three

265 30 116
                                    


Faz dois dias que Patrick foi para sua tal viagem, ele ligou duas vezes. As duas apenas para falar com Manuela. Mas também mandou algumas mensagens perguntando se estávamos bem.

- Mamãe! Mamãe! - vejo meu pequeno anjinho entrar no quarto.

- o que aconteceu, meu amor? - pergunto me sentando na cama.

- não aconteceu nada. - solta uma risadinha. - Queria perguntar se a senhora pode me colocar para dormir hoje.

- Claro que sim, anjinho. - a ajudo a subir na cama. - tenho uma ideia até melhor.

- Qual? - pergunta curiosa.

- Que tal dormir com a mamãe hoje? - proponho e vejo seus olhinhos brilharem.

- SIM! Faz um tempão que não durmo com a senhora. - me abraça.

- você cresceu, não quer mais dormir comigo. - digo e vejo sua cara de indignação.

- a minha coisa favorita da vida é dormir com a senhora, mamãe. - ela diz como se fosse óbvio. Dou uma pequena risada por sua indignação. - quer dizer, depois de algodão doce.

- vá aprontar suas coisas, peça para Judit te ajudar. - falo rindo e a vejo sair correndo.

*******

Acordo quando sinto a cama se mexer mais do que deveria. Abro os olhos com um pouco de dificuldade, olho para o lado e vejo Patrick se ajeitando. Estranho.

- o que faz aqui? - pergunto com a voz sonolenta.

- eu disse que não iria demorar para voltar. - fala. - quer que eu durma no outro quarto? - pergunta e olha para Manuela que estava no nosso meio.

- você quem sabe. - respondo fechando os olhos.

- Ellen. - chama.

- Patrick!?

- Nós precisamos conversar, Ellen.

- Eu sei, mas agora eu vou dormir. Amanhã conversamos. - falo baixo.

- Tudo bem. - diz se abraçando com Manuela. Me viro para o outro lado ficando de costas para os dois.

Eu sei que meu casamento não está bom, também sei que não é por falta de amor, eu o amo e sei que Patrick me ama. Mas acho que nos perdemos. Em algum momento, paramos de nos comunicar como um casal deveria se comunicar. 

- Bom dia Mamãe. - acordo com beijos no meu rosto, abro os olhos e vejo minha menina, com seus cabelos bagunçados e sua cara amassada. - o papai está fazendo panquecas. - ela sorri.

- bom dia meu anjo, como dormiu? - pergunto.

- eu dormi feito uma princesa! Ainda acordei com a senhora e o papai na cama, eu amei muito. - diz e me abraça.

- Que bom que gostou, filha. - falo. - Já escovou os dentes?

- não, estava esperando a senhora acordar. - sorri sapeca.

- Então, trate de ir. Não queremos cáries por aqui. - falo tocando em sua bochecha. Ela faz careta, pula da cama e sai correndo.

Me levanto e vou até o banheiro, escovo meus dentes e lavo o rosto. Saio do quarto e vou até o de Manu para ver se ela precisa de ajuda, mas quando chego lá a babá já estava a ajudando. Saio do seu quarto e desço as escadas indo para a cozinha.

Assim que entro vejo Patrick apenas de bermuda, com um pano do ombro,  conversando com Mary, a nossa cozinheira.

- Bom dia Mary. - falo chamando a atenção dos dois.

- Bom dia dona Ellen, a senhora vai querer algo específico?

- o que fizer vai estar ótimo pra mim. - falo passando pelos dois.

- Bom dia. - Patrick fala olhando para mim. Dou um sorriso e aceno com a a cabeça.

- Bom, já que os senhores não vão querer nada, e nem precisar da minha ajuda, estou indo ao mercado. - Mary fala.

- chame Antony para ir com você Mary, sabe que não é bom ir sozinha. - falo e ela concorda saindo da cozinha.

- Será que vamos poder conversar agora? - Patrick pergunta desligando o fogo.

- Ok, fale o que tem a dizer. - encosto na bancada e cruzo os braços.

- Não dá mais para viver assim, Ellen. Temos que arranjar um jeito, de dar certo. Não nos falamos, não nos tocamos, mal nos olhamos. Um casamento não é assim.. - não o deixo terminar de falar.

- Eu sei disso, por isso acho melhor o divórcio. - falo sentindo minha garganta trancar.

- O que? Quer mesmo isso? - pergunta, vejo seus olhos encherem de lágrimas. - não me ama mais?

- Patrick, um casamento não é feito só do amor. Você sabe que eu te amo, e eu sei que vc me ama. Mas não dá mais. - deixo uma lágrima grossa escorrer pelo meu rosto.

- tem certeza que é isso mesmo que quer? - pergunta.

- É o ideal. Manuela já vai descer, conversamos melhor depois do café. - sugiro.

Patrick ia falar mais alguma coisa, mas Manuela chega na cozinha correndo.

- quero panqueca! - Ela diz sorrindo. - vocês estavam chorando? - pergunta.

- claro que não querida, seu pai deixou uma panqueca queimar, a fumaça irritou os nossos olhos.

- mas aqui nem está com cheiro. - diz.

- quer panquecas? Essas aqui estão boas. - falo mudando de assunto.

- Sim. Com suco de morango, por favor!

Vou até a geladeira e pego seu suco, de canto de olho vejo Patrick sair da cozinha.

Continua..

Não revisei e nem vou, beijinhos.

Amor? - Dempeo Onde histórias criam vida. Descubra agora