Raphael Veiga
📍São Paulo, SP— Ô porra, tá cego cara? — Ouço Zé Rafael perguntar, depois de ter me passado a bola no aquecimento e eu simplesmente... deixar passar. Algo não estava bem e eu precisava saber o que era, mas não deveria ser nada mais importante do que o jogo por mais uma rodada do estadual.
— Foi mal... — Me limito a responder, coçando o olho e tendo um pouco de dificuldade para abri-lo.
— Parece alguma alergia, tem certeza que consegue jogar assim? — Zé pergunta. E eu já sabia que a resposta era negativa, mas eu não podia deixar o time e a torcida na mão. — Tá na cara que não, acho melhor você ver o que é isso aí, amigo.
Assinto e vou até onde os médicos e a comissão estavam, sinalizando que algo não estava bem. Uma breve análise bastou para ouvir o que eu não queria, mas já imaginava.
— Não poderá jogar hoje, Raphael, aliás, provavelmente você vai precisar ficar uns dias fora até melhorar do que parece ser uma conjuntivite! — O ouço dizer e me tirar do gramado, logo após avisando a Abel que rapidamente colocou outro companheiro no meu lugar.
Tomar um cartão vermelho, ainda que fosse raríssimo de acontecer comigo, teria sido melhor do que ter que sair a força ou melhor, nem ter a chance de entrar em campo e fazer o que tanto amo.
E se a notícia já estava em todos os lugares, como era de praxe em cada jogo, uma torcedora em especial já deveria ter lotado meu celular de mensagens de preocupação e infelizmente o momento não me deixava fazer o mesmo. Tudo para me recuperar o mais rápido possível e nesse tudo, estava em me comunicar com Giovanna apenas quando voltasse para casa.
Nunca pedi tanto para as horas passarem e felizmente não só isso aconteceu, como também mais uma vitória da nossa equipe, ainda que pelo placar mínimo mas o que importa são os três pontos.
E agora só que importava era estar com Giovanna novamente, já imaginando ouvir suas reclamações pelos meus inúmeros vácuos que se transformariam em compreensão em seguida.
— Passou um furacão por aqui? — Pergunto rindo, ao abrir a porta de casa e ver a sala cheia de papeis, lápis e alguns pedaços de tecidos. Por segundos esqueço que agora sou namorado de uma empresária do ramo da moda e que cenas como essa seriam cada dia mais comuns.
— Desculpa, amor. Prometo que arrumo tudo, já estou acabando e...
Paraliso e deixo um sorriso bobo escapar após ouvir a segunda palavrinha e não ouço mais nada depois daquilo. Giovanna não era mais aquela de quando nos conhecemos e que não suportava nem ouvir meu nome e eu não poderia estar mais feliz.
— RAPHAEL! — Desperto, sendo sacudido levemente por ela. — Como sempre não prestando atenção no que eu falo, né?
— Perdão, prometo que isso vai mudar.
— Vai sim, confia. Nem você acredita nisso, garoto! — Retrucou, gargalhando. Em partes Giovanna tinha razão, qualquer coisinha mínima que ela fazia era o suficiente pra me fazer admirá-la como um bobo apaixonado. — Ah lá, tá fazendo de novo... Você não muda nunca, jogador. — Riu, me dando um selinho rápido. — Tá me ouvindo agora? — Assinto. — Então, o que aconteceu aí?
Por um momento esqueço completamente o motivo de eu nem ter jogado e só volto a lembrar quando ela pergunta, apontando para o meu olho.
— Os médicos do time acreditam que é uma conjuntivite, amanhã mesmo vou procurar um médico especializado pra poder voltar o mais rápido possível. Não aguento e nem quero mais ficar longe...
— Saúde em primeiro lugar, Rapha.
— Mas olha só quem fala, mocinha. Olha a bagunça que tá isso aqui, deve ter ficado o dia todo trabalhando sem nem se alimentar direito! Chega de gente doente nessa casa, tá?
Giovanna revira os olhos, fazendo rendição com as mãos em seguida e começando a limpar o cômodo.
— Quer ajuda? — Pergunto, mas já imagino sua resposta. Negativa.
— Repouso absoluto até estar em condições de jogo, Veiga. A última coisa que você vai fazer antes disso é desligar o fogão e colocar o macarrão na mesa, enquanto eu termino de organizar tudo por aqui!
Adivinha como estou ao vê-la me dar aquela simples ordem? Mas dessa vez pensamentos extramente impuros me invadem e a ideia, desejo e vontade de tê-la em cima de mim comandando a situação me deixava louco.
— Muito bem, jogador. Pra quem tá cego de um olho, até que organizou direitinho!
— Vou te mostrar o cego logo mais... — Penso ter ficado no sussurro, mas sou surpreendido com um leve tapa no ombro. Giovanna se senta ao meu lado, pegando um prato e enchendo com macarrão e muito queijo. Nunca vi alguém amar queijo tanto como ela, talvez só ame uma coisa mais do que isso: eu. Ok, a própria família e a Jullie também, aceito esse empate. — Ai, já esqueceu que eu tô debilitado!? Necessito cuidados, amor, carinho e atenção, poxa. — Digo, fazendo um biquinho. Giovanna ri e então a vejo pegar um fio do macarrão e colocar em sua boca, apontando o outro lado pra mim. A olho sem entender, dando uma risada nervosa.
— Jura que não entendeu? — Pergunta, me olhando confusa.
Claro que entendi, a clássica cena de A Dama e o Vagabundo. Entendo também que poderia ser um sonho, um desejo ainda que extremamente simples e que Giovanna queria realizar com alguém especial e o destino fez com que eu fosse o escolhido para isso.
Abro e fecho minha boca rapidamente, após sentir a pontinha do macarrão nos meus lábios e vamos nos aproximando, engolindo aos poucos e nos beijando ao final. Um remake perfeito desses, bicho?
— Te amo! — Giovanna diz, após abrir os olhos e bagunçar meus cabelos.
Adivinha como eu estava mais uma vez?
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mais cinco capítulos e a fanfic acaba! 😭
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escort, raphael veiga.
Fanfiction"eu só peguei o número no jornal, giovanna. não sabia que a irmã do meu melhor amigo era acompanhante de luxo." onde raphael veiga acaba conseguindo o número de uma acompanhante no jornal que recebeu em sua casa, mas ao ligar para o número, perceb...