022. E A DESPEDIDA!

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Raphael Veiga
📍São Paulo, SP

Entro no quarto e vejo Giovanna dormindo como um anjo e de fato é isso que a considero na minha vida, por mais que sua entrada no meu coração tenha sido de forma nada convencional. Nós nos acostumamos a presença um do outro com o passar do tempo e ficar longe seria difícil, porém necessário para pensar melhor no que fazer quando a poeira baixar.

Por mim, continuaríamos juntos, mas agora sem a parte do dinheiro, sendo um casal comum como outro qualquer, desses que se conhece em uma festa, trocam contatos e passam a se conhecer melhor com o passar dos dias. Mas nós não éramos pessoas comuns e em momentos como esse o que eu mais desejava era que ninguém soubesse da nossa existência.

Todos esses pensamentos não me deixaram dormir e sem me importar com o horário levantei da cama com o maior cuidado para não acordá-la, começo a arrumar minha mala e deixo algumas lágrimas escaparem.

— Raphael?

Ouço Giovanna me chamar e após um longo suspiro, crio coragem e a olho com ainda mais lágrimas no meu rosto. Não gostava de demonstrar fraqueza, ao mesmo tempo que eu não quero mais esconder o que eu sinto pelas pessoas, principalmente quando se trata dela.

— O que aconteceu? Por quê tá chorando? — Giovanna me puxa de volta pra cama e sentados nela, começamos a nossa conversa mais dolorosa. — Não precisa ir se não quiser...

Ah, se tudo fosse tão fácil assim...

— Vai ser melhor pra nós dois, Gio! Eu me sinto sufocado com tudo o que aconteceu e também inútil porque por causa disso fui afastado e não posso fazer a segunda coisa que eu mais amo na vida.

— Segunda? Qual é a primeira?

— Estar com você!

Agora foi a vez de Giovanna suspirar pesadamente, como se dissesse: eu sinto e penso a mesma coisa, seu idiota.

— Então fica, não precisa se torturar dessa forma nem de nenhuma outra. Você mesmo disse que estaria do meu lado, lembra?

Impossível esquecer.

Quando a bomba explodiu, ainda assim Giovanna sentia segurança e amparo ao meu lado, ao mesmo tempo que fui o causador de tudo. Agora eu estava ali, arrumando minhas coisas como se estivesse fugindo, como um covarde.

— Preciso de um tempo pra mim, perdão. Aliás, não é só por isso que te peço...

Digo isso já de pé, voltando a atenção pra mala e sem coragem de encarar Giovanna outra vez mas ainda sentindo seus olhos em mim. Como eu disse, como um covarde.

— Não fala mais nada, Raphael, por favor. — Como um flash, a Scarpa mais nova correu agora ficando frente a mim. — Você quer ir? Vai, mas fugir não vai fazer com que você me esqueça e também de
tudo que vivemos e você, melhor do que ninguém, sabe disso. — Minutos de silêncio após o pequeno desabafo, ouço perguntar algo que me surpreendeu. — Nunca foi pelo dinheiro, né?

Sim, Giovanna me conhece muito bem a ponto de já ter entendido que a minha implicância com ela no passado já era uma paixão, um amor que eu negava pra mim mesmo que sentia, tanto que me envolvi com Bruna tempos depois e acreditava ser a loira que me faria feliz.

— De início sim, mas...

— Não, nunca foi! Afinal, você nunca me pagou nada além daquela noite da premiação e eu só aceitei porque você me obrigou. Lembra disso também?

Claro que eu lembrava, principalmente da chantagem e da ameaça que fiz de ir contar para seus pais e o Gustavo, antes tivessem descoberto por mim e não por um perfil de fofoca.

Me deixou sem palavras, mais uma vez.

— Aceitou ir comigo ou aceitou o dinheiro?

— Os dois! Agora é sua vez de aceitar o que vou pedir.

— Já falei que não... — Retruco imaginando o que ela ia me pedir outra vez: para ficar.

— Cala a boca e me escuta! — Fosse em outros tempos, teríamos começado uma discussão com direito a provocações até dizermos chega. Mas eu apenas fiz sinal para ela continuar. — É tempo de despedidas por aqui, certo? — Assinto, temendo onde isso vai chegar. — Então... vai se despedir da Gianna Apracs também, Raphael Cavalcante Veiga.

Seu tom de voz mudou, era o mesmo de quando transamos pela primeira vez após a ceia de Natal e a olhei embasbacado com aquela lingerie. E era com esse mesmo olhar que eu me encontrava agora, me deixando levar.

Caralho, que mulher!

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