Dos

1.4K 93 8
                                    

Belinda se espreguiçou na cama do hotel, sentiu a cabeça doer e a boca amarga, maldita tequila.

Maldita ou bendita tequila? Foi o pensamento maroto que passou em sua cabeça ao ir ao banheiro e notar as marcas pelo pescoço e colo que foram deixadas por um uruguaio estranho mas extremamente atraente.

Depois do que aconteceu naquele canto escuro do bar, Belinda fugiu, fugiu rindo e se sentindo viva, se despediu do grupo de amigos que recém tinha feito, passou seu número para Camilia, que estranhou e muito a nova amiga não ter redes sociais, mas não questionou, após as despedidas Belinda seguiu rumo ao quarto de hotel precisava urgentemente sair daquele bar antes que voltasse para os braços de Joaquin.

Não demorou muito para Camila ligar os pontos, a amiga saiu esbaforida do bar, mas com um sorriso largo e roupas amassadas, e seu irmão voltou algum tempo depois em um estado até pior que o da amiga, estavam juntos.

- Belinda hm? - Perguntou a Joaquin
- Onde ela foi? - O uruguaio perguntou à irmã procurando a morena pelo bar, mas só recebeu uma risada.

Aguentou as piadas, e olhares da irmã pelo resto da festa, que droga por que não conseguia parar de pensar na mulher que havia conhecido a menos de um dia? Deveria ser o efeito da tequila só podia ser.

Acordou no outro dia de ressaca, mas para Abel Ferreira e para a Sociedade Esportiva Palmeiras isso não importava, vestiu a roupa de treino e ligou seu notebook para seguir as instruções do treino on-line, fora uma opção interna dar mais uns dias de férias para os atletas mas não deixar de lado a preparação para as competições do novo ano.

Depois de treinar desceu cumprimentando os pais e deu graças por Camila estar de plantão no dia, pegou seu celular e começou a fazer uma pesquisa pelo nome "Belinda" procurou e achou alguns perfis mas nenhum era o dela, droga quando ela disse que ele não a acharia estava falando sério, bufou indignado e pensou na merda que estava acontecendo, era só uma mulher, por que a maldita não saiu do pensamento?

Belinda por sua vez decidiu conhecer a cidade, visitou o centro, se encantando pelas ruas, vilas, pessoas, sorria e se sentia bem no lugar, mal parecia que tinha deixado uma confusão e tanto para resolver quando voltasse ao Brasil, comeu comidas típicas como a parrilla uruguaia que sua avó tanto sentia falta e entendeu o por que, queria contar suas peripécias a avó e nesse momento sentiu uma tristeza, não tinha mais como se comunicar com a avó, suspirou e decidiu caminhar pela orla da praia, precisava esquecer da tristeza que a partida de sua avó deixou em seu coração.

Piquerez por sua vez pegou uma coleira, chamou seu cachorro pelo nome "tavo" pegou chave do carro e decidiu que ia ser de alguma maneira bom sair para caminhar com o companheiro canino, estava cansado de ouvir as loucuras do pai, e não queria dar trabalho a mãe, se por um lado ser jogador era bom com toda a certeza era de dar e proporcionar uma vida melhor aos pais que tanto apostaram nele, se sentia bem quando o assunto era retribuir o que os pais lhe deram, sabia que hoje era motivo de orgulho.

Chegou a praia, pegou seu melhor amigo pela coleira, colocou os fones de ouvido e começou a caminhar, devagar, parando em quase todo o percurso da praia por que o cão queria marcar território ou cheirar tudo o que estava à frente, caminhou por algum tempo decidindo por fim tomar uma água em um quiosque a frente, pegou a garrafa de água e decidiu pôr fim soltar o cachorro da coleira para o mesmo correr na praia, se sentou na areia vendo o amigo correr e se divertir na areia, sempre amou os animais, e por vezes desejou ter um companheiro na sua vida em São Paulo mas desistiu por que sua vida era caótica demais.

Deixou o cachorro correr até cansar, e conseguiu se distrair, mas a noite vinha caindo e recebeu uma mensagem de Camila para buscar a mesma no hospital, o plantão tinha acabado, e ele como um bom irmão iria até a irmã, com um assobio nos lábios chamou o cão que veio rapidamente, não colocou a coleira, não via necessidade, o cachorro era educado com pessoas.

Caminhou até o carro sendo seguido pelo animal, entrou no automóvel e deu a partida para começar o percurso até o destino, se distraiu com o cachorro que fazia uma bagunça no banco de trás, tanto que teve que freiar bruscamente em uma esquina qualquer, quase atropelou uma pessoa perto da praia, que merda ele fez pensou, desceu do carro para tentar resolver o acontecido, até enxergar uma silhueta conhecida, achou estar louco, mas quando a pessoa que ele quase atropelou olhou para ele teve a certeza de que estava mais lúcido do que nunca.

Tão lúcido que as lembranças da noite passada voltaram à tona.

PUNTA DEL LESTE - JOAQUIN PIQUEREZ (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora