Tudo se partindo

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Eu sempre tive uma vida difícil, uma vida não muito fácil e de repente, ela ficou calma, pacata, simples, eu me sentia uma nova pessoa e isso tudo aconteceu, quando conheci o Nick.

Nick me dava certeza que eu poderia ter um futuro melhor, ele fazia minhas vontades, enchia suas redes sociais de fotos nossas, só que de um dia pro outro, tudo mudou, brigas por motivos bobos começaram a acontecer, começamos a jogar as coisas um na cara do outro, uma coisa que juramos no início do relacionamento não faríamos, ele ignorava minhas mensagens, aparecia semanas depois bêbado e mesmo assim eu o perdoava, até porque amor é isso né? você perdoa aqueles que ama independente do que elas façam, era assim que eu pensava.

Eu havia enviado mais de cem mensagens para o meu namorado e ele não me respondia, estamos em férias da faculdade e por isso não nos vimos, seus melhores amigos diziam não saber aonde ele estava e um frio percorreu todo o meu estômago, normalmente eu deveria estar preocupada, ele poderia estar morto em um córrego por aí mas eu tinha certeza que não era isso, certeza essa que me levou correndo até sua casa, a casa dele era bem distante da minha mas eu nem consegui sentir, eu só queria chegar lá e ver se ele estava bem, queria mostrar que todos os meus pensamentos estavam enganados mas assim que cheguei lá pude ver a porta aberta.

- Nick?- O chamei enquanto entrava na pequena casa - Você tá aí?

Um barulho em direção ao quarto me chamou a atenção, caminhei lentamente sentindo meu corpo implorar pra que eu voltasse pra minha casa mas eu sempre fui muito teimosa e me recusei a ouvir oque meu coração dizia e aquilo fez com que eu presenciasse uma cena que ficaria marcada pra sempre em minha mente; a pior das traições, Nick estava transando com minha melhor amiga.

Nunca fui de me calar ou de fugir, sempre enfrentei tudo que viesse me atingir mas eu me sentia tão pequena naquele momento, assim que os dois notaram minha presença se assustaram, Carrie que tentava se explicar, se aproximava de mim enrolada em um lençol, eu apenas dei dois passos pra trás e levantei minha mão em sinal que ela parasse de falar.

- Eu não quero saber, me esqueçam - foi a única coisa que eu disse antes de encarar aquela cena deprimente mais uma vez.

Só chorei um quarteirão depois, senti as forças das minhas pernas irem embora e lá estava eu, sentada naquele chão em plena madrugada, a única coisa que me faltava agora era ser assaltada mas nesse momento, eu não me importava com nada, eu realmente acreditava que Nick me amasse, acreditei que mesmo com nossas brigas recentes, os sumiços estranhos dele, achei que ainda havia esperança de voltarmos a ser oque éramos mas vejo que estava enganada e a Carrie? ela foi quem mais me magoou, ela estava me ouvindo ontem falar sobre Nick, me dizendo que se eu o amava não deveria desistir que de um garoto como ele, não se abria mão, vejo agora porque ela dizia isso.

Quando finalmente tomei coragem de me levantar, fui até o bar mais próximo, eu não sou do tipo de quem se embriaga, não sou uma bêbada por amor mas dessa vez, tudo que meu corpo pedia era álcool e eu não iria negar.

-Um brinde ao meu namorado babaca e minha melhor amiga que transa com ele pelas minhas costas!- Levantei o copo e virei ele de uma vez sentido o líquido queimar minha garganta.

- Vai com calma garotona, desse jeito você vai acabar dormindo no chão do bar- Olhei em julgamento para o homem sentado ao meu lado.

- E isso é problema de quem? - Perguntei virando mais um copo, eu não estava afim de papo mesmo ele sendo extremamente bonito.

- Vou até ficar quieto, vai que você me fura com seus chifres- Estendi meu dedo do meio pra ele mas não consegui conter uma risada com a brincadeira dele.

Eu perdi a noção de quantas doses tomei, só me lembro de acordar no dia seguinte com um bilhete ao lado da minha cama, um bilhete que apenas estava escrito: "De nada =)"

Tentei me lembrar de algo e a primeira coisa que fiz foi conferir se eu estava de calcinha e eu estava, minhas roupas estavam intactas a única coisa que não estava normal em mim, era minha cabeça que doía por conta da ressaca e assim que me olhei no espelho, a imagem da noite anterior invadiu minha mente, senti meus olhos se encherem mais uma vez mas me recusei a chorar, não vou ficar chorando por alguém que não me merece, não vou chorar por dois babacas que foram capazes de fazer algo assim por uma pessoa que fazia tudo por eles.

Minha necessidade de espaço agora era extremamente melhor, não queria que nossos amigos ficassem me lotando de mensagens, me perguntando coisas, me chamando para os mesmos lugares que ia antes com meu namorado e melhor amiga, eu precisava de um tempo pra mim, eu precisava de espaço e por isso, decidi ir pra casa dos meus pais nas férias mesmo que assim que elas acabassem, minha vida voltasse a ser horrorosa, eu precisava desse tempo, precisava fugir disso tudo e por isso arrumei minhas malas e sem pensar duas vezes fui para casa deles.

Eu deveria ter escutado meus próprios conselhos, conselhos como; O amor não dói e se está doendo é porque não é amor. Eu sempre tive a noção disse mas preferi ignorar pois não queria deixar o Nick e nem a ideia de vida que poderíamos ter tudo juntos mas isso eu não poderia ignorar, eu me recusava a tentar ignorar, repetia a cena quantas vezes possíveis na minha mente, toda vez que seu nome me vinha a cabeça, eu iria esquecer de vez ele, voltar uma mulher superada, eu estava tão apegada a ideia de alguém que nem pude ver oque estava na minha cara e por conta disso, estou dentro de um ônibus pra uma viagem de 12h.

Fear - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora