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Sanzu abriu o portão que estava encostado e entrou, percebi que ele tinha um olho roxo e inchado.

- Mikey te bateu de novo? - perguntei e ri pelo nariz.

- não, não. Foi outra briga. - ele disse simples. - e você só viu uma briga minha e de Mikey, em outras brigas que nós tivemos, a maioria ele apanhou.

- ah, claro que sim, imagino. - falei sem colocar muita fé no que o Rosado havia dito.

- você está duvidando? - ele perguntou arqueando apenas uma sobrancelha e o vi ficar irritado.

- eu não. - falei fazendo um movimento com minhas mãos.

- ah bom. - ele disse e sentou-se ao meu lado.

- porque vocês não largam esse mundinho? Isso só proporciona desgraça... - falei, por fim. Estava entalado.

- essa é a minha vida agora, Ash. É a chance de eu não ser mais um idiota invisível, de as pessoas me respeitarem...

- idiota você continua sendo. - falei simples.

- não dá mais para conversar com você sem sentir vontade de te dar um tiro. - ele disse irritado com o meu comentário, apenas o olhei.

- Sanzu, você é... ERA uma das melhores pessoas que eu conheço ou conhecia, você não precisa disso, não precisa entrar em brigas ou machucar alguém para mostrar que é o melhor.

- mas nós gangsters não somos totalmente ruins. - ele disse.

- me dê um exemplo. - falei.

- ok, então... Se nós vermos, por exemplo, um homem assaltando uma velhinha, nós estouramos a cabeça dele. - ele disse indiferente.

- e aí, vocês ficam com a bolsa dela, né? - fui sarcástica.

- claro que não, Ashley. - ele disse. - nós devolvemos a bolsa, só ficamos com o que tem dentro.

Puta que pariu, eu não tinha ouvido isso. Não sabia se Sanzu estava brincando ou falando sério. Ah, claro, segunda opção.

- que horror, Sanzu. - falei apavorada e ele riu. - você caiu no meu conceito completamente agora.

- pois é, pequena Benson. - odiava quando ele me chamava assim. - essa é minha nova e divertida vida, drogas, festas, sexo, assaltos... Enfim, ser livre. - se isso era ser livre, eu preferia estar em uma prisão perpétua.

Eu não estava acreditando em toda aquela mudança, eu estava falando com alguém que nunca havia conhecido, nunca.

- vá embora por favor, e só volte quando o verdadeiro Sanzu voltar. - falei segurando o choro.

Ele não falou mais nada, apenas levantou-se indo em direção ao portão, assim que ele saiu, ele virou-se e disse:

- eu te amo, pequena Benson. Eu sempre te amei, mas eu não mereço você, não mais.

Pronto, perdi toda linha de raciocínio, fiquei sentada ali mais algum tempo ainda sem acreditar no que acabará de ouvir, não só quando Sanzu disse que me amava, mas todas as outras merdas que ele falou. Eu tentava me acalmar, eu juro, mas estava sendo impossível.

Fiquei ali por mais uma hora, até esperei meu pai chegar, mas como ele não chegou e eu estava muito cansada pois havia sido um dia e tanto, eu resolvi entrar.

Fui direto para o quarto e me joguei em minha cama, era dela de quem eu realmente precisava. Me perdi em meus pensamentos e acabei dormindo.

O celular despertou e eu acordei super feliz. Mentira, voltei a dormir, até o celular despertar de novo e eu acordar assustada tendo em minha mente que eu estava completamente atrasada. Levantei correndo, tropeçando em tudo quanto é coisa até chegar no banheiro, onde tomei o banho mais rápido da minha vida e me vesti com a primeira roupa que vi em minha frente, sendo que a parte de baixo era minha calça de pijama. Troquei, é claro.

Me atrasando mais ainda. Sem contar que ainda tinha a parte das escadas, e eu não podia fazer isso correndo, se não...

Saí de casa e dei de cara com Biah que estava prestes a bater na porta.

- vamos. - falei ofegante. - estamos atrasadas.

- bom dia pra você também e... Você viu mesmo que horas são? - ela perguntou e a resposta era não, peguei meu celular para ver que horas realmente eram e, nossa, como eu sou burra, eu não estava atrasada. Ri de mim mesma.

- eu falei pra você maneirar nas ervas. - ela brincou, logo caindo na gargalhada. - está andando com Mikey, é? - ela riu mais uma vez.

