002. VAMOS FAZER UM ACORDO!

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Giovanna Scarpa
📍São Paulo, SP
Sábado, dia da premiação.

Onde você vai dessa vez? — Jullie, minha melhor amiga da faculdade e parceira de casa, perguntou. — Tão elegante! Mas sabe que não precisava fazer isso, né? Sua família tem dinheiro, Gio.

Marchetti é a única que sabe o que realmente faço para ganhar dinheiro, como faço faculdade de moda disse para meus pais e meu irmão que sou funcionária de uma das lojas mais chiques da cidade e que por isso recebo um salário alto tal como Gustavo sendo jogador de futebol.

Ok, ganho um pouco menos que o meu irmão mais velho mas ainda assim uma quantia que me faz ter uma vida de princesa.

— Vou acompanhar um homem em um evento, acredito que seja um casamento ou coisa parecida. — Respondi, me olhando no espelho e conferindo se estava tudo em ordem com o meu vestido, cabelo e maquiagem. Não quero dar motivos para o cliente da vez reclamar. — Já tivemos essa conversa antes, não quero mais depender do dinheiro deles e já te disse também que eu largo essa vida quando a gente se formar. Como estou?

— Linda!

Sorrio e antes que alguma de nós pudesse falar mais alguma coisa, ouvimos a campainha tocar. Pela décima vez aquela noite, confiro meu visual no espelho e em seguida minha bolsa: celular, carteira, documentos, batom para retocar se por acaso rolarem beijos e o item mais importante, camisinha.

É verdade que nem todo cliente me procurava para sexo, até porque meu trabalho não se resume a isso, mas sempre é bom se prevenir e evitar doenças ou uma gravidez indesejada. Não, não tenho absolutamente nada contra crianças, ao contrário, mas a chance de eu parar minha vida para cuidar de alguma agora é zero.

— Não me espere para dormir, ok? Beijos, te amo. — Me despedi de Jullie que assentiu e desejou boa sorte além de pedir para eu me cuidar. Ela sempre fazia isso, fofa.

Abro a porta e encontro um homem que aparentava seus cinquenta anos, se aproximou e se apresentou como motorista do... Como era mesmo o nome? Ah, lembrei... Raphael.

Será que todos são assim? Digo isso porque um dos melhores amigos do meu irmão é xará do meu cliente de hoje e pensem numa criatura insuportável, além de ter sido um idiota com a Bruna, minha outra melhor amiga que atualmente mora no Rio de Janeiro mas nos falamos quase que diariamente. Jullie não a suporta mas acredito que não passa de ciúme de amiga, sabe?

— Seu patrão ficou com vergonha de vir até aqui e pediu pra você, né? — Ele assentiu, após me entregar o pacote com os vinte mil reais. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, já fui acompanhante de muitos homens com cargos importantes e sempre usavam essa tática. Patéticos, na hora de contratar não ficam envergonhados e até ligam do próprio número.

— Por aqui, senhorita. — O segui, caminhamos por alguns segundos até parar em frente de uma fucking BMW.
Uau, esse tem dinheiro!

O vidro abaixa e minha curiosidade teria um fim, mas minha indignação só estaria começando.

— Você? Isso é alguma brincadeira de mal gosto?

Raphael Veiga, melhor amigo do meu irmão e a pessoa que eu mais odeio na vida, estava dentro daquele carro que custava mais que a minha alma.

— Eu sabia que a voz era familiar, minha intuição nunca falha. — Disse, com um sorriso cínico. — Boa noite Gianna ou melhor, Giovanna Helena Furtado Scarpa. Vamos? — Perguntou, com a porta do carro aberta.

— Não vou pra lugar nenhum com você e pode pegar seu dinheiro de volta. — Respondi, jogando o pacote no banco de trás quase o atingindo.

— Ok! — Disse, checando o horário no celular. — Wilson, temos um tempinho pra passar em um lugar antes? — O motorista assentiu, Raphael agora tinha um sorriso maldoso. — Serei breve, vou fazer uma visita só pra contar a família Scarpa que a filha deles mente e que ela não é nada do que eles acreditam.

Idiota, desgraçado, maldito, filho da mãe.

— Tchau Gio, não conte mentiras quando for pro céu. — Veiga provocou, fechando a porta mas eu impedi. Odiava fazer aquilo, mas odiaria ainda mais ser uma decepção pra minha família. Sentei ao seu lado e então, fechei a porta sem olhar para o jogador que se limitou a dizer: — Boa menina. Acho que isso aqui é seu! — Sussurrou no meu ouvido, devolvendo e colocando no meu colo o pacote com o dinheiro.

— Pra onde vamos?

— Uma premiação chamada Bola de Prata, conhece? O Scarpinha já ganhou alguns prêmios de lá.

— Claro que conheço, não sou burra.
Vamos fazer um acordo! — Veiga concordou, ao menos isso esse traste fazia. — Te acompanho nessa premiação e a partir de amanhã você me deixa em paz!

— E as coisitas más... Se eu quiser irá acontecer, você mesmo disse.

— Aconteceria se fosse com qualquer outra pessoa, não com o insuportável do melhor amigo do meu irmão.

Raphael me olhou fingindo estar ofendido, com a mão no peitoral.

— Última pergunta, posso? — Agora o olhar era pedindo permissão com o dedo levantado.

— O que é agora? Deveria cobrar a mais pelo interrogatório.

— Se perguntarem como nos conhecemos, já que pra todos os presentes seremos um casal, o que eu digo?

— Essa é fácil, de tanto eu ir nos jogos meu irmão nos apresentou e começamos a ficar. Mais alguma coisa?

Isso não era mentira, realmente fui apresentada a Raphael e a todos do time por Gustavo logo após o Palmeiras ser Campeão Paulista.

— E o que é difícil?

— Estar com você, mas vale a pena pelo dinheiro.

escort, raphael veiga.Onde histórias criam vida. Descubra agora