- Isso é inadmissível... Você irá herdar meu legado um dia ou outro. Não lhe cabe a decisão. Seu sobrenome continua sendo Morax!
- Que se dane esse sobrenome de merda! Eu vou embora.
Antes que meu pai pudesse impedir, peguei a mala já pronta sobre a mesa e fechei a porta. Quem ele pensa ser? Poderia se ver como meu pai apenas uma maldita vez? Minha vida inteira têm sido ditada desde meu primeiro suspiro. Não quero morrer sabendo que jamais me deixei em primeiro lugar.
Chegando à recepção do prédio, chamo um táxi e me despeço dos funcionários. Deixar esse lugar vai me doer muito, porém precisa ser feito. Chega de seguir esse rumo que nunca tive direito de escolha.
Ao entrar no carro, informo o motorista à me deixar na casa de uma amiga, Hu Tao. Não pretendo passar uma noite sequer no mesmo teto que ela, apenas quero sua ajuda... Ajuda para encontrar uma direção de onde recomeçar. Hoje mesmo pretendo deixar um documento informando sobre minha demissão no banco. Imagino que Tartaglia seja o primeiro a estourar os fogos de artifício.
Ao longe, avisto o prédio em que Hu Tao mora. É igualmente de luxo como o que, à poucos minutos, eu morava. Nos conhecemos ainda pequenos por conta de nossas famílias. Meu pai já fora gerente na sede da Funerária Wangsheng, e após isso, o vínculo apenas cresceu. Disco o número e espero pelo retorno.
- ... Alô?
- Bom dia. Você está em casa?
- Bom dia para você também, gracinha. Estou cuidando do Christopher agora mas, se não tiver nenhum problema com aranhas, pode vir!
- Certo.
- Te espero!
*Ligação encerrada*
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Ao chegar na porta de seu apartamento, reparo no tapete logo abaixo. Vermelho com desenhos de borboletas. Posso dizer com convicção que ela mesma o fez. Por fim, toco a campainha. Não demorou 1 minuto sequer para ser atendido.
- Seja bem vindo, velho amigo!- Hu Tao diz, com Christopher no topo de sua cabeça.
- Muito obrigada...
- E aí? Qual foi a da mala?
- É uma história meio complicada.
- Mas você não veio até aqui à toa.
- Você tem um ponto.
- Desembucha.
- Eu briguei com meu pai e decidi sair de casa.
- Fugindo de casa aos 22 anos? Não está muito velho para isso?
- Não estou fugindo de casa. Estou querendo recomeçar, mas dessa vez sem alguém ditando cada passo meu.
- Entre, por favor. Vamos conversar sobre isso com uma boa xícara de chá!
Assim, tiro meus tênis e os deixo na entrada. Ao seguir a garota até a cozinha, percebo ela cochichando com a aranha e fazendo carinho na mesma. Se não estivesse acostumado com ela e seu bichinho de estimação, possivelmente teria tido um ataque cardíaco no momento em que a porta se abriu.
Enquanto colocava a mala em algum canto do apartamento, Hu Tao esquentava a água para o chá.
- Por sorte, tenho tofu de amêndoas na geladeira! Xiangling deixou aqui hoje cedo.
- Não precisa de tanto...
- Claro que precisa! Não é sempre que recebo sua iluminada visita.
- Pretendo sair logo mais atrás de um apartamento para alugar. Você sabe de algum lugar?
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O Apartamento ao Lado.
FanfictionDepois de uma discussão com seu pai, Xiao faz as malas e se muda para outra área da cidade na intenção de sair da sombra do mesmo. Se encarregar da empresa de Zhongli não poderia ser sua única missão em vida, afinal, não se via como banqueiro de for...