O sol naquela região tropical enfurecia-se rapidamente, e estaria um calor infernal se não fosse um vento norte soprando forte naquela manhã de estio do estado do Rio de Janeiro, clima perfeito para turistas ricos e empolgados com praias e passeios aquáticos. Viera até ali para um almoço de negócios sob as águas do Atlântico as margens da ilha grande, em um belo iate de luxo de dois motores com três andares, comportando uma confortável piscina. A reunião fora dos cenários convencionais, estava marcada para o meio dia, faltavam três horas para o encontro acontecer com uma negociadora importante pare seus negócios. Ela fez questão de adiantar-se para sozinha, apreciar a fresca brisa vinda com o cheiro das margens que chegavam úmidas e embriagantes em suas narinas, a mulher adorava sentir o frescor das águas vinda do mar numa manhã alegre como aquela, na qual se via pássaros voando baixo sob o lindo céu azul.Estar naquele lugar, naquelas primeiras horas da manhã, a reportava para tempos passados onde memórias da infância povoavam o seu cérebro com imagens de uma garotinha alegre e alheia aos perigos da vida. Naqueles tempos, fora verdadeiramente feliz. Contemplando o horizonte matutino, recordava-se dos pais, quando ainda estavam vivos e faziam viagens com duração de até uma semana pela costa litorânea brasileira, sem ninguém para importuna-los ou se quer localiza-los. Aquela recordação era muito antiga, faziam mais de vinte anos, mas, era aconchegante e tranquilizadora voltar alguns minutos no tempo. Sempre que podia, fazia questão de aproveitar seu belo iate para ficar um tempo sozinha no mar.
Ela gostava de sair só, mesmo sendo desaprovada por sua equipe de segurança, os quais andavam em seus rastros como cães farejadores dia e noite. No entanto, arrumava uma maneira de escapar para aproveitar ao máximo sua liberdade, gostava de viver como se não houvesse amanhã, acreditava mesmo que o amanhã poderia não mais existir, que a vida a existência só se faz jus até respirarmos. Céu e inferno tratava-se de uma desculpa inventada pela humanidade em oposição ao fim da vida terrena. Chegava a pensar na possibilidade de um acidente nuclear ou um meteoro varrer a terra e ela nunca mais acordar depois de deitar-se na cama após um dia exaustivo, então, porque não sentir intensamente cada momento? O meteoro, o acidente nuclear ou qualquer outra maneira extinguir a vida, resumia-se em uma metáfora para sua própria vida perigosa, pois sabia que poderia morrer na cama com um tiro no meio da testa, mesmo sua casa assemelhar-se a uma verdadeira fortaleza, contando com os mais modernos dispositivos de segurança desenvolvidos pelo ser humano, além do seu pessoal de tocaia dia e noite.
Vestia-se formalmente, com um conjunto de terninho de grife cinza, um salto scarpin e uma pequena bolsa preta de lado que estava sobre uma mesinha quase no meio do convés. A mulher inspirava o ar embriagante trazido sabe-se lá por quantos quilômetros, enquanto Ray Charles em volume máximo ressoava sendo levada para longe pelo vento forte e ensurdecedor. Era bom ficar ali, se não fosse a rotina de trabalho, ficaria ali tranquilamente, em presença de sua companhia. Novamente encheu os pulmões com o gostoso ar, nada podia tirar-lhe aquele momento de paz, o dia estava sem igual, olhou o céu e sorriu, teve a impressão de ouvir algum barulho atrás de si, mas o ignorou, queria esvaziar a mente antes do trabalho começar, portanto, fechou os olhos e tudo ficou escuro.
Ela abriu os olhos lentamente, a cabeça doía como se estivesse levado uma pancada forte. Tentou levantar-se afastando a cabeça 7 cm da cama macia, porém, caiu de volta gemendo de dor, o que a fez deixar escapar um gritinho estridente de sofrimento. Olhou para o teto na tentava de identificar o local, porém, este era totalmente novo, não se tratava de nenhuma de suas casas. Fechou os olhos para tomar coragem e suportar a tortura em sua nuca, inspirou profundamente e forçou para levantar-se apoiando os dois cotovelos na cama para pegar impulso. A maldita dor era insuportável.
— Calma, calma, eu ajudo você. — disse gentilmente o dono de uma voz calma e pacifica, que a tocou as com mãos delicadas, macias e finas.
No mesmo instante, ela abriu os olhos ao ouvir o som daquela voz melodiosa e desconhecida. Sua visão foi preenchida por uma figura masculina que a olhava ternamente. Não identificou perigo naquele olhar acolhedor, no entanto, não anulou a possibilidade de um. O homem chegará junto a ela na cama num piscar de olhos ao que concluiu, surgido não se sabe de onde. Provavelmente estava no quarto vigiando-a, foi a conclusão que chegou de acordo com seu imediato raciocínio em busca de tentar entender tudo aquilo.
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Rainhas do tráfico
AdventureSophia e Anjo ou Angel são parentes, duas figuras rivais herdeiras da máfia brasileira que dividiram os negócios da família ao meio por se odiarem mortalmente. No entanto, a rivalidade não impediu que as transações e alianças permanecessem para o co...