- ok, eu mereço todas essas risadas. - me rendi. - mas agora, entre no carro madame. - falei e Biah fez o que eu havia pedido.

- então é verdade mesmo que o Sr. Gostoso Manjiro lindo maravilhoso está prestando serviço na nossa escola? - ela tocou no assunto depois de nós termos ficado em silêncio por algum tempo enquanto eu dirigia.

- tudo isso é o nome dele? Legal...

- é sério, Ash...

- sim, é verdade e Chloe já está louca para fisgar o peixe. - falei.

- até porque ela é uma piranha, né. - Biah disse retocando o batom e eu ri, até perceber que ela me observava. - o que foi? - perguntei.

- nada. - ela disse.

- fala, Beatriz.

- não me chame assim, parece que você quer arrancar o meu fígado. - ela disse.

- eca, porque tem que ser logo o seu fígado? - ela riu. - mas é sério, fala.

- é que, sei lá, você está estranha nesses últimos meses, como se estivesse escondendo algo... Eu te conheço melhor do que ninguém, Ashley. - engoli em seco.

- eu não estou escondendo nada. - menti... De novo.

- sim, você está e eu suponho que você me conte. - ah claro, até porque era uma coisa super simples, tão simples que eu preferia me jogar do décimo andar do que contar.

- é complicado, Biah... - falei cabisbaixa.

- melhores amigas, certo? - ela queria uma afirmação, respirei fundo, sentindo a dor de mentir pra ela.

- certo. - sorri. - mas outra hora, agora nós chegamos. - para a minha salvação.

A primeira aula era biologia e haveria dois períodos, a professora deu um trabalho enorme e chato, o que fez esses dois períodos passarem em 10 anos. O próximo período era educação física.

- droga. - murmurei ao lembrar que Mikey ajudaria o professor Robson. O que era desnecessário. Ajudar com o que? O professor Robson deve ter 1,80cm, é musculoso pra caramba, o cara poderia lutar com um urso que o urso pediria piedade (se ursos falassem, claro... ) ... Ok, não, esse é o Chuck Norris. Mas mesmo assim.

Fomos para o vestiário colocar as roupas aptas para a aula e eu achava um pouco vulgar as roupas que a escola oferecia, marcava todas as curvas. Geralmente as escolas querem que você mostre o menos possível. Vesti uma regata super justa que levava do lado esquerdo o símbolo da escola e uma bermuda preta, um pouco acima do joelho e justa que deixava minha bunda em um tamanho anormal, eu me sentia desconfortável. Estávamos indo a caminho da quadra, mas eu dei uma rápida desviada e fui tomar uma água.

- já volto, Biah. - falei e saí correndo.

Assim que dobrei o corredor onde ficava o bebedouro, dei de cara com uma coisa dura, passei a mão em minha testa onde estava doendo, tentando visualizar no que eu havia batido. Droga, peitoral do professor Robson.

- ops. - falei e dei um sorrisinho a ele.

- porque não está na quadra me esperando com todos da turma? - ele perguntou sério. Ele me dava medo.

- é que eu desviei o caminho rápidão, pois estou com sede. Será que eu posso tomar uma água antes? - usei minha simpatia puxada lá do fundo.

- ok, sem problema, senhorita Ashley. - ele disse me dando um olhar malicioso. - você deu uma grande evoluída ao decorrer dos anos. - era gordinha antes. - gostei de ver. - ele disse e saiu.

É sério, esquece o bebedouro, preciso de uma privada para vomitar. Eca.

- esse "elogio" que ele te deu, poderia causar grandes problemas ao mesmo. - Mikey surgiu das cinzas, só pode.

- não te ensinaram que ficar ouvindo a conversa dos outros é feio? - revirei meus olhos e me abaixei um pouco para beber a água, eles deveriam fazer bebedouros mais altos.

- mas acho que vou ter que concordar com aquele professor. - ele disse abrindo os braços insinuando que minha bunda era grande. - você realmente evoluiu.

- ah é, seu idiota? - cruzei os braços parando frente a ele. - você nem sabe como eu era ano passado. - o encarei, olhando firmemente em seus belos olhos.

- tem certeza? Ah, como é mesmo? Ashley Benson, né? - ele disse e eu revirei os olhos novamente.

- senhorita Ashley pra você. - dei um sorriso falso e Mikey chegou mais perto.

