceiro andar. E lá vou eu...

Quarto 62.

Nunca gostei tanto de um número quanto esse que de um tempo para cá vem sendo meu favorito...Chegou o momento, eu entro no quarto após bater na porta. Lá estão elas, conversando, mas param de falar ao me ver.

-Bom dia! -Desejo receoso.

-Bom dia Nono! -Diz a garota.

-Bom dia. -Diz Kate num tom frio. -Algo a me contar? -Ela indaga.

-Só se prometer não me matar... -Abaixo a cabeça.

Já estou até ouvindo a música... a que vai tocar no meu velório amanhã às 8:30 da manhã.

-Não posso prometer nada. -Ela diz.

-Mamãe! Não deixe ele com medo. -Manuella diz.

-Ele beijou a minha filha! -Kate diz.

-E eu peço desculpas por isso, mas eu lhe prometi que não vou machucar a Manu.

Eu nunca seria capaz de fazer algo assim com ela.

ManuellaOnde histórias criam vida. Descubra agora