031. REVIRAVOLTA.

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Giovanna Scarpa
📍São Paulo, SP

— Amiga, você tem que ver isso! — Jullie diz, se aproximando de mim com o celular e dando ênfase no tem. Seja lá o que fosse, eu não estava com cabeça e tempo pra isso, aliás, nem sei como ela conseguia pensar e focar em algo que não fosse o lugar e a situação em que estávamos no momento.

O lugar: camarote do Allianz, dessa vez sem Bruna nos acompanhando. Desde o dia da nossa fatídica briga na faculdade que culminou na expulsão de ambas, não tive mais notícias da minha agora ex-amiga e não sentia falta. Ao contrário, a sensação era de que as coisas estavam fluindo, pessoal e profissionalmente.

A situação: semifinal do Paulista contra o bom time do Novorizontino, mas o nosso era melhor. Mas se era mesmo, por que ainda não havíamos aberto o placar?
Perdida em meus pensamentos e nervosismo, nem percebo o tempo passar e só volto a realidade ao ouvir o árbitro apitar o final da primeira etapa.

— Amiga... — Mais uma tentativa de Jullie. O que era tão importante ou mais até que o jogo? Decido dar atenção enquanto o mesmo estava no intervalo e quase caio pra trás quando percebo o que tanto minha melhor amiga queria me mostrar e não conseguia.

O vídeo da minha briga com Bruna postado em diversos perfis de fofoca, mostrando exatamente como tudo aconteceu, desde Ripani confessando o que fez comigo até o momento em que perdi o controle e a agredi. Esperava os piores comentários sobre mim, afinal, quem ficaria ao lado de uma acompanhante de luxo e contra uma modelo famosa?

Tenho mais uma surpresa ao ver que muita gente me apoiava, defendendo que não era crime como eu levava minha vida anteriormente e outras dizendo que não sabiam que Bruna era tão baixa, passando por comentários dizendo para ela superar Raphael e por fim, outros duvidando que o relacionamento acabou devido a uma traição do jogador.

Essa dúvida também pairava na minha mente.

Raphael Veiga
📍São Paulo, SP

Como não só eu, mas todo o time já imaginava que seria, o Novorizontino mais uma vez não facilitava pra nós naquela noite. Com certeza ninguém, principalmente Piquerez ainda traumatizado pelo ocorrido na final da Supercopa, queria que o duelo fosse decidido nos pênaltis novamente.

Pro nosso azar, o cenário da primeira etapa se repetiu com o Novorizontino gastando o relógio enquanto esperava nossa equipe se lançar ao ataque, deixando espaços na defesa. Mas aos oito minutos a sorte se mostrou ao nosso favor e Mayke consegue um cruzamento para Flaco que ganhou no alto e deu uma belíssima assistência para Endrick marcar e levar a torcida, antes apreensiva, a loucura.

— Esse é meu garoto! — Digo, o abraçando, após arrumar a "bagunça" que fez. Na comemoração do gol, o mais novo pegou o enorme escudo que fica no gramado e o estendeu atrás de seu corpo, ficando praticamente coberto por ele. Os vários fotógrafos presentes não perderam tempo em registrar a cena que com certeza já estaria em todos os lugares dali poucos minutos.

Olho para os camarotes e de longe, consigo ver Giovanna e Jullie vibrando, se abraçando e comemorando. Aponto para Joaco, que sorri ao vê-las.
Alegria essa que por pouco não volta a ser angústia no final da segunda etapa, quando Rômulo, nosso futuro companheiro de equipe, arrisca de longe e quase marca, passando por perigo por Weverton que assim como nós dois, vai ao delírio e alívio quando o juiz apita o final do jogo.

Conseguimos, estamos em mais uma final!

Sou escolhido para dar aquelas entrevistas após o jogo então logo após tomar um bom banho, me dirijo a área onde a imprensa aguarda para bombardear de perguntas.

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