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capítulo 9 - 2013

Paris, França • 2013

Nica já estava na França há 6 meses, Giselle já havia se tornado sua melhor companhia na época. Iam para todos os lugares juntas. Bebiam, jantavam, visitavam os pontos turísticos que Nica tanto se encantava. Nica estava encantada com tudo em Paris, inclusive com Giselle. A castanha nunca havia se sentido tão atraída por alguém naquela altura, mas Angel era diferente. Ela parecia perfeita. Era linda, inteligente, engraçada. Na época, era tudo.

Tudo em Giselle Angel fazia Nica Pierce surpirar apaixonada. Seus cabelos cacheados e pretos, sua pele pálida, suas sardas e seus olhos cor de mel, seus lábios vermelhos e seu sorriso perfeito. Estava caidinha.

Mas Nica tinha medo, sabia que sua mãe não aprovaria. Sarah sempre fora tão protetora, Nica nunca teve namorado, muito menos namorada. Aos olhos de Sarah, a filha não se apaixonaria por ninguém até que ela deixasse. Mas pensar assim era ridículo, claro.

Passou-se mais 6 meses desde então, Sarah disse que estava mais que na hora de partir de Paris. Mas a Pierce não queria ir embora. Não estava nos planos deixar Angelique - apelido dado pela própria Nica - naquele momento. Pediu para sua mãe deixá-la ficar. Deu motivos. Disse que queria estudar fotografia e arte, com relutância, Sarah concordou.

E, apartir daí, começariam os anos de terror da vida de Nica Pierce.

No começo, tudo era muito mágico. Poucas semanas depois que Sarah havia partido da França, Nica mudou-se para o apartamento de Giselle - escolha precipitada, mas na época era brilhante.

Dias depois, Nica pediu Giselle em namoro. Era uma história linda, ambas apaixonadas, confiantes e orgulhosas do que tinham conquistado juntas. Ou nem tanto assim.

Nica realmente prosseguiu com os estudos, finalmente havia achado algo que amava; fotografia.
E ela estava feliz com suas escolhas. Até certo ponto.

Algo que Giselle não havia revelado nos primeiros meses de amizade e relacionamento era que ela tinha graves problemas de controle e mudanças de humor repentinas. Mas, convivendo com ela por quatro meses seguidos, Nica começou a perceber que não a conhecia tão bem assim.

Giselle se mostrou uma pessoa agressiva e rude.

E Nica ignorou, no começo. Mas o que se chamava de discussões passou a ser brigas sérias. O que se denominava amor se tornou tortura psicológica.

Giselle era insana e escondeu isso de Nica. Mas era tarde demais.

As traições de Giselle eram cada vez mais constantes e seus ataques a saúde mental de Nica pioravam cada vez mais. A francesa fez a castanha pensar que dependia dela para sobreviver. Por isso, quando Nica ameaçava terminar o relacionamento e ir embora da França, Angel a trancava em casa e a deixava lá por dias, sozinha.

Haviam momentos onde Giselle se mostrava a menina que Nica havia conhecido no começo e a perdoava por tudo, mas bastava um deslize para que ela se tornasse um pesadelo novamente.

Os gritos pela casa era ensurdecedor, Giselle nunca estava estática, principalmente quando estava brava. Ela quebrava as coisas, gritava com Nica e a xingava. Depois pedia desculpas, implorava de joelhos para que Nica a perdoasse, chorava aos prantos pedindo perdão. Nica estava sem forças e apenas aceitava tudo aquilo.

O ápice de Nica foi quando Giselle ameaçou a vida de sua sobrinha, - que, na época, era apenas uma criancinha - em uma briga onde a francesa agrediu fisicamente a castanha e a impediu de usar sua cadeira de rodas, a privando também de qualquer tipo de contato com a família por dias.

Por sorte, Sarah, na época, extremamente preocupada, voltou á Paris para saber da filha, que não atendia mais os telefonemas. Encontrando Nica em um estado alarmante. Não estava fisicamente machucada - na verdade estava sim, mas não tinha hematomas nem sangue -, mas seu rosto demonstrava o semblante de alguém afetado mentalmente. Nica não conseguia falar, nem chorar, nem gritar, nada. Ela nem se mexia.

Foi enviada para uma clínica para um tratamento mais aprofundado, passou por psicólogos e psiquiatras. Meses depois, teve uma parada cardíaca, descobrindo seus problemas cardíacos pouquíssimo tempo depois.

Nica nunca se recuperou totalmente dos traumas e o nome de Angel se tornou um gatilho, a causando pânico só de ouvir. Por esse motivo, passou anos sem se relacionar amorosamente com alguém.

Sarah solicitou uma medida protetiva contra Giselle, que por ordem judicial, não poderia estar mais de 6 metros próxima de Nica. Algo que foi cumprido por anos até certo momento.