- sonha. - ele disse e molhou os lábios com a língua involuntariamente, o que me fez sentir uma certa... Excitação. Acho que é essa a palavra, infelizmente. - e sim, eu sei como você era ano passado, ano retrasado e assim vai... Ou você acha que eu não percebia você e sua amiguinha com os olhares perdidos em mim? - ele fortaleceu seu ego.

- ha-ha-ha. - ri irônica. - eu não babava em você, mas infelizmente, minha amiga sim, confesso.

- mas mesmo assim, eu achava você desinteressante mesmo. - ele implicou.

- realmente, as coisas mudaram né, Sano. - dei ênfase em seu sobrenome e pude ver desejo em seus olhos. Tentei sair andando, mas ele me impediu.

- nenhuma garota vira as costas para mim. - ele me puxou para mais perto ainda, fazendo eu sentir seu peitoral, em seguida deu uma mordida de leve em meus lábios, e quando ele foi me beijar, fui mais rápida e saí.

- pois é, mas sempre tem uma primeira vez... Acho que eu disse isso a você ontem. - pisquei para ele e fui correndo pra quadra.

- agora turma. - o professor Robson falava quando eu cheguei, Mikey chegou um pouco depois de mim. - separem os times, faremos uma pequena partida de handboll. - o professor separou os times, eu e Biah ficamos no mesmo, claro. - Manjiro, você fica no time de Biah, pois faltará goleiro. - droga, Mikey ficaria no time de Biah.

E Mads estava no meu time. Mikey sorriu e piscou para mim discretamente com aquele seu jeito debochado.

Pude ver os garotos da turma irem para a outra quadra praticar basquete e me perguntei se Mikey não queria ir com eles.

Estava 3x0 pro meu time, até que Manjiro prestava como goleiro, para alguma coisa tinha que prestar. Enquanto tentava pegar a bola que estava no domínio de Lívia, uma garota do time oposto, Chloe surgiu do nada e eu esbarrei nela a derrubando sem querer.

- você fez de propósito! - ela gritou apontando para mim.

- isso é um jogo, coisas assim acontecem. Que garota ridícula. - falei.

- você se machucou? - o professor perguntou.

- sim... - ela disse com a voz super fina se fazendo de coitada. - meu pézinho está doendo. - vontade de dar um tapa na cara dela e dizer: "seja homem". - acho que Manjiro vai ter que me levar para a enfermaria. - óbvio que ela iria se aproveitar da situação. - Sano, me ajuda por favor. - ela disse esticando os braços para ele, como aqueles bebês que querem ir pro colo.

Manjiro foi até ela com uma cara tipo: "essa vai ser fácil de comer". Nojo total. Os dois saíram, o jogo continuou, nós ganhamos.

Sentei no ginásio afim de descansar e Biah veio correndo igual a uma louca e se sentando ao meu lado.

- caramba, eu não acredito, ele está trabalhando aqui mesmo.

- ah, e eu ia mentir sobre uma tragédia dessas? - perguntei.

- ué, vai saber...

Vou ser totalmente sincera, eu sentia que tinha algo a mais para falar com Manjiro, havia dúvidas que eu queria esclarecer, sobre esses troços de gangue aí e também sobre esse seu novo emprego na escola. "Ou será que é só mais um pretexto para você falar com ele?" Meu subconsciente soprou, fazendo eu gritar um "cala a boca".

- tudo bem com você? - perguntou Biah, dando uma risadinha.

- sim. - respondi sem graça.

- mesmo? - Chifuyu, que havia se juntado a nós perguntou.

- sim, caramba. - falei meio nervosa.

- ok, mantenha a calma. - pediu Biah.

As aulas passaram lentamente, como sempre, e logo bateu o sinal para sermos liberados daquele inferno. Cujo o demônio agora era Mikey. Esperei Biah guardar seu material, o que levou cerca de uns 30 anos mais ou menos, e fomos embora.

Cheguei em casa e fiz o mesmo de sempre: comi, tomei um banho e tirei um cochilo. Sonhei que Mikey e Sanzu estavam se casando e Baji invadiu a igreja dando tiros pra cima.

Mas logo acordei assustada ouvindo uma certa gritaria e não pude desfrutar mais do meu maravilhoso sonho. Levantei rapidamente da cama e fui até a sacada do meu quarto afim de ver o que estava acontecendo, e puta merda, de novo não...~

- Mas que porra é essa?

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Possessive | Manjiro SanoOnde histórias criam vida. Descubra